E chegou o momento que é, ao mesmo tempo, um dos mais indigestos e um dos mais divertidos do ano:
A hora de repassar as piores porcarias que ganharam as salas de cinema, as locadoras e até a programação da TV a cabo neste ano de nosso senhor de 2014.
O trabalho de seleção é complicado, para cada bom filme que surge nas telonas e telinhas do Brasil saem pelo menos dez outros filmes que não valem a película em que foram filmados, nem todos nos interessam, porém.
Pra figurar no top 10 negativo, o ideal é que o filme não seja uma porcaria declarada como Machete Mata, por exemplo...
Um pouco de hype, e aquela qualidade da porcaria que não se percebe como porcaria são sempre bem vindos.
Vamos à lista, então:
10 - Transformers - A Era da Extinção
A cada Transformers que passa fica mais claro que Michael Bay deveria ter largado o osso ainda antes de Transformers - A Vingança dos Fallen.
O segundo filme da "quadrilogia" já era apenas histeria mas ainda era assistível e acenava com alguma evolução dos personagens, do terceiro em diante parece que cada filme é uma mistura de sequência com reboot com mais personagens humanos desinteressantes roubando a atenção dos robôs que são, afinal de contas, o que nós pagamos pra ver.
Nesse A Era da Extinção, o samba do robô gigante doido continua com uma trama chata e idiota que envolve um Mark Wahlberg cientista (pfff...), robôs dinossauro e Nicola Peltz, que não engraxa os scarpins da Rosie Huntington-Whiteley, imagine, então, da Megan Fox, numa sequência de cenas de ação confusas e borradas que não deixam a audiência entender o que está havendo pra conduzir uma história pela qual ninguém se interessa...
9 - Sabotagem
O longa de David Ayer estrelado por Arnold Schwarzenegger podia ser um filme policial digno.
Não o é.
Forçado pelo estúdio a reduzir o tempo de projeção e encaixar algumas cenas de ação que fizessem justiça ao nome do astro austríaco, David Ayer entregou um filme longo, apressado e mal ajambrado com elenco excessivamente numeroso, que já começa confuso, e só se enrola conforme caminha para um final totalmente insatisfatório.
8 - Transcendence - A Revolução
Martin Pfister fez uma interessante carreira como diretor de fotografia. Parceiro habitual de Christopher Nolan, o novato conseguiu reunir um time de respeito para su primeir trabalho na cadeira de diretor.
Morgan Freeman, Rebecca Hall, Cillian Murphy, Paul Bettany e Johnny Depp estão lá, perfilados para contar a história do cientista que morre para ser ressuscitado como uma inteligência artificial que adquire mais e mais poderes conforme evolui transcendendo o próprio conceito de vida!
Pretensioso, chato e desnecessário, Transcendence deve colocar Pfister de volta na carreira de cinematógrafo por mais algum tempo, quem sabe após meditar um pouco entre filtros de luz ele descobre onde errou e faz um filme que não cause bocejos.
7 - 13° Distrito - Brick Mansions
Além de ter ceifado a vida de um sujeito boa pinta e boa gente, o acidente fatal que vitimou Paul Walker também fez com que esse filme porcaria chegasse às salas de cinema no Brasil.
Não fosse a tragédia de Walker, e esse descartável remake da fita de ação francesa de mesmo título teria sido lançada direto em DVD e olhe lá.
No longa Walker é Damien Collier, especialista em infiltrações de alto risco que é escalado para entrar no bairro dominado pelo crime de Detroit e resgatar uma bomba atômica em poder do chefão do crime Tremaine Alexander (RZA) com a ajuda do fora-da-lei de bom coração Lino (David Belle, co-estrela da versão francesa, aqui, dublado por Vin Diesel).
Porcaria é pouco.
Com atuações canhestras, sequências de ação apenas OK, e um final extremamente indulgente para com o traficante de RZA, 13° Distrito - Brick Mansions consegue ser pior que a sequência do original francês.
6 - O Apocalipse
Nicolas Cage está falido. Ele levou um golpe milionário do contador e a sua situação ficou tão apertada que ele teve até que vender parte de sua coleção de gibis. Quem coleciona gibis sabe o tipo de dor que Nick sentiu tendo que fazer isso.
Pior do que vender sua coleção de gibis foi ser obrigado a aceitar qualquer proposta de emprego.
Após três anos, já não sei se essa desculpa se aplica, pois não há crise financeira que explique o ator indicado ao Oscar aceitar aparecer em coisas como esse O Apocalipse, remake de um filme evangélico porqueira chamado "Left Behind", em que Cage é o marido infiel de uma crente boazinha (Lea Thompson), e após o início do arrebatamento, quando Deus recolhe os bons para o Céu de modo a poupá-los da atribulação do apocalipse, se vê abandonado na Terra junto com a filha rebelde (Cassi Thomson) enquanto pilota um avião de Nova York para Londres, uma viagem da qual pode não conseguir voltar sem ajuda!
Nada funciona no filme, e o talentoso Nic Cage mostra, outra vez, que não tem nenhum critério compreensível na hora de escolher seus trabalhos, exceto o tamanho do pagamento.
5 - Pompéia
Paul W. S. Anderson é um mistério pra mim. Eu não consigo entender como é que as pessoas continuam assistindo aos filmes dele no cinema.
Alguém deve assistir aos filmes dele no cinema, outrossim os estúdios não continuariam financiando seus devaneios tridimensionais desprovidos de alma.
Filmes como o sofrível Os Três Mosqueteiros, a desgraçada série Resident Evil e este Pompéia, que tenta emular uma mistura de Titanic com Roland Emmerich ao mostrar a história de amor proibido entre um escravo gladiador (Kit Harrington, de Game of Thrones) e uma nobre romana (Emily Browning) que é pano de fundo para uma trama de vingança em meio à derradeira erupção do monte vesúvio que culminou na devastação da cidade de Pompéia.
Lixo puro, o longa de Anderson é tão chato que nem os efeitos visuais e a histeria da tragédia natural o tornam divertido.
A única ansiedade que o filme gera é a esperança de que acabe logo.
4 - Frankenstein - Entre Anjos e Demônios
Filhote de Crepúsculo e precursor de Drácula - A História Nunca Contada este Frankenstein - Entre Anjos e Demônios é uma bomba sem precedentes que coloca a criatura de Victor Von Frankenstein como um herói relutante e desconfiado pego no meio de uma guerra milenar entre demônios das profundezas do inferno e uma raça de anjos gárgulas que protegem a humanidade em segredo.
Tiro no pé de Aaron Eckhart, o filme não decola, tem cenas de ação sonolentas, emula o visual de Anjos da Noite e ainda torna o clássico monstro da literatura um galã renitente chamado Adam.
Desperdício do talento de Bill Nighy e da beleza de Ivonne Strahovski, pra ser ruim, precisaria melhorar, e bastante.
3 - RoboCop
RoboCop, de Paul Verhoeven simplesmente não precisava de um remake.
Assista ao filme hoje de noite e é fácil de perceber que, se os efeitos visuais envelheceram bastante, a trama do longa continua sendo incrivelmente atual, e preocupantemente profética.
Talvez o fato de o grosso da audiência de hoje ser idiota como aquela retratada no longa metragem original seja a principal razão para diluir tudo o que existe de grave e verdadeiro no brutal filme de 1987.
Na trama de 2014 o detetive Alex Murphy é transformado em uma mistura de homem e máquina após um atentado criminoso para burlar a lei que proíbe o uso de drones em solo americano.
Servindo apenas para dar rosto à máquina de patrulhar as ruas da OCP, Murphy tenta desesperadamente sobrepujar a programação de modo a encontrar os homens que tentaram matá-lo.
Cheio de ideias válidas que são absolutamente ignoradas na execução do filme, sem cenas de ação minimamente interessantes, e com atores operando em piloto-automático, o novo RoboCop é uma tremenda bomba que existe apenas para prestar um desserviço ao sensacional filme original.
2 - Hércules - A Lenda Começa
Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! Que filme horrível!!!
O Hércules do diretor Reny Harlin é tão, mas tão, mas tão ruim que eu confesso que ele só não está em primeiro lugar nessa lista porque o investimento no longa foi obviamente abaixo de zero.
Defeitos especiais de fazer inveja às produções do canal Sci-Fi, atuações absolutamente constrangedoras de um elenco encabeçado por Kellan Lutz, que tem talento dramático inversamente proporcional ao tamanho de seus bíceps avantajados, e esse Hércules - A Lenda Começa é tão ruim que vira até motivo de chacota no Hércules de Dwayne Johnson, que está longe de ser uma maravilha.
A história do príncipe Alcides, filho adotivo do malvado rei Anfitrião e de como ele aceita seu papel de semi-deus para reencontrar o amor é tão tenebrosamente mal escrita, dirigida e atuada que chega a ser risível.
Eu já disse e repito:
Assista apenas se a alternativa for ter os olhos arrancados das órbitas com uma colher suja de sal.
1 - 300 - A Ascensão do Império
Foi fácil escolher o pior do ano.
Cheio de hype, com um trailer embalado por uma ótima música, alardeando o retorno dos guerreiros gregos de vontade pétrea que sacolejaram o cinema com seus cuecões de couro e a tecnologia da previsão do tempo em 2006, 300 - A Ascensão do Império tinha tudo pra ser, pelo menos, um filme divertido.
O 300 original havia sido, afinal de contas. O longa de Zack Snyder baseado na HQ de Frank Miller baseada no filme Os 300 de Esparta podia ter todos os defeitos do mundo, mas era divertido.
A sequência, porém, demorou séculos a ganhar corpo, e quando ganhou, a única coisa que se salva no longa é justamente o corpaço de Eva Green e seus seios épicos, de resto, é tudo descartável, mal ajambrado, mal feito e chato no filme que se passa antes, durante e após os eventos do original.
Escrito e produzido por Zack Snyder, A Ascensão do Império fez os fãs de Batman e Superman sentirem um calafrio na espinha, e torcerem para que Snyder estivesse dormindo ou ocupado escrevendo Batman v Superman enquanto defecou o script do longa dirigido de maneira canhestra por Noam Murro.
Conseguindo a proeza de, não apenas não ter nada de bom, mas ainda contradizer fatos do filme anterior, 300 - A Ascensão do Império figura com justiça no topo deste ranking.
Lembre-se de passar longe, ou assistir apenas por curiosidade mórbida.
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