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quinta-feira, 29 de outubro de 2015
Resenha Cinema: Sicario - Terra de Ninguém
A sequência de abertura de Sicario - Terra de Ninguém, já deixa bem claro como será o resto do longa.
O recado é dado pelo diretor Denis Villeneuve, de Incêndios, Os Suspeitos e O Homem Duplicado, com uma sequência de ação, onde a agente do FBI Kate Macer (Emily Blunt) e sua equipe, invadem uma casa no subúrbio de Chandler, no Arizona á procura de uma vítima de um sequestro. A ação crua que se segue não resulta na libertação de um refém, mas leva à descoberta de um defunto emparedado na casa, e uma breve investigação, logo apresenta dezenas de cadáveres ocultos nas paredes da residência.
Enquanto a equipe de Kate e a polícia local periciam a casa, uma bomba explode, matando dois agentes e deixando claro que a violência dos cartéis de Juarez, México, cruzou a fronteira.
A tenacidade e liderança de Kate chamam a atenção de um esforço inter-agências, e ela é pessoalmente escolhida por um funcionário do Departamento de Justiça (ou seria da CIA?) chamado Matt Graver (Josh Brolin).
Matt convida Kate a participar da força-tarefa que sairá no encalço dos responsáveis pela morte dos agentes, e ela, contrariando os avisos de seus chefe Dave Jennings (Victor Garber), mergulha de cabeça na possibilidade de encontrar os responsáveis pela armadilha.
Kate segue Matt e seu misterioso companheiro Alejandro (Benicio Del Toro) aguardam Kate em uma base aérea, de onde ela acredita estar indo para El Paso, no Texas, mas na verdade ela e a equipe estão cruzando a fronteira rumo a Juarez, território dos cartéis, para apreender um chefão do tráfico, e levá-lo aos EUA.
Essa sequência, sozinha, já vale o ingresso de Sicario. Após apanhar o pacote, o comboio é forçado a parar na fronteira entre México e Estados Unidos, cada carro ao redor dos SUVs pretos do DEA e da Força Delta são soldados do tráfico em potencial. A tensão escala em um ritmo vertiginoso, e culmina com um tiroteio cru e brutal, que contraria tudo o que Kate sabe a respeito de procedimentos para confrontação armada em meio a civis.
Questionando toda a natureza da operação na qual se envolveu, Kate logo descobre que já se aprofundou demais no mundo de Matt e Alejandro para sair, ainda mais a partir do momento em que se tornou, ela própria, um alvo para os traficantes.
Mais do que isso, a agente percebe que, saltar do barco, a deixaria sem entender o verdadeiro propósito da operação em que se envolveu.
Cabe a Kate dançar conforme a música, e com seu parceiro Reggie (Daniel Kuluyya), tentar sobreviver ao arriscado movimento vindouro.
Ótimo filme.
Denis Villeneuve manja do riscado. O diretor de Incêndios e Os Suspeitos já tinha deixado bem claro no longa estrelado por Hugh Jackman que sabe como conduzir um thriller e criar uma atmosfera de tensão.
Ainda que o roteiro de Taylor Sheridan tenha alguns equívocos no tocante ao desenvolvimento da protagonista (Kate não tem, na verdade, nenhuma espécie de crescimento ao longo da história) e problemas de ritmo (o segundo ato se arrasta como uma lesma), o filme se sustenta graças à tensão palpável de certas cenas.
Tudo o que acontece na sequência da fronteira, por exemplo, tem uma construção brilhante de atmosfera em detalhes que vão dos corpos dependurados nas ruas à constante expressão de confusão de Kate, tudo amparado pela edição de Joe Walker e a fotografia esperta de Roger Deakins.
Além da parte técnica acima da média, há um excelente trabalho de elenco. Emily Blunt manda bem, se a ideia do roteiro é demonstrar uma personagem central humana, forte e frágil na mesma nota, envolvida em um jogo além de sua compreensão, e ainda assim, disposta a seguir as regras e permanecer em paz com sua consciência, essa personagem só não se torna enfadonha porque a atriz britânica lhe dá lastro.
Josh Brolin também está ótimo. Ainda que abaixo do seu trabalho como o policial Bigfoot Christensen em Vício Inerente, o agente Matt Graver dá o recado como o grande escroto que sabe infinitamente mais do que quer compartilhar, e parece sentir prazer em conduzir os outros pelo escuro aos tropeços.
Ainda assim, por melhores que estejam Blunt e Brolin, o dono do filme é Benicio Del Toro.
O ator porto-riquenho entrega sua melhor atuação em anos. Alejandro é uma presença magnética na tela, e seus gestos econômicos e tom de voz murmurante característicos do ator deixam claro que há algo prestes a explodir no personagem que, ao final do longa, tem seu verdadeiro propósito explicado, e mostra que a audiência esteve olhando a história pelo prisma errado todo o tempo. Nesse momento, Sicario retoma o ritmo apresentado no primeiro ato, e se torna um ótimo filme. Um filme sobre a constante ameaça de explosões de violência, e sobre escolher o menor de dois males.
Vale muito a ida ao cinema.
"-Você está me perguntando como um relógio funciona. Por enquanto, apenas olhe a hora."
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Esse filme e bom. O diretor Denis Villeneuve é ótimo. Revisei a trajetória do diretor e me impressiona que os seus trabalhos tenham tanto êxito. No ano passado eu amei Blade Runner por que usou elementos clássicos dos filmes do gênero. Eu li no Blade Runner resumo que foi um filme com muito sucesso. Mais que filme de ação, é um filme de suspense, todo o tempo tem a sua atenção e você fica preso no sofá. Pessoalmente gostei muito da história por que não é tão previsível como outras. É algo muito diferente ao que estávamos acostumados a ver. Se ainda não viu, eu recomendo amplamente, vocês vão gostar com certeza. Para uma tarde de lazer é uma boa opção.
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