Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
Pesquisar este blog
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Distância
O Alípio estava sentado no banco da praça pensando na Rejane. No que fazer. Estava confuso, agoniado. Não sabia, não conseguia saber o que fazer. Pensava:
São pequenas coisas, não são? São sempre elas, as pequenas coisas, no final das contas, que parecem fazer toda a diferença, e ganham uma proporção tão grande que chamá-las de "pequenas coisas", chega a ser risível.
Nós imaginamos que estamos bem, que estamos seguros, que está tudo sob controle, mas aí... Bom, digamos que nossa ilusão de segurança e controle é posta tão, mas tão a prova, que o doutor Banner ficaria orgulhoso do auto-controle que tu teve que demonstrar mais de uma vez em um período bem curto de tempo.
Por uma bobagem, uma coisinha. Um toque diferente, que causou uma sensação diferente. Um gesto, que em uma outra situação passaria despercebido, mas ali, naquele momento, naquela situação, fez toda a diferença.
Mas é uma estrada de duas mãos, não é? Que vai do proverbial Céu, aquele com "C" maiúsculo, ao inferno. E pequenas coisas também podem gerar o efeito mais reverso de todos. Aquele distanciamento, e aquela frieza que... Bom, meio que são a tua marca registrada, apesar de não ser algo que tu cultive por livre e espontânea vontade, mas enfim, tá ali, e é difícil de evitar. Ás vezes tu não quer ler nas entrelinhas, tu quer olhar pra lá e ver apenas espaços em branco, mesmo. Mas criaturas desconfiadas como tu não conseguem fazer isso, não é? É difícil se livrar de certos hábitos, especialmente quando ele se mostraram tão úteis e funcionais no passado. E aí elas aparecem, as minhocas que tu alimenta com vitaminas e sais minerais pra ficarem bem, mas bem gordas, poderosas e resistentes e entrarem na tua cabeça.
E tá tudo lá. Tudo o que alguém desconfiado como tu precisa pra bolar teorias conspiratórias. Nada mais perigoso que um visionário pessimista. E era isso que o Alício era. Um visionário pessimista. Ele imaginava cem cenários possíveis, todos eles com desfechos trágicos. O mais correto, pensava Alício, era manter a distância, aumentá-la se possível, aumentá-la e muito. Mas aí... Aí ele perderia algumas coisas, pequenas coisas, que vindas dela ganhavam toda uma outra dimensão.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
é, já dizia aquele maconheiro do Shakespeare ;'' nossas dúvidas são traídoras e nos fazem perdem o que com frequência poderíamos ganhar por simples medo de arriscar ''
ResponderExcluir