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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Resenha DVD: A Espiã Que Sabia de Menos


Escrevi, um tempo atrás, que havia perdido a pena da Melissa McCarthy após ver Tammy, empreendimento da atriz gorducha onde ela deixara claro que não tinha lá muito auto-respeito e nem pudores em explorar a própria faceta da gorda sem-noção em nome de fazer uns trocados e umas risadas. Estive em vias de recuperar, se não a pena, o respeito por ela após ver Um Santo Vizinho, onde McCarthy faz um trabalho respeitavelmente comedido no papel da mãe solteira que é obrigada a apelar para o vizinho insuportável vivido por Bill Murray para não deixar o filho à mercê de seus horários de trabalho deveras puxados.
Na madrugada passada, assisti a esse A Espiã Que Sabia de Menos, onde McCarthy se reúne ao diretor Paul Feig, com quem trabalhou em Missão Madrinha de Casamento e As Bem Armadas, e que tenta acrescentar a faceta de heroína de ação ao repertório da comediante.
No longa conhecemos o agente Bradley Fine (Jude Law), típico gentleman spy da CIA, sempre envolvido em missões de altíssimo risco que incluem tiroteios, lutas corpo-a-corpo e flerte descarado com belas mulheres além do convívio constante com a morte e, o que poucos sabem, a voz da analista da agência Susan Cooper (McCarthy), em seu ouvido dando-lhe o walk-through em cada um de seus trabalhos.
Após uma falha levar à morte do negociante de armas Tihomir Boyanov, que planeja vender um artefato nuclear ao terrorista checheno Solsa Dudaev (Richard Brake), Bradley é enviado no encalço da filha do contrabandista, Rayna (A bonitona Rose Byrne), única fonte capaz de confirmar a localização da bomba, mas é surpreendido pela vilã, e morto.
Além disso, Rayna deixa claro que conhece as identidades dos agentes top da CIA, e promete matar qualquer um que se aproximar dela e tentar impedi-la de concretizar a negociação.
Sem nenhum agente de campo para enviar no encalço de Zayna, a chefe da CIA Elaine Crocker (Alisson Janney) aceita o risco de enviar a novata Susan na missão, contrariando a veemente oposição do agente Rick Ford (Jason Statham), que à revelia das ordens da chefe, resolve seguir Susan pela Europa, enquanto ela, com a ajuda da colega analista Nancy Artingstall (Miranda Hart), acompanha os passos de Zayna, se atolando cada vez mais fundo em uma missão muito além do que ela se julgava capaz de encarar.
Então... Como todos os filmes protagonizados pela Melissa McCarthy, A Espiã Que Sabia de Menos também tem seus momentos de fazer rir. É virtualmente impossível assistir duas horas de um filme do Paul Feig e não esboçar ao menos um sorriso, a menos que tu esteja muito de mal com a vida ou seja muito chato.
Ainda assim, A Espiã Que Sabia de Menos tem ao menos um problema grave:
A história é basicamente uma cópia feminista do subestimado Agente 86, com Steve Carell e Anne Hathaway. Estão lá os agentes de campo top expostos, o analista indo pro campo, o artefato nuclear nas mãos de uma organização criminosa...
Outro problema é que, ainda que seja uma comédia rasgada, volta e meia o longa acena com um ensaio de verdadeira sensação de perigo e suspense, e nesses momentos, por mais que a tua suspensão de descrença esteja em dia, fica difícil engolir todas as habilidades da rechonchuda Melissa McCarthy, fazendo o filme se perder um pouco na mensagem "girl power".
Excetuando-se essas questões, o longa consegue divertir.
Jude Law está bem como o agente Fine, a altona e desengonçada Miranda Hart tem seus momentos como a altona e desengonçada Nancy Artingtall e Jason Statham está hilário no papel do histérico Rick Ford, especialmente quando começa a declamar todas as situações extremas em que já esteve, brincando de maneira impiedosa com a própria imagem de action hero.
Além deles, Peter Serafinowicz arranca algumas risadas como o contato italiano de Susan, agente Aldo, enquanto Bobby Cannavale, Morena Baccarin e a lindaça Nargis Fakhri, pouco aparecem. O fogo é centrado, mesmo, em McCarthy, e Byrne, e na relação entre as duas, cada uma a seu modo, mulheres tentando vencer em um mundo de homens. Se é bacana ver uma comédia besteirol tentar se elevar com uma mensagem de fundo como essa, ao mesmo tempo, não deixa de ser brochante que isso ainda precise ser feito, e da forma como é no filme de Feig.
A Agente 99 de Anne Hathaway, e a Viúva Negra de Scarlett Johansson já haviam conseguido dar esse recado de maneira mais sutil. Ainda assim, se tu só quer matar duas horas e dar umas risadas, A Espiã Que Sabia de Menos é uma boa pedida. Não valia um ingresso de cinema, mas certamente vale a locação.

"-Você realmente acha que está pronta para o campo? Uma vez eu usei desfibriladores em mim mesmo. Coloquei cacos de vidro na porra do meu olho. Saltei de um arranha-céu usando apenas um casaco como pára-quedas e quebrei as duas pernas na aterrissagem; Ainda tive que fingir que estava em uma porra de número do Cirque du Soleil! Eu engoli microships e caguei microships suficientes para construir um computador. Este braço foi arrancado completamente, e reimplantado com essa porra de braço.
-Eu não sei se isso é possível... Quero dizer medicamente...
-Durante uma ameaça de assassinato, eu apareci convincentemente diante do congresso como Barack Obama.
-Pintado de preto? Isso é inapropriado.
-Eu vi a mulher que eu amo ser arremessada de um avião e atropelada por outro avião em pleno ar. Eu dirigi um carro pra fora da rodovia para cima de um trem enquanto pegava fogo. Não o carro, eu, estava pegando fogo.
-Jesus, você é intenso."

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