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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Resenha DVD: Procurando Dory


A Netflix mudou minha relação com seriados, eu sempre digo...
Antes do serviço de streaming era muito difícil, pra mim, conseguir acompanhar séries de TV. Ter que esperar a agenda da TV, com seus horários semanais, e estar à mercê de uma emissora que, sem aviso, podia mudar o idioma de exibição de um programa sem te deixar opção, como certa vez o FX fez com My Name is Earl e The Office, eram coisas impensáveis pra mim.
Mas a Netflix me deu controle inédito sobre como eu gostaria de ver séries, e então eu comecei a assisti-las com gosto.
Outra relação minha que mudou em anos recentes foi com animações.
Eu não tinha a melhor das relações com animações até pouco tempo atrás. Na verdade, tinha até alguma implicância com o formato.
Mas não foi um serviço de exibição online que mudou minha relação com desenhos. Foi um estúdio:
A Pixar mudou minha forma de ver animações.
Acredito que tenha sido Up - Altas Aventuras o responsável por me fazer rever meus conceitos com relação aos filmes animados, que mudaram tanto que hoje sou capaz de desfrutar coisas que vão de Como Treinar o seu Dragão a Megamente, de modo que, hoje em dia, quando vejo os lançamentos do cinema semana a semana, já não pulo a parte de animações.
O que não quer dizer que assista todas em tela grande.
Eu gosto de filmes em idioma original, e é no mínimo improvável conseguir ver uma animação legendada no cinema.
Quando a oportunidade se apresenta, eu aproveito, como fiz assistindo Pets: A Vida Secreta dos Bichos, muito por conta de ter encontrado uma sessão em inglês.
Quando é impossível, eu francamente, prefiro esperar o home video.
Caso desse Procurando Dory, sequência do ótimo Procurando Nemo, de 2003, que faturou espantosos 940 milhões de dólares treze anos atrás ao contar a história do peixe-palhaço Marlin (voz de Albert Brooks) que cruzava o oceano com a ajuda da peixinha Dory (voz de Ellen DeGeneres), uma cirurgião-patela com problemas de perda de memória recente, para encontrar seu filho perdido.
Procurando Nemo era um deleite comparável a férias na praia quando se tem oito anos de idade. Uma nova risada, um novo suspiro, uma nova descoberta a cada um de seus cento e quatro minutos, e grande parte da graça do longa estava em Dory.
A desmemoriada que falava baleiês e sabia ler a língua dos humanos era o tipo de coadjuvante ladrão de cena que cativa audiências de todas as idades, talvez daí a preocupação de muita gente quando foi divulgado que ela seria a protagonista da sequência.
Ir de alívio cômico a personagem principal poderia ser danoso a uma personagem secundária tão cativante, mas, assistindo ao longa notamos que não é o caso...
Procurando Dory abre com um flashback, mostrando uma pequena Dory com seus pais, Charlie e Jenny (Eugene Levy e Diane Keaton), que tentam ajudá-la a levar uma vida normal a despeito de seus problemas de memória.
Infelizmente as lmbranças da pequena Dory se desvanecem quase instantaneamente, e não tarda para a vermos perdida no oceano, sempre procurando por sua família, e, conforme crescia, esquecendo por quem ela procurava, até esbarrar com Marlin e começar a busca do primeiro filme.
Corta para um ano após os eventos de Procurando Nemo...
Dory está morando com Marlin e Nemo, levando sua vidinha de maneira tranquila e amnésica como sempre fez.
Mas, durante uma excursão com o tio Arraia, Dory sofre um pequeno acidente que desperta uma antiga memória de sua infância e de seus pais.
É daí que a ação se inicia, com Dory, Marlin e Nemo novamente cruzando o oceano para tentar reunir Dory e sua família. Uma jornada que os leva até a joia de Morro Bay, Califórnia, o Instituto da Vida Marinha, onde ela irá tentar reencontrar seu passado com a ajuda de velhos e novos amigos como a tubarão baleia Destiny (Kaitlin Olson), o beluga Bailey (Ty Burrell), os leões marinhos Rudder e Fluke (Idris Elba e Dominic West) e o polvo Hank (Ed O'Neill), numa aventura que irá ensinar a todos o verdadeiro significado de ter uma família.
Conforme eu disse, ter Dory como protagonista não é um problema.
Dory segue tão adorável quanto fora treze anos atrás. Ainda há novos personagens divertidíssimos (destaque para os leões marinhos, que são muito engraçados), momentos tocantes, e a qualidade técnica absurda que o estúdio co-fundado por Steve Jobs tornou regra.
Mas a verdade é que Procurando Dory sofre de um problema gravíssimo que é ser a sequência de um filme que funcionava perfeitamente sozinho, e, mais do que isso, era uma das joias da coroa da Pixar.
É muito difícil seguir-se a Procurando Nemo e não sofrer com a comparação, que é absolutamente injusta, mas inevitável.
É óbvio que a Disney vai querer transformar qualquer longa da Pixar em franquia porque, francamente, os filmes do estúdio são quase impressoras de dinheiro, mas ainda que o longa escrito por Andrew Stanton, Victoria Strouse, Bob Peterson e Angus McLane seja uma hora e quarenta de risadas e eventuais olhos lacrimejantes, o bilionário Procurando Dory é muito menos do que Procurando Nemo havia sido em todos os aspectos, o que é perfeitamente natural quando colocamos sob perspectiva.
A impressão que dá, é que Procurando Nemo surgiu da necessidade de Andrew Stanton de contar uma história, enquanto a história de Procurando Dory surgiu da necessidade da Pixar de produzir uma sequência. Por sorte, mesmo o material reciclado da Pixar tem qualidade suficiente pra arrancar risadas e manter o lenço à mão.
Não há nada de ruim, em Procurando Dory, mas também não há nada de brilhante ou inédito.
Ainda assim, vale a locação. Veja os créditos até o final. Há uma surpresa divertida para os fãs do primeiro longa.

"-Essa é mesmo uma vista e tanto.
-É... Inesquecível."

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