Ontem á noite me dirigi á uma das salas 3-D de Porto Alegre para ver Avatar, a última empreitada de James Cameron no cinema após um hiato de doze anos, desde sua coroação como Rei do Mundo após Titanic faturar assombrosos 1,8 bilhão de dólares nas bilheterias do mundo inteiro.
O longo período de trevas que afastou o trabalho do mestre da ficção científica e ação do público vinha sendo justificado por Cameron como o tempo que ele precisava para criar a tecnologia necessária para que Avatar pudesse se tornar realidade, ou, pelo menos, uma mentira crível.
Independente de ser verdade ou não, o tal hiato parece justificado antes mesmo de se encerrarem os duzentos e oitenta minutos de projeção de Avatar.
Na aventura, o planeta Pandora (Que de fato é uma lua de um planeta gigante gasoso.) é alvo do interesse de uma empresa de mineração da terra por ter seu solo rico em unobtânio, minério que vale 20 bilhões de dólares por quilo, os interesses terráqueos esbarram em uma série de problemas que vão desde a atmosfera venenosa de Pandora até os nativos locais, os Na'vi, um uma raça de pele azul, três metros de altura, com feições felinas, que não está satisfeita com a invasão do "povo do céu".
Neste cenário surge Jake Sully (Sam Worthington, carismático, convincente, caminhando para se tornar o grande action-hero do novo milênio.), fuzileiro naval confinado á uma cadeira de rodas que é convidado a tomar o lugar de seu irmão gêmeo, cientista assassinado em um assalto, no projeto Avatar.
O projeto, chefiado pela doutora Grace Augustine (Sigourney Weaver, competente como de praxe.) cria corpos misturando DNA humano e Na'vi que são "pilotados" pelas consciências dos terráqueos que, então, podem explorar a superfície de Pandora e negociar com os nativos.
Sully não é um cientista como seus colegas, é um militar, logo aliciado pelo Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang, de Inimigos Públicos, genial.), responsável pela segurança dos mineradores, para ganhar a confiança dos Na'vi e apontar suas fraquezas.
Jake, na pele de seu Avatar, conhece Neytiri (Zoë Saldaña, perfeita.), que o identifica como guerreiro, e o acolhe para aprender os costumes de seu povo com os Omaticaya.
Conforme experimenta a liberdade e o vigor do corpo Na'vi, conforme conhece o planeta Pandora e compreende o elo que liga os nativos á sua terra, Jake passa a questionar a operação da qual faz parte, e sua própria lealdade.
A história é repleta dos clichês comuns á todas as aventuras e ficções científicas, isso não é um demérito, tampouco significa que o filme não funciona. Isso não ocorre em momento algum. Desde que somos apresentados á Pandora e aos Na'vi, a sensação de imersão é total. Os efeitos especiais não são, por incrível que possa parecer, a estrela do filme, eles são um acessório extremamente bem utilizado para contar uma história, uma história de amor, não de Jake por Neytiri, nem de Jake por seu avatar e a liberdade que ele representa, mas sim do amor de um povo por sua terra. Pelo planeta com o qual eles têm um elo que os povos "civilizados" são incapazes de compreender.
Claro, esse belo discurso seria inócuo se Avatar, que tem um custo total estimado em 400 milhões de dólares, não fosse um tremendo produto. Um filme de ação competente (Quem viu Aliens - O Resgate, True Lies e O Exterminador do Futuro 2 sabe que Cameron jamais desaponta nesse quesito.), com efeitos especiais espetaculares como a incrível ambientação digital que dá vida á Pandora, ou a captura de performance que gera os nativos lhes dando todas as nuances de seus intérpretes (Os Na'vi em nada ficam devendo para Gollum, a melhor criatura digital da história do cinema, que finalmente encontra competidores á altura.) e capaz de arrastar multidões ao cinema.
No final das contas, Avatar é um comeback á altura da biografia de James Cameron, é um divisor de águas em termos de efeitos visuais (Chega das ambientações digitais mortas e alaranjadas que tanto vimos nos últimos anos.), mas acima de tudo, é um baita filme.
"Vocês não estão mais no Kansas, bem-vindos á Pandora."
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