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terça-feira, 6 de setembro de 2016
Dia do Sexo
Ele saiu do serviço ainda faltavam cinco minutos para o meio-dia. Andou a passos largos até a esquina da Fernando Machado com a André da Rocha e lá estava ela, radiante como o sol que voltava a aparecer em Porto Alegre após quase uma semana de folga.
Vestia calças jeans verde-musgo, uma blusa branca e um casaco de lã marrom, e, ao vê-lo, abriu um sorriso largo.
Ele andou até ela rindo e a abraçou apertado:
-Saudades, alemoa.
Ela correspondeu ao abraço e lhe estalou um beijo no rosto. Ele segurou a mão dela por alguns instantes e começaram a andar.
Ela fez cara de quem lembra:
-Ah! Tenho um presente pra ti!
Mexeu na bolsa e tirou um pequeno embrulho. Ele apanhou agradecendo e se pôs a abrir. Era um chaveiro do Homem-Aranha.
Era uma coisa recorrente na sua vida, ganhar coisas do Homem-Aranha, ela mesma já lhe dera memorabília com motivos do cabeça de teia.
Ele sorriu.
-Eu me lembrei que tu tava sem chaveiro num dos zíperes da tua mochila, e que tu tem do Batman, do Super-homem e do Capitão-América, mas nenhum do Homem-Aranha, que é teu preferido. - Ela explicou.
-Obrigado, gentil donzela. - Ele agradeceu fazendo um maneirismo. -Mas não precisava... Onde tu comprou isso?
-Na Nerdz. - Ela respondeu, enrolando a pronúncia para soar como "nãRdz".
-E o que tu foi fazer na Nerdz? - Ele perguntou, imitando a pronúncia dela.
-Te comprar isso, ué... - Ela respondeu com naturalidade.
Ele sentiu-se ruborizar. Não se sentia confortável recebendo presentes espontâneos. Ela percebeu e disse:
-Presente de dia do sexo.
Ele ruborizou mais. Tanto que ergueu os olhos do chaveiro e a encarou com a expressão retorcida de divertido choque e vergonha pura.
Ela riu tanto que ele começou a rir, também.
-Como assim? - Perguntou, sem entender.
-Dia do sexo... - Ela respondeu. -É hoje, seis de setembro.
Ele guardou o chaveiro no bolso e sorriu:
-Bom... Sexo é, mesmo uma dessas coisas que merecem uma efeméride...
-É... Depende... - Ela disse, fazendo uma careta.
-Depende? - Ele perguntou, surpreso.
-Claro que depende. Sexo, só sexo, qualquer sexo, não... Mas sexo bom, bem feito, aí beleza, merece data mundial, e tudo...
-Na verdade a de hoje é nacional, só, mas concordo contigo.
-Só nacional? - Ela perguntou desapontada.
-Sim. Só no brasil que seis de setembro é o dia do sexo... Provavelmente dos estados unidos é nove de junho, por causa da forma como eles leem as datas... - Ele riu.
-Por que nove de junho? Qual a relação? - Ela perguntou fazendo uma expressão confusa que lhe formava uma rugo bem pronunciada no cenho.
-Porque lá eles leem o mês antes do dia. então, seis de setembro, pra eles, é nove, seis e não seis nove. Seis nove seria nove de junho.
-Aaaaaaaaaaaaaaah... - Ela fez, dando-se conta da obviedade. -É por isso que é seis de setembro. Meia nove.
-Aaaaaaaah - Ele repetiu, caçoando e levando um soco no braço.
Andaram mais um pouco, alguns passos em silêncio.
-Eu não sei se gosto. - Ela disse, de repente.
-De quê? - Ele perguntou.
-Meia nove. - Ela respondeu com naturalidade.
-Hmmm... Tu não sabe se gosta... Tu já fez? - Ele argumentou.
-Não... - Ela confessou. -Tu já fez?
-Menos do que eu gostaria. Mas já. Já fiz.
-E tu gosta? - Ela perguntou.
-Bom... Tem coisas muito interessantes acontecendo no ato... Ao menos duas das quais eu acho que todo mundo gosta.
Ela riu:
-É mas... Sei lá...
-O que? - Ele quis saber.
-Deve ser difícil se concentrar... - Ela concluiu.
Ele sorriu sem dizer nada.
-Que foi? - Ela quis saber.
-Nada... - Ele respondeu nostálgico. -Só já... Já ouvi isso antes.
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