Pesquisar este blog

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Quadrinhos: Homem-Aranha - A Morte de Jean deWolff



Algumas das melhores histórias já contadas do Homem-Aranha são dos final dos anos setenta, e início dos oitenta. Foi um período pródigo para o herói de cabeça de teia, que naquele momento, mais do que nunca antes em seus quadrinhos, se viu no papel de um vigilante urbano que estava na mira de criminosos do pior tipo:
Os comuns.
Enquanto nós estávamos acostumados a ver vilões fantasiados que queriam dominar o mundo, ou tinham algum plano elaboradíssimo para se tornarem senhores do crime, os bandidos que assolaram as páginas dos quadrinhos do Aranha (e do Demolidor, também) eram sujeitos perigosamente próximos da realidade.
Claro que ainda existia o elemento do vilão fantasiado e com superpoderes, mas esses caras estavam se tornando mercenários alugando suas máscaras monstruosas ao chefão do crime comum, do tráfico de drogas, da prostituição, da chantagem e da extorsão, que tivesse mais dinheiro. Como Wilson Fisk, o Rei do Crime, o Rosa, o Coruja, Cabelo de Prata, Cabeça de Martelo, e tantos outros vilões que eram, em essência, mafiosos.
Esse climão de filme policial temperado com superpoderes era excepcional e rendeu o que talvez tenha sido a última grande fase dos quadrinhos do Homem-Aranha, que além de enfrentar criminosos vis, policiais corruptos e super vilões de aluguel ainda tinha todo o microverso de sua família e amigos e do seu emprego como fotógrafo jornalístico, provavelmente o lance de que eu mais sinto falta nas histórias atuais (além, claro, da qualidade na escrita).
De todos os vilões com um pé na realidade e de todos os crimes perturbadoramente críveis que estiveram no caminho do sobrinho preferido da tia May, nenhum foi mais marcante do que os crimes do Devorador de Pecados.
Ele não tinha um visual particularmente excêntrico, não tinha traquitanas tecnológicas que pareciam demais até pra James Bond, nem tinha nenhum plano elaborado para dominar o crime em Nova York.
O Devorador de Pecados era um sujeito com uma máscara de esqui, que carregava uma espingarda e era "apenas" um assassino psicopata em série.
O caminho do Devorador se cruzou de maneira mais violenta com o do Homem-Aranha porque a primeira vítima do criminoso foi a capitã de polícia Jean DeWolff, uma das muitas coadjuvantes bacanas que aquele período apresentou aos leitores, uma policial linha dura que se vestia com roupas dos anos trinta e fumava um cigarro atrás do outro. Jean era uma policial que sabia conviver com os super-tipos, e que mantinha algum diálogo com o Homem-Aranha por quem, descobriria-se após a sua morte, tinha uma queda.
Outros assassinatos seguiram-se ao de Jean DeWoff, incluindo o do juiz Horace Rosenthal, amigo pessoal de Matt Murdock, o que também colocou o Demolidor no caso.
Mais assassinatos seguiriam-se a esses dois, e um suspeito chegaria a ser preso antes que os heróis descobrissem a verdadeira identidade do Devorador numa das mais sombrias (no bom sentido) tramas do herói.
Agora a Panini está lançando no Brasil Homem-Aranha - A Morte de Jean DeWolff em edição encadernada, contando com as histórias das quatro edições que transcorreram durante os crimes do Devorador (Que, ecoaria ao longo dos anos na cronologia do herói, já que a saga do Devorador de Pecados está diretamente ligada à origem do Venom), e também com o desfecho derradeiro da saga do vilão, que seria publicado alguns anos mais tarde, em três edições quando o Homem-Aranha já estava casado com Mary Jane Watson em outra boa história que envolvia também o vilão Electro.
Essa edição está nas bancas e livrarias por módicos vinte e um reais e noventa centavos, e vale cada tostão. As cento e setenta e duas páginas com roteiros de Peter David e arte de Rich Buckler e Sal Buscema devem estar na estante de qualquer nerd que se preze, e fica aqui meu apelo pra que a Panini continue republicando grandes histórias do passado de seus personagens, já que hoje em dia pouco se aproveita do que é publicado.

"Pinéis óbvios como você não me preocupam. São os pinéis não óbvios que devem ser observados."

Nenhum comentário:

Postar um comentário