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terça-feira, 27 de setembro de 2016

Resenha Cinema: Sete Homens e um Destino


Apesar de remakes serem um dos sintomas mais flagrantes da crise criativa da indústria cinematográfica americana, e um reflexo do tipo de público que frequenta os cinemas nos dias de hoje, um grupo, em sua maioria, de apedeutas e imbecis, eu não desgosto dos remakes apenas por serem reciclagens.
Esse ano, mesmo, o enxovalhado remake de Ben-Hur, foi um dos filmes que assisti que mais me emocionou.
Star Trek, um dos melhores filmes pipoca do ano, é um tipo de remake... Mogli, era um remake... Tudo bem... Caça-Fantasmas e Caçadores de Emoção: Além do Limite, foram filmes horrorosos, mas o lance é exatamente esse:
Não é o fato de ser um remake, ou não, mas sim, o tipo de remake.
É por isso que ontem eu fui assistir a Sete Homens e um Destino, casualmente, o remake de um remake...
O Sete Homens e um Destino original, dirigido em 1960 por John Sturges é um remake de Os Sete Samurai dirigido por Akira Kurosawa em 1954. A trama apenas trocava a vila de aldeões japoneses atacada por bandidos por uma vila de aldeões mexicanos, e os samurai desempregados por pistoleiros.
Ambos, tanto a versão samurai quanto a de caubói, são clássicos absolutos do cinema, a versão norte-americana, por sinal, chegou a virar série de TV no final dos anos noventa ainda assim me surpreendeu descobrir que haveria um remake para o longa.
Não porque Sete Homens e um Destino fosse terreno sagrado demais para ser mexido por uma nova versão, mas sim pelo fato de que, exceto por Quentin Tarantino, ninguém anda muito interessado em westerns, ainda que, os últimos que assisti tenham sido bons filmes (e aqui devo dizer que tenho um fraco por bangue-bangues, e é fácil me conquistar. Até de Rápida e Mortal eu gosto muito).
De qualquer forma, Antoine Fuqua, cineasta de Nocaute, Invasão à Casa Branca, O Protetor e Dia de Treinamento surgiu pra unir um grande e qualificado elenco e levar adiante o roteiro de Nic Pizzolatto e Richard Wenk.
Na trama conhecemos a cidadezinha de Rose Creek, um vilarejo contíguo a um vale prenhe de vida onde fazendeiros levavam uma vida tranquila.
Tudo muda com a chegada de Batholomew Bogue (Peter Sarsgaard), um homem de negócios com mão de ferro que passa a explorar a mina de ouro local sem nenhum pudor em explodir a montanha inteira em nome da fortuna e de invadir sem piedade as terras vizinhas enquanto corta o acesso de todos à água para favorecer sua operação.
Bogue tem muito dinheiro, e dinheiro compra poder. Ele é servido por uma renomada agência de detetives Blackstone, e até mesmo o xerife de Rose Creek serve a seus interesses.
Quando os fazendeiros se reúnem para discutir o que fazer com os abusos de Bogue, o homem chega à igreja da cidade como o próprio demo, avisa que quem não estiver feliz pode vender suas terras e ir embora.
Para reforças suas intenções, Bogue mata alguns dos fazendeiros locais, incluindo Matthew Cullen (Matt Bommer) marido de Emma (Haley Bennett).
Algum tempo depois, conhecemos Sam Chisolm (Denzel Washington), caçador de recompensas com histórico militar que representa a lei no Arkansas, nos territórios indígenas e em outros sete estados e que é um tremendo pistoleiro.
Após ver Sam em ação na cidade de Modesto, Emma apela para o caçador de recompensas, expõe seu problema com Bogue, e lhe oferece como pagamento tudo o que possui em troca de justiça, ou, pelo menos, vingança.
Chisolm aceita o trabalho, mas sabe que, sozinho, não poderá enfrentar o exército do vilão.
Para isso, ele começa a recrutar.
O primeiro a se juntar a Chisolm é o irlandês beberrão Josh Faraday (Chris Pratt), casualmente outro ás do gatilho.
Após recrutar Faraday, eles se separam, e enquanto Chisolm vai atrás de um criminoso mexicano chamado Vasquez (Manuel Garcia-Rulfo), Faraday viaja para encontrar o atirador que sofre de estresse pós-traumático Goodnight Robicheaux (Ethan Hawke) e seu associado Billy Rocks (Lee Byung-Hun), um chinês que é mestre no uso de facas.
Novamente reunidos, os cinco homens saem no encalço do famigerado Jack Horn (Vincent D'onofrio), um brutamontes algo instável que é mestre na arte do rastreio.
E antes que voltem a Rose Creek, eles conhecem o comanche Colheita Vermelha (Martin Sensmeier), que também acaba se unindo ao time.
Agora, a única coisa entre a ganância de Bartholomew Bogue e a cidade de Rose Creek são esses sete magníficos caubóis e seus peculiares talentos, mas será isso o suficiente para deter o exército de Bogue?
Óbvio que é bom.
Sete Homens e um Destino é um ótimo faroeste, com um elencaço de atores acima da média, ação de qualidade, tensão genuína e momentos de comédia bem utilizados para um respiro.
A produção é bem montada e a mão de Antoine Fuqua é firme, mas jamais pesada, é um sujeito que sabe assinar um filme.
Posto isso, não é um filme perfeito.
A forma como o grupo se forma é ligeirinha, quase rasa. Claro, todos sabem que os sete homens vão se unir em Sete Homens e um Destino, ainda assim, toda a formação do grupo é quase um passo a passo.
Por legal que seja ver Denzel Washington sair da sua zona de conforto e dispensar alguns dos trejeitos que nos acostumamos a ver os últimos anos, não dá pra não pensar em como seria se Chisolm não fosse um mocinho tão óbvio, algo que, por sinal vale pra praticamente todo o grupo, incluindo o índio, o mexicano e o chinês, três etnias fadadas ao lado do mal nos faroestes clássicos.
De qualquer forma, muito da qualidade de Sete Homens e um Destino está na simplicidade da premissa, vilão saqueando cidade x sete mocinhos, de modo que para fazer o longa funcionar não precisa muito.
Um bom vilão é metade do sucesso da empreitada, e Peter Sarsgaard oferece isso com folgas, inclusive é pena que não vejamos mais dele fazendo atrocidades ao longo do filme.
A outra metade é um grupo de heróis com quem a audiência se importe, e atores carismáticos como Washington, Chris Pratt e Ethan Hawke tiram essa parte de letra.
Junte a tudo isso uma mocinha de olhos marejados, um tiroteio espetacular no clímax do filme, e não tem como errar.
Sete Homens e um Destino é divertidíssimo. Faroeste da melhor qualidade, e, como foi dito ali em cima, faroestes não dão em árvores, bons faroestes, então, nem se fala.
Vale demais a visita ao cinema.

"-Aquilo que perdemos no fogo...
-Encontraremos nas cinzas."

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