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terça-feira, 2 de abril de 2013
Resenha Filme: Casa De Mi Padre
Eu sou um dos vinte e três fãs de Will Ferrell no Brasil, um dos três em Porto Alegre. Os outros dois são meu irmão, e o cara que alugou O Âncora - A Lenda de Ron Burgundy no mesmo final de semana em que eu tentei pegar o filme em 2004, mas acho que ele morreu em 2006 ao assistir o equivocado Rocky Bobby - A Toda Velocidade.
Sou fã de Ferrell e seu jeito bobão de fazer humor desde a época de Saturday Night Live, quando ele fazia os melhores George W. Bush e James Lipton que a TV já viu, encarnava o devotado líder de torcida dos Spartans, Craig Buchanan ao lado de Cheri Oteri e um dos grandes amigos de Bill Brasky.
Continuei acompanhando os filmes de Ferrell após sua saída do SNL, e se Os Estragos de Sábado À Noite e Despenca Uma Estrela são umas tremendas porcarias, sua participação como Mustafa em Austin Powers - O Agente Bond Cama, era de chorar de rir.
Depois de encarreirar boas participações em comédias bobas, geralmente como co-estrela ou coadjuvante declarado, como em O Império (Do Besteirol) Contra-Ataca, Zoolander e Dias Incríveis, Ferrell acertou em cheio ao protagonizar o ótimo Um Duende Em Nova York, onde interpretava Buddy, um humano criado no Polo Norte como se fosse um dos ajudantes do Papai Noel que vai para Nova York encontrar seu verdadeiro pai.
A Um Duende em Nova York seguiu-se o hilário O Âncora - A Lenda de Ron Burgundy, e daí pra frente Ferrell começou a dar uma variada no repertório, ora atuando em comédias com humor menos rasgado, como Melinda & Melinda, de Woody Allen, ou tentando papéis esquisitos em dramas indie como o bacana Estranha Família, musicais, como Os Produtores e até filmes cômico/dramáticos excelentes como o genial Mais Estranho Que A Ficção.
Ele ainda voltaria, claro, às comédias rasgadas, com Escorregando Para a Glória, Os Aloprados e Quase Irmãos, voltou a cometer equívocos desastrosos como O Elo Perdido, e a acertar a mão em boas comédias como Os Outros Caras, e bons papéis dramáticos em filmes interessantes como Pronto Para Recomeçar.
Como se pode ver, eu sou, mesmo, fã de Will Ferrell, a quem considero, ao lado de Jim Carrey e Steve Carell os melhores comediantes do cinema atual, botando no bolso malas como Ben Stiller e Adam Sandler.
E foi neste feriadão, precisando muito de boas risadas, que pesquei no Netflix esse Casa de Mi Padre, dirigido por Matt Piedmond, desconhecido diretor que era parceiro de Ferrell em Funny or Die.
Em Casa de Mi Padre Ferrell vive o simplório rancheiro Armando Alvarez, que ama a terra onde vive, e vive para cuidar da propriedade de seu pai, Miguel Ernesto Alvarez (Pedro Armendáriz Jr.). A vida simples de Armando é posta em cheque quando seu irmão, Raul (Diego Luna) volta para a casa, trazendo consigo sua noiva, a bela Sonia (Genesis Rodriguez), e a ira do maior narcotraficante da região, El Onza (Gael Garcia Bernal) e do DEA norte-americano.
Deve ter ficado bem claro que o elenco todo é formado, à exceção de Ferrell, por atores hispânicos.
É, o filme todo é falado em espanhol (inclusive por Ferrell).
Mais do que isso, é todo montado com uma estética algo precária, e cara de cinematografia setentista de baixo orçamento, e uma coleção de ângulos e enquadramentos evocando o que há de pior nas novelas mexicanas, tudo proposital (como os erros de continuidade descarados, e manequins colocados aqui e ali para encher o cenário), acompanhado de dramalhões, histórias de vingança, conflitos familiares e até toques de magia da terra do pior tipo embalados por atuações canastronas de fazer os extras de Usurpadora corarem de vergonha.
Diego Luna e Gael Garcia Bernal estão claramente se divertindo demais, Genesis Rodriguez é muito bonita e atua em nível professora Elena, e Ferrell está hilário, rasgando num espanhol fluente, fazendo discursos contra o povo dos EUA, com aquelas caras e bocas que parecem ter sido feitas pro prime-time da Televisa.
Longe de ser a melhor comédia de Ferrell, Casa de Mi Padre também se mantém afastado dos piores escorregões da carreira do comediante, se a audiência entra na brincadeira, rende boas risadas.
"Los americanos son como bebés grandes, siempre llorando y comendo enormes hamburguesas de mierda y grasa"
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