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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Rapidinhas do Capita Noel


Uma vez eu vi uma estrela cadente. Estava sentado na calçada da casa de praia da minha família, lá na Rainha do Mar, enrolado em uma coberta com minhas primas e as amigas dela. Tinha duas meninas, a Mariana e a Luíza, que deviam ter algum tipo de parentesco com a gente, sei lá, primas em décimo quarto grau por parte de trisavô, ou algo que o valha, que veraneavam na casa ao lado. Elas estavam lá, também. E eu era louco pelas duas. Sério. As duas, igualmente. Sonhava em namorar com elas, embora, aos nove anos de idade, minha ideia de namoro fosse bastante vaga. Ainda assim, eu nutria essa atração pelas duas. O engraçado é que, olhando em perspectiva, nenhuma delas era tão bonita assim... A Mariana talvez fosse, mas não era nenhum deslumbre... Talvez fosse por que elas eram mais velhas, deviam ter quatorze e dezesseis anos, acho, e me tratassem bem, conversavam comigo como se eu fosse um "adulto" da idade delas.
Engraçado como a gente só enxerga estrelas cadentes quando está louco por alguém...

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-Aricleme. -Ele disse carrancudo.
-Aricleme... -Ela repetiu como se estivesse tendo dificuldade pra acreditar.
-É. Minha mãe quis homenagear dois tios dela. O Ari e o Clementino. E quem pagou o pato fui eu.
-Ah... Não chega a ser tãããããããããããão ruim. -Ela disse dando uma ênfase toda especial ao "tão".
-Obrigado. -Ele respondeu, ainda muito sério. -Já me sinto bem melhor agora, por tu não achar o meu nome "tão ruim".
Ela ficou sem jeito.
-Não, tipo, não foi o que eu quis dizer, é que tu, sei lá, parece não gostar, também-
-Também...
-Não, desculpa, eu não quis dizer isso, eu-
-Não, não, para um pouquinho. Para aí. Qual o teu nome, espertalhona?
-Bárbara.
-Bárbara...
-Isso.
Ele pensou um pouco. Fazia sentido, mesmo. Ela era, de fato, bárbara, e ele era, de fato, aricleme.

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-Olha, Jurandir... Eu não te amo.
-Beleza.
-Beleza?
-Beleza.
-E... Tipo... Isso não te incomoda nem um pouco?
-Nah.
-Bom... Então... Hã... Vou indo lá.
-Não quer ficar mais um pouco?
-Quê?
-Não quer ficar mais um pouco aqui comigo?
-Hã... Tu quer que eu fique mais?
-Quero.
-Sério?
-Sim.
-Mesmo?
-Arram.
-Mesmo eu não te amando?
-Eu te amo o suficiente por nós dois.
Casaram.

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