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quinta-feira, 8 de outubro de 2015
Ás Vezes Cansa
Ás vezes cansa.
Ás vezes as pessoas cansam. Ás vezes as pessoas te cansam. Ás vezes as pessoas me cansam. Ás vezes odiar as pessoas cansa. Ás vezes o ódio se exaure. Como aquela estupidamente perigosa latinha de milho em conserva com álcool em chamas aquecendo o banheiro durante o inverno... Chega um momento em que o combustível foi consumido. Em que o ódio queimou brilhante e quente demais por muito tempo, e sem um evento, sem pompa e nem circunstância, ele simplesmente termina.
Ás vezes o ódio acaba.
Ás vezes o ódio se consome no próprio calor e o que sobra são apenas resquícios. Cinzas.
As cinzas do meu ódio pelas pessoas são o desapontamento.
Encontrei meu ápice, o zênite da temperatura do queimar do meu ódio pela espécie humana, ao presenciar uma vexatória cena daquelas que te fazem questionar o adágio popular que diz que é melhor ver certas coisas do que ser cego.
Eu vou ter que confessar que não tenho certeza de que não valia a pena ser cego, hoje de manhã.
Senti aquela veia da testa pulsando sob a pele do cenho franzido por vários instantes, tentando não olhar e continuar concentrado no que estava fazendo, mas um espetáculo mórbido de síntese do que é o ser humano se desenrolava quase diante dos meus olhos de modo que a curiosidade científica venceu minhas reservas e eu olhei, disfarçadamente, fingindo que olhava pro meu computador. Foi absolutamente súbito o desvanecer da raiva, foi em um átimo que ela se transmutou em alguma outra coisa.
Algo que eu levei uma fração de segundo pra compreender e identificar.
Vergonha alheia.
Aquele sentimento de constrangimento por duas pessoas que parecem incapazes de identificar o tamanho do próprio prepóstero, e que olham altivos para os demais como se fossem cheios de dignidade e garbo.
Uma súbita compreensão de que a humanidade é do jeito que é, não por ser ruim pela própria natureza (e ela é), não de maneira calculada aos mínimos detalhes, não por malícia e melífluo pensados e premeditados, mas apenas por ignorância.
O ser humano é incapaz de perceber o próprio ridículo. O dano que causa. O papel que assume no testemunho da própria história.
E isso não é combustível pra ódio.
Apenas para escarnecimento, constrangimento e comiseração.
Eu não posso prometer que amanhã ou depois, meu ódio pela humanidade não será novamente aceso por algum ato torpe de grande magnitude dessa triste raça que empesteia o planeta. Mas até lá... Até lá, apenas vergonha alheia.
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