Eu não gosto de animações.
Não gosto, não sei explicar, mas elas não me agradam, assim como filmes de terror. Os filmes de terror pontuaram a minha infância, eu adorava Freddie Kruegger e Jason Vorhees quando era moleque, mas com o tempo (E o desenvolvimento de um senso crítico.) aprendi á apreciar mais em um filme do que a contagem de corpos e de litros de sangue cenográfico.
Mas não gosto de animações. Quem não me conhece poderia dizer que eu sou chato, quem me conhece poderia dizer que sou chato pra cacete, enfim, não gosto de animações. Vi Shrek quando passou na TV á cabo e não achei tudo isso, não curti Toy Story, nem Carros, achei As Bicicletas de Belleville chato demais e A Viagem de Chihiro me deu sono, e nem Wall-E me cativou como á toda a crítica.
Quando fui convidado para assistir UP, eu não estava exatamente empolgado, mas como todos iriam eu resolvi acompanhar a galera, também estava curioso pra ver o cinema 3-D, que á época eu não conhecia.
Então, pra deixar claro, eu, que não gosto de animações, mas alguns meses após assistir UP no cinemas, eu aluguei ele e assisti novamente nesse final de semana.
Up conta a história de Carl Fredricksen, ele é apresentado ainda menino, vibrando no cinema com as aventuras de Charles Muntz, explorador e aventureiro que, acompanhado de seus cachorros treinados em seu zepelin, o Espírito de Aventura, desbrava regiões remotas do mundo. Carl está deslumbrado pensando nas aventuras de Muntz quando conhece Ellie, a menina, também fã de Muntz, que sonha em conhecer o Paraíso das Cachoeiras e imediatamente cativa o guri. Daí pra frente, em uma sequência sem diálogos, vemos Carl e Ellie casando, montando sua casa, trabalhando, ela na ala Sul-Americana do Zoológico, Carl vendendo balões, a decisão de ter um filho, impedida pela infertilidade do casal, a vontade de viajar para a América do Sul, onde Ellie sonhava em viver sendo adiada pelas mazelas da vida cotidiana até Ellie, pouco antes de Carl resolver surpreendê-la com uma viagem á Venezuela, adoecer, e morrer.
Tudo isso mostrado de forma doce, mas sem meias palavras, eu uma sequência excelente de menos de dez minutos, talvez aí repouse um trunfo de UP, jamais tratar a audiência como idiota, um problema recorrente em animações e filmes voltados para platéias jovens de modo geral, mas não UP.
Logo depois, vemos Carl, solitário, meio rabugento, sob as vistas gananciosas de uma corporação que quer comprar sua casa para construir um complexo de arranha-céus, até que, num momento de descuido, ele fere um trabalhador da obra, é intimado e sentenciado á morar em um asilo.
Inconformado ele manda a prudência lá pra casa do Capita, prende milhares de balões na casa que dividia com Ellie e resolve navegá-la até o Paraíso das Cachoeiras para viver onde a esposa queria.
É quando entra em cena Russel, o moleque escoteiro que precisava ajudar um idoso para ganhar o último emblema que falta á sua coleção, e se escondeu na varanda de Carl, inadvertidamente o acompanhando em sua jornada.
Logo somos apresentados á vários personagens memoráveis, como a enorme ave Kevin, Dug, o cão falante (Mas não um desses cães falantes de desenhos tradicionais, quando Dug fala nós temos certeza de ouvir o que um cão diria se falasse nossa língua.), e Muntz e sua matilha.
UP é, além de divertido, tecnicamente impecável, e tocante e corajoso (Quem teria a ousadia de produzir um filme onde o personagem principal é um velhinho de 78 anos?), acima de tudo um filmaço, um dos quatro filmaços que vi nesse ano (Os outros foram Gran Torino, Bastardos Inglórios e Distrito 9.), e deve ser assistido, não importa se você tem 10, 20, 30 ou 90 anos.
Ah, se for alugar, assista a versão dublada, embora hajam nomes reconhecidos no elenco de dubladores originais em inglês, a versão em português lembra os bons tempos em que a dublagem brasileira era sempre excelente, e Chico Anysio dá show no papel de Carl.
"Eu me escondi embaixo da sua varanda por que eu te amo."
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