Hoje, dia 15 de outubro, é dia do professor. E nada mais justo do que uma singela homenagem a esses profissionais que, todos os dias, têm de lidar com uma turba de completos imbecis nas salas de aula, à medida em que as novas gerações são cada vez menos dotadas intelectualmente do que a anterior, em um país que acha que ser grosso, estúpido, ignorante e mal-educado é bonito.
Deixando de lado a amargura, a decepção e a misantropia, bora pra mais um infame top-10 Casa do Capita, dedicado aos personagens de celuloide que são aqueles professores que todos nós gostaríamos de ter tido numa sala de aula de verdade.
10 - Dewey Finn (Escola de Rock, Richard Linklater, 2003)
Dewey Finn (Jack Black) é um roqueiro fracassado. Seu amor pela música, purismo e excesso de auto-confiança o tornaram um estorvo para sua banda, que o chutou. Acossado pela namorada do amigo com quem divide um apartamento para pagar sua metade do aluguel, Dewey está prestes a ser expulso de casa quando resolve assumir, na surdina e sem nenhuma qualificação, uma vaga de professor temporário oferecida ao seu colega. Ao chegar ao colégio Horace Green, Dewey percebe que as crianças a quem finge lecionar podem ser muito mais do que apenas um ligeiro desafogo financeiro. Os talentosos moleques, se bem orientados, podem se tornar sua nova banda!
Ainda que seus motivos sejam bastante egoístas, qualquer um capaz de enxergar o talento de jovens musicistas em formação e transformá-los em uma banda de rock de verdade merece o seu crédito de professor, especialmente quando o sujeito é um incontrolável Jack Black distribuindo impagáveis lições sobre a história do Rock'n roll.
9 - Freddy Shoop (Curso de Férias, Carl Reiner, 1987)
O professor de educação física Freddy Shoop (Mark Harmon) está tão ansioso pelas férias quanto seus alunos. Ele literalmente conta os segundos para se ver livre de suas obrigações e poder curtir férias no Havaí com sua namorada. Infelizmente, para Shoop, o professor de inglês do curso de verão ganha na loteria e se demite, deixando um buraco na grade que precisa ser preenchido. Sobra para Freddy a obrigação de fazer uma classe de rejeitados, cabeças-duras e miolo-moles passar em um exame de inglês básico.
Outro exemplo de professor que inicialmente direcionado por seus próprios motivos (Shoop só encara o desafio por medo de perder a estabilidade), Freddy Shoop acaba se afeiçoando aos seus alunos, e realmente os ensinando usando métodos alternativos que incluem saídas de campo, filmes não convencionais (como O Massacre da Serra Elétrica) e até realizar trocas de favores por estudos de seus alunos, que eventualmente, apresentam melhor verdadeira em seus desempenhos acadêmicos.
8 - Senhor Miyagi (Karatê Kid, John G. Avildsen, 1984)
Daniel Larusso se muda de Nova Jérsei para a Califórnia com sua mãe, e não tarda a perceber que é difícil se enturmar com a turma de fortões das praias locais. Perseguido pelos valentões lutadores de caratê liderados pelo bully-chefe Johnny, Daniel descobre que sua única chance de acabar com o tormento é contra-atacar, mas de quê forma?
É quando surge o jardineiro Sr. Miyagi (Pat Morita, indicado ao Oscar), que não apenas derrota a meia-dúzia de adolescentes que atacam Daniel, mas também se prontifica a ensiná-lo a lutar o verdadeiro caratê.
Ainda que, a princípio, Daniel não seja capaz de entender as lições não-convencionais de Miyagi, ele logo percebe que coisas mundanas como encerar à direita, encerar à esquerda e pintar a cerca podem se tornar inestimáveis treinos de artes marciais.
7 - Dr. Henry Jones Jr. (Os Caçadores da Arca Perdida, Steven Spielberg, 1981)
Arqueólogo, professor e aventureiro, Indiana Jones (Harrison Ford) enfrenta uma corrida contra as forças de Adolf Hitler e seu rival Rene Belloq tentando impedi-los de encontrar a Arca da Aliança e usar seu poder como uma arma.
Ainda que os vislumbres de Indy na sala de aula sejam breves, é inegável que seus alunos o levam a sério, dispondo-se a se amontoarem à porta de seu escritório em busca de respostas às suas perguntas.
O conhecimento enciclopédico do Dr. Jones a respeito de línguas e culturas extintas e sua inteligência aguçada para resolver enigmas certamente o tornariam um tremendo docente, e sua experiência pessoal sem dúvida renderia aulas sensacionais.
Não bastasse tudo isso, qualquer professor que usa seu tempo livre para resgatar relíquias perdidas, enfrentar os nazistas e salvar o mundo é um professor cujas aulas valeriam a presença.
6 - Katherine Watson (O Sorriso de Mona Lisa, Mike Newell, 2003)
Nos anos 50, a recém formada professora Katherine Ann Watson (Julia Roberts) começa seu trabalho como professora de História da arte na conservadora Academia Wellesley. Seu amor por seu trabalho apenas se equipara a seu amor por suas estudantes, garotas que parecem estar apenas matando tempo até encontrar o homem certo e se casarem. Conforme Katherine cria um indelével laço com suas alunas, ela não consegue deixar de pensar que as meninas estão desperdiçando seu verdadeiro potencial.
A feminista e modernosa (especialmente para os anos 50) senhorita Watson luta para ensinar à suas alunas uma lição que vai muito além da arte, a de quê casamento e carreira, não são mutuamente excludentes.
5 - Charles Xavier (X-Men, Bryan Singer, 2000)
Em um futuro não muito distante, humanos e mutantes temem uns aos outros, criando uma tensão racial com terrível potencial para a guerra. Nesse cenário, Magneto, um poderoso terrorista mutante líder da Irmandade, planeja um atentado sem precedentes. Opondo-se a Magneto, estão os X-Men, jovens mutantes que além de super-heróis, são professores no Instituto Xavier Para Jovens Super-Dotados, uma instituição idealizada pelo professor Charles Xavier (Patrick Stewart) que serve de abrigo e escola para jovens mutantes perseguidos por um mundo que os teme e odeia.
O Professor X promove os direitos dos mutantes, é uma das maiores mentes e um dos grandes visionários do universo Marvel, e um incansável promotor da paz. Precisa de alguma outra razão para ele estar nessa lista?
4 - John Keating (Sociedade dos Poetas Mortos, Peter Weir, 1989)
O terrivelmente tímido Todd Anderson é enviado ao mesmo internato onde seu irmão mais velho obteve grande sucesso acadêmico. Seu colega de quarto, Neil, um rapaz popular e brilhante, vive à sombra dos desígnios de seu pai austero, junto a outros colegas, os dois conhecem o professor Kating (Robin Williams), novo professor de inglês, que lhes fala a respeito da Sociedade dos Poetas Mortos, e os encoraja a enfrentar o status quo no qual todos se veem presos. Cada um a seu modo, os alunos de Keating seguem seus conselhos, e mudam suas vidas.
O extrovertido Keating é o tipo de professor que apenas alunos idiotas não gostariam de ter. O sujeito que sobe na mesa, rasga capítulos inteiros de livros, e encoraja seus alunos a aprenderem mais do que as aulas oferecem é um professor de que todas as escolas do mundo poderiam se valer.
3 - Joe Clark (Meu Mestre, Minha Vida, John G. Avildsen, 1989)
O tirânico e não-ortodoxo professor Joe Clark (Morgan Freeman, vencedor do Los Angeles Film Critics Association Award e do Image Award de melhor ator) retorna à antiga escola de onde fora demitido anos antes para encontrá-la muito diferente do idílico espaço de estudos de onde saíra, transformada em um antro de abuso de drogas, violência de gangues e desespero de excluídos urbanos. Determinado a mudar o panorama da instituição, Joe resolve melhorar a escola custe o que custar, doa a quem doer.
Eventualmente, seus bem-sucedidos esforços, galgados em métodos controversos (que incluíram a expulsão de trezentos alunos) o colocam em rota de colisão com as autoridades educacionais que ameaçam desfazer todo o seu trabalho.
Joe Clark pode parecer um tremendo cuzão. Azedo, tirânico e enxerido, mas era exatamente o que o colégio Eastside precisava. Um sujeito disposto a fazer o que fosse necessário para devolver à instituição seu verdadeiro propósito, o de ensinar.
2 - Louanne Johnson (Mentes Perigosas, John N. Smith, 1995)
Ex-fuzileira naval, Louanne Johnson (Michelle Pfeiffer, deslumbrante) acaba de se divorciar do marido. Sem muita ideia do que fazer, consegue um emprego temporário como professora de inglês, realizando um sonho antigo.
O colégio onde ela passa a lecionar, porém, localiza-se em uma parte pobre da cidade, sendo frequentado por alunos negros e latinos da periferia, jovens em situação de risco que não estão interessadas em literatura, e não lhe oferecem a melhor das recepções.
Mas Louanne é uma militar, uma batalhadora, e não tarda a apostar em métodos alternativos de ensino, usando caratê e letras de Bob Dylan para ensinar inglês e literatura, além de ganhar sua atenção e sua confiança.
Talvez o melhor filme estilo "professor x alunos durões", Mentes Perigosas consegue esse posto graças à Michelle Pfeiffer, que mesmo linda de morrer convence como alguém que não se entrega, e faz das tripas coração para realizar o sonho de ensinar. A professora de inglês que nunca desiste de nenhum aluno, que encara tudo sozinha matando no peito, e que repensa suas decisões sobre abandonar o ensino porque os alunos lhe "deram doces e chamaram de luz" é o sonho de consumo de qualquer instituição de ensino.
1 - Glenn Holland (Mr. Holland - Adorável Professor, Stephen Herek, 1995)
Glenn Holland (Richard Dreyfuss) é um músico, compositor frustrado que resolve aceitar um emprego de professor de música no colégio local para pagar o aluguel do apartamento onde vive com a esposa e, no tempo livre, se dedicar ao seu verdadeiro objetivo: Compôr a grande ópera americana.
Conforme os anos passam, Holland vai descobrindo que a vida não leva em consideração os seus planos, e eventualmente percebe que dividir a sua contagiante paixão pela música com as centenas de crianças que cruzam seu caminho, pode ser uma forma de deixar uma marca ainda mais profunda no mundo do que seria compôr uma grande sinfonia.
Eu sou um fã declarado de histórias de redenção, e a forma como Glenn Holland vai de professor desinteressado e mecânico à mestre apaixonado e dedicado a seus alunos, é tocante demais para eu deixá-lo de fora do topo da lista. Que algumas das palavras da ex-aluna, Gertrude Lang expliquem porque Glenn Holland ganhou essa deferência de um nerd que, só de ler o texto, ficou de olhos marejados:
"Não há uma vida nesta sala que o senhor não tenha tocado, e cada um de nós é uma pessoa melhor por sua causa. Nós somos sua sinfonia, Sr. Holland. Nós somos as melodias e as notas de sua obra. Nós somos a música de sua vida.".
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