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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
O Peso da Camisa
Se domingo foi o dia derradeiro da competição mais importante do futebol brasileiro com as definições de dois rebaixados e de algumas vagas à Sul-Americana 2015, o campeonato terminou cerca de 20 horas mais cedo para quatro equipes:
Corinthians, Criciúma, Figueirense e o meu Internacional.
Corinthians e Internacional disputavam uma vaga direta à fase de grupos da Libertadores da América 2015, quem terminasse na frente seria dispensado da chamada pré-Libertadores, um par de jogos eliminatórios que, historicamente, estragam o ano dos times ao interromper férias e pré-temporada das equipes que se classificam para a seletiva.
Criciúma, já rebaixado, enfrentava o Corinthians em São Paulo, o Figueirense, lutando por uma vaga à Sul-Americana (e apenas isso?) recebia o Colorado em Florianópolis em um jogo que mudou de data e de sede menos de uma semana antes de sua realização em mais um vexatório esforço da CBF para beneficiar o alvinegro paulista no final do Brasileirão 2015.
A exemplo do que já havia acontecido nas constrangedoras decisões do STJD, que estranhamente jamais prejudicam o Corinthians não importa se um jogador atuou sem contrato em vigor, não importa se ele esmurrou o árbitro, a CBF decidiu alterar a data da partida do Corinthians á pedido da Polícia Militar de São Paulo que julgava não dispôr pessoal suficiente para policiar os jogos de Corinthians no Itaquerão e de Palmeiras no Allianz Parque em horários simultâneos, com isso, a partida entre Figueirense e Inter, também foi alterada, mas mais profundamente.
O jogo que não interessava ao Figueirense, havia sido vendido á um grupo de empresários que realizaria a partida em Chapecó, norte de Santa Catarina, colônia gaúcha no estado barriga-verde onde haveria grande quantidade de Colorados que encheriam a Arena Condá.
Com uma grande quantidade de ingressos já vendidos, a alteração de local e de data que fere o Estatuto do Torcedor, causou estragos em toda a logística do Internacional para a partida.
O Colorado não teria como viajar a Chapecó em tempo hábil a menos que fizesse um voo mais longo com escala em Campinas, de modo que o jogo voltou à Florianópolis, casa do Figueirense.
Dentro de campo, o Inter foi, novamente, mal escalado pelo técnico Abel Braga, que apesar de estar à frente do Internacional há praticamente um ano, parece ser incapaz de definir uma forma de jogar para o Inter. O Colorado tocou a bola sem objetividade, os três zagueiros mostraram-se mal posicionados, os laterais não souberam fazer o papel de alas, e os armadores armaram muito pouco, tudo igual que em havia sido ao longo de todo o ano.
O Internacional entrou em campo mal armado, jogou mal, saiu perdendo logo no início do segundo tempo e passou mais de meia hora à mercê da cera do time do Argel enquanto Abel conseguia a proeza de piorar o time conforme mexia, tirando os zagueiros e armadores e colocando mais atacantes em campo.
O Inter fez o gol de empate com Rafael Moura no que talvez tenha sido o primeiro escanteio bem cobrado do Inter no ano, e o empate não servia ao Inter já que o Corinthians, claro, vencia o Criciúma rebaixado jogando em casa.
E eis que, aos 50 minutos, quando já entrávamos no segundo acréscimo dado pelo árbitro depois de expulsar um jogador do Inter e outro do time da casa, Paulão lança pra área, Wellington Silva domina e bate para, numa falha do goleiro Tiago Volpe, o Inter virar o marcador, igualando o resultado e o número de pontos do Corinthians, mas terminando à frente do rival paulista nos critérios de desempate.
Percebeu o nível do resultado do Inter?
Gol de Rafael Moura, artilheiro bissexto do Inter em cobrança de escanteio, lançamento de Paulão, e gol de Wellington Silva, o lateral-direito que não marca, não ataca, não cruza...
A exemplo do que aconteceu muitas, muitas e muitas vezes ao longo do ano, o Internacional venceu, não na qualidade individual, pois havia muito pouca em campo quando da virada.
Tampouco a vitória foi conquistada graças à tática, pois os gols saíram no desespero, ao apagar das luzes, quando toda aplicação dá lugar à vontade e até ao desespero.
O Inter arrancou esses três pontos do Figueirense no abafa, graças ao peso da camisa.
Um time sem a centenária história vitoriosa do Internacional não teria virado aquele marcador adverso mesmo se estivesse jogado bem, que se dirá jogando patavina como o Inter fez ao longo de todo o ano de 2014.
A vitória do Inter no sábado foi metafísica, mística, xamânica... Como se os grandes ídolos do passado não pudessem permitir que o Internacional fosse derrotado (de novo) pelo Figueirense, e para evitar novo fiasco entrassem em campo e empurrassem jogadores do presente além de suas limitações técnicas e intelectuais.
Como explicar a gloriosa bicicleta de Paulão contra o Goiás?
Os gols de Fabrício contra Atlético Mineiro e Palmeiras?
Como encontrar nexo nesse absoluto acaso senão com a influência invisível de homens como Alfeu e Oreco dentro do campo sussurrando palavras boas e verdadeiras nos ouvidos dos titulares de hoje?
Claro...
O futebol brasileiro está sucateado... Com times nivelados por baixo donde qualquer coisa, por esdrúxula que seja, pode acontecer.
O Inter conseguiu ser derrotado em casa pelo Vitória da Bahia, levou uma vexatória goleada desse mesmo Figueirense dentro de casa. Foi goleado por Chapecoense e grêmio mostrando que a histórica fragilidade contra os pequenos continuava preocupante, para piorar, não conseguiu vencer nenhum dos adversários do G-4 nenhuma vez!
Analisando friamente, um time que apanha dos pequenos e dos grandes, nem sequer merecia se classificar à Libertadores...
Mas ainda assim, a camisa rubra envergada por homens como Tesourinha, Carlitos, Larry, Salvador, Figueroa e Falcão pesou... E foi ela, a camisa, quem conseguiu a vaga à Libertadores.
A camisa do Inter, sozinha, foi capaz de classificar. Então, que o nosso novo presidente, seja ele quem for, ajude essa camisa gloriosa, e coloque dentro dela um time que a honre. Que a mereça. E que seja digno de fazer parte dessa História.
Só precisamos de um pouco de esforço.
Um pouco de qualidade.
Um pouco de aplicação.
O trabalho duro, a camisa faz.
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