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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Astonishing X-Men, a redenção de Ciclope.
Vamos falar de quadrinhos, afinal, é uma das coisas sobre as quais falamos na casa do Capita.
Ontem li um post da Hipólita a respeito do Ciclope no blog Garota dos Quadrinhos, então reli o encadernado Surpreendentes X-Men, compilação das primeiras doze edições da dupla Joss Whedon e John Cassaday à frente do título mutante (e um achado pra qualquer fã de quadrinhos) e resolvi trazer meu testemunho sobre o gibi, e sobre o personagem.
Os Surpreendentes X-Men é, provavelmente, a melhor série com um X na frente do título desde que Claremont e Byrne romperam sua parceria.
Todos os elementos que fizeram do mutantes da Marvel o sucesso que eles são hoje em várias mídias foram resgatados nesses gibis, está lá a ação vertiginosa, o destino da raça mutante nas mãos do super-grupo, as brigas e discussões entre os membros, viagens no espaço, e aquela pieguice meio folhetinesca que dá ao gibi um pouco mais de estofo no quesito coração.
A história do primeiro arco não precisa ser relembrada, ela até virou base (de forma meio porca.) pro filme X-Men 3, mas trata-se da ideia de uma cura mutante, no gibi "patrocinada" por um agente alienígena, e que coloca os X-Men em rota de colisão com a indústria farmacêutica que produz a fórmula, com Ord, o tal alien, e até alguns membros contra os outros, história bacana e que fica melhor ao vermos a excelente caracterização que Joss Whedon, roteirista egresso do cinema (Serenity - A Luta Pelo Amanhã) e principalmente da TV (Buffy - A Caça Vampiros, Angel, Dollhouse.) deu a cada um dos personagens lado a lado com o genial desenhista John Cassaday (De Planetary e Capitão-América.).
Kitty Pryde, a Lince-Negra, que na primeira edição retorna a equipe após alguns anos fora, fazendo parte do supertime de heróis britânicos X-Calibur, aparece mais madura do que a pentelhinha nervosa de suas primeiras participações na equipe, mas segue sendo esperta, compreensiva, a garota dos sonhos de qualquer nerd, e fazendo um papel muito maneiro, o de quem conhecia os X-Men, mas precisa redescobri-los nessa nova fase, entender a nova dinâmica da equipe e das relações entre os personagens e do super-grupo de heróis com a Escola Xavier, é muito legal ter uma personagem fazendo esse papel, já que muitos leitores, a exemplo de mim, estavam afastados dos mutantes há algum tempo (no meu caso, desde a fase Claremont/Lee, nos anos noventa.).
Kitty tem rusgas com Emma Frost, a Rainha Branca, que surge como um fetiche quente/frio, não permitindo que Kitty (e os leitores) saibam se ela está sendo irônica, sarcástica, ou se está apenas exercitando um pouco da maldade que deixou pra trás ao se unir á equipe. Henry "Hank" MacCoy, o Fera, é uma vítima da própria genialidade, lutando contra sua natureza, cada vez mais bestial após suas mutações secundárias e experiências, um homem abraçando a lógica e a razão numa dicotomia que ás vezes chega a emocionar.
Logan, o Wolverine, preferido de sete em dez X-Fãs, está lá, pronto pra briga, destilando seu humor cáustico, mandando o politicamente correto lá pra casa do Capita, rasgando tudo e todos e sendo o melhor no que faz, que é ser um coadjuvante excelente, aliás, parabéns para Whedon, que entendeu isso, e soube dosar o Wolverine na série, dando-lhe momentos de brilho sem precisar fazer dele um protagonista obrigatório.
E, finalmente, Scott Summers, o Ciclope, líder da equipe, meu X-personagem favorito que encontra redenção nas páginas de Whedon.
O sub-aproveitado Scott "Slim" Summers finalmente ganha uma encarnação à altura, se no cinema, nos dois primeiros filmes ele foi um mero coadjuvante e no terceiro foi relegado a coadjuvante que morre nos primeiros minutos de projeção, em Surpreendentes X-Men ele assume o posto de líder máximo do supergrupo mais numeroso e poderoso da terra sem deixar margem para nenhuma dúvida de sua capacidade de fazê-lo.
Joss Whedon o retrata como uma pessoa insegura, cheia de grilos traumas, mas que, como um autêntico herói, supera todos os seus problemas pessoais para proteger seus amigos e sua raça, guiando os X-Men com perícia e autoridade (Quando ele "informa" aos companheiros que aqueles são o grupo que ele escolheu e era isso, fica claro como os membros do time o respeitam.) pelo tortuoso caminho rumo ao sonho de Xavier.
O herói preso atrás dos óculos de quartzo-rubi, uma espécie de coroinha para os fãs do rebelde Wolverine, vai amadurecendo ao longo das edições, sendo forçado por Emma Frost a encarar suas limitações, sua inveja de Logan, e o ciúme da falecida Jean Grey, até se tornar um líder importante o suficiente para proferir a famosa frase "A mim, meus X-Men.", numa página de encher os olhos num plot twist de fazer neguinho arfar de empolgação.
É, sem sombra de dúvida, uma série que merece ser lida, nem que seja pra aqueles que nunca leram um quadrinho dos mutantes na vida e queiram uma ideia de por que eles fazem tanto sucesso.
Surpreendentes X-Men é a quintessência do que são os X-Men.
"Hank é o mais articulado de nós, mas tudo o que as pessoas veem é uma fera. Emma é uma ex-vilã, Wolverine um selvagem. Eu? Eu posso liderar uma equipe, mas não olho ninguém nos olhos desde os quinze anos."
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