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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Segunda-feira


Despertador do celular toca ás oito. Oito, muito cedo... Mais cinco minutinhos. OK, a tecla soneca existe pra isso, pra mais cinco minutinhos... Ainda de olhos fechados, tu procura o celular embaixo do travesseiro, mas tu te mexeu demais dormindo, o lençol tá embolado, o despertador do celular toca em um crescendo, mas tu não consegue encontrar, pois ele deve estar perdido entre o lençol emaranhado, o travesseiro e a fronha, o toque, que começara baixo e agradável, começa a ficar cada vez mais alto, cada vez mais alto e estridente!
Tu abre os olhos, mas ainda está escuro, janelas fechadas, os olhos demoram a captar os arredores, é só aquele barulho, aquele maldito barulho! Te remexe, se põe de bruços, puxa o lençol, ele tranca em alguma coisa, puxa o lençol com mais força, ainda trancado, dá um único e vigoroso puxão, sente o lençol se rasgar sob o teu joelho, estava puxando o lençol errado.
Aquele toque infernal agora berra sob as cobertas. Joga o travesseiro no chão, se levanta rápido, derruba o abajour de cima do criado mundo com o braço, ele se quebra, tu amaldiçoa a própria falta de jeito, se põe de pé, bate o joelho na guarnição da cama quando se curva para averiguar as cobertas, grita um impropério que faria um estivador corar de vergonha, agarra o lençol e o sacode sobre a cama, mas o maldito celular não cai, ele não cai, ele continua oculto gritando cada vez mais alto como se zombasse de ti, o desgraçado!
Colérico, tu mexe o colchão sobre o lastro da cama, é ali que o miserável do telefone deve estar, com a mão na frente da boca, rindo feito um macaco! Com um movimento vigoroso tu consegue arrancar o colchão de cima da cama, deixando-o atravessado sobre o lastro, mas o telefone não está ali, também, ele permanece berrando feito um filhote de animal silvestre sob tortura.
Tu te agacha, deve ter caído sob a cama, muito escuro, aquele desgraçado não devia estar com o display ligado, emitindo luz?
Ainda com o som estridente nos ouvidos tu te embrenha sob a cama, mas ele não está lá, ele não está lá. Tu sai, calcula mal a largura da cama sobre si, e ao se levantar bate violentamente com a nuca na guarnição, com tanta força que movimenta a cama. Novo impropério. Sai de sob a cama, nota que ela parece ter sido atingida pela ira de um deus vingativo e bagunceiro. O barulho permanece. Cada vez mais alto.
Dentro da fronha, é lá que o endiabrado aparelho deve estar tocando sua sinfonia de desespero!
Tu te joga no chão, rindo como um assassino serial que vai se regalar com mais uma vítima, abra a fronha e puxa o travesseiro para fora dela com violência, rasgando-o e espalhando plumas em volta da cama, la está ele, berrando em desespero. Aperta a tecla central, desligando-o.
Paz, afinal... Deitado no chão encara o teto. Ainda é cedo, mas com a frequência cardíaca como está tu não voltará a dormir. De pé, olha a zona de desastre em que o quarto se transformou.
"Claro", tu pensa. "É segunda-feira...".

2 comentários:

  1. hahahahha você acaba de explicar exatamente como aparecem todos esses hematomas em minhas canelas !! A diferença é que ísso ocorre comigo na segunda, na terça, na quarta....

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  2. Gostaria de saber porque isso não acontece com minha irmã, uma virginiana!!! Acho que isso é privilégio de poucos!
    Acho que teríamos que fazer uma sociedade dos atrapalhados, dorminhocos e super desorganizados!
    Afinal, coordenar tudo isso, se machucar, estressar e sobreviver, é algo pra se tornar conhecido pela sociedade, e digo mais, reconhecido por ela!!

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