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sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Resenha Cinema: A Chegada
Os últimos anos têm sido pródigos com um gênero cinematográfico em particular.
Não me refiro a adaptações de quadrinhos e seu absurdo sucesso financeiro, quando até filmes não tão bons ou realmente ruins, têm encontrado sucesso nas bilheterias.
Mas a um gênero mais antigo, que vinha sendo, senão escanteado, negligenciado até poucos anos atrás:
A ficção científica.
É interessante como, nos últimos quatro anos, eu sempre tenho um exemplar do gênero na minha lista de preferidos do ano.
Gravidade, Interestelar, e Perdido em Marte foram todos filmes excelentes, daqueles que dava gosto de ir ver no cinema, e verdadeiros representantes de um dos subgêneros mais divertidos e imaginativos da sétima arte.
Esse ano a ficção científica tinha sofrido uma tremenda escorregada com o que prometia ser seu grande expoente da temporada, ao menos em termos de marketing e tamanho da produção com o fiasco que foi Independence Day: O Ressurgimento, e dado a impressão de que, esse ano, talvez não fôssemos ter um grande filme do gênero para assistir nos cinemas.
Ontem assisti a esse A Chegada, do diretor canadense Dennis Villeneuve, o mesmo de Sicario: Terra de Ninguém e Os Suspeitos, e, folgo em dizer, temos mais uma ficção científica para figurar em qualquer lista de melhores de 2016.
No longa escrito por Erik Heisserer (a partir de um conto de Ted Chiang) conhecemos a doutora Louise Banks (Amy Adams), uma filóloga de grande renome assombrada pelas memórias da morte da filha adolescente e de um casamento desfeito.
Um dia, ao chegar à universidade onde dá aulas, Louise é surpreendida pela notícia na TV de que doze imensos OVNIs de 450 metros de altura chegaram à Terra e pousaram em pontos dos cinco continentes.
As autoridades não divulgam nenhuma informação e toda a população do planeta é mantida no escuro conforme agências de inteligência e forças armadas de todo o globo se mobilizam para lidar com a situação.
É quando o coronel Weber (Forrest Whitaker) procura Louise para ajudar no obstáculo mais importante da empreitada:
Comunicação.
As criaturas a bordo da espaçonave, seres que parecem uma mistura de polvo, árvore e uma mão gigante, já fizeram contato com os militares, mas ninguém faz ideia de como se comunicar com os seres.
Trabalhando com o coronel Weber e o agente da CIA Halpern (Michael Stuhlbarg), Louise e o físico teórico Ian Donnelly (Jeremy Renner) começam uma jornada para responder o que pode se tornar a mais importante pergunta da história da ciência:
Qual é a intenção dos visitantes na Terra?
Descobrir isso, porém, pode ser uma tarefa árdua, à medida em que é simplesmente impossível emular a forma de comunicação "verbal" dos alienígenas, que soa como um misto do apito de um navio e a comunicação das baleias, o que leva Luise a tentar se comunicar com os heptapódes através da escrita, algo que passa por um processo de alfabetização mútua, onde os visitantes aprendem nossos caracteres e os terráqueos precisam aprender a intrincada forma de escrita não-linear dos extraterrestres.
Enquanto o processo lentamente se desenrola, o caos toma conta do mundo, conforme a ignorância e o medo do desconhecido tomam conta da humanidade, os líderes do mundo se armam aguardando as respostas que Louise busca, mas ela conseguirá tais respostas antes que alguém dê um desastroso passo adiante?
Uma ficção científica onde a narrativa e os personagens são sempre o fator mais importante para o desenvolvimento da história, A Chegada é um filme que envolve um processo por vezes lento de descoberta e aprendizado. É difícil dizer se isso é uma decisão narrativa para posicionar a audiência da mesma maneira que posiciona a população da Terra dentro do filme, ou se é apenas parte do estilo de direção de Villeneuve, que fez coisa parecida em seus dois últimos trabalhos, ainda assim, parecendo lento na comparação com os blockbusters quase corridos que inundam as salas de cinema, o longa não é cansativo.
Ajuda o fato de que direção, edição, efeitos visuais, fotografia, música e atuação trabalham magnificamente bem juntos, oferecendo uma fluidez que é artigo raro no cinemão contemporâneo. O cinematógrafo Bradford Young faz mais um trabalho de mestre (a exemplo do que havia feito em O Ano Mais Violento), garantindo que tudo pareça perfeitamente no lugar, mesmo que estejamos vendo conchas de meio quilômetro de altura e mãos-polvo gigantes na tela, enquanto o compositor Jóhann Jóhannsson é essencial para o compasso emocional do filme, garantindo a tensão de certas sequências, e a comoção em outras sem jamais parecer forçado ou intrusivo.
Forrest Withaker e Michael Stuhlbarg são precisos em suas atuações, Jeremy Renner se destaca em um personagem que parece feito sob medida para ele, enquanto Amy Adams dá um show particular de cento e dezesseis minutos.
A ruiva de nariz pontudo com as mais belas panturrilhas do cinema entrega uma atuação segura, relacionável, sem a qual o filme simplesmente não funcionaria.
As emoções obscuras e a amargura inerente da personagem estão sempre lá, sem forçar a barra, mas perceptíveis de uma maneira tão sutilmente representada que eu já apontaria a Lois Lane como nome certo para premiações no ano que vem, é graças a ela e Jeremy Renner que o lento segundo ato segue andando e mantém a audiência interessada.
A Chegada começa excelente, diminui consideravelmente o ritmo na metade, mas volta com força total em seu terceiro ato para contar uma história de E.T.s onde a comunicação é mais importante que a ação, onde a compaixão vale mais do que o ato de desafio, e onde o luto é uma parte essencial da experiência de estar vivo.
É um longa que desafia a audiência a pensar e repensar, se emocionar e conversar a respeito.
Um dos melhores filmes do ano.
Assista no cinema.
"Se você pudesse ver toda a sua vida diante de você, você mudaria as coisas?"
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Adorei como fizeram a historia por que não tem nenhuma cena entediante! Os filmes de ficção são os meus preferidos, mas Arrival Filme se tornou no meu filme preferido. Sua historia é muito fácil de entender e os atores podem transmitir todas as suas emoções, é muito interessante. Eu recomendo muito e estou segura de que se converterá numa das minhas preferidas.
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