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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Resenha Filme: Artemis Fowl: O Mundo Secreto

 


Não foi por mais, senão curiosidade mórbida, que ontem enquanto vagava pelo catálogo do Disney +, resolvi encarar os pouco mais de noventa minutos de Artemis Fowl: O Mundo Secreto, longa lançado pela Disney no meio do ano adaptando uma longa e estimada série de livros para jovens adultos de Eoin Colfer.
Eu jamais li nenhum livro da série. Na verdade, nem sequer sabia da existência da série até começar a ouvir notícias a respeito da adaptação capitaneada por Kenneth Branagh, que aparentemente tomou gosto por dirigir adaptações literárias para tela grande após Assassinato no Expresso do Oriente
O que eu sabia de antemão era que os fãs dos livros de Colfer haviam ficado profundamente ofendidos com a adaptação, e que era provável que, se fosse para seguir os passos de outra série literária infanto-juvenil adaptada ao cinema, Artemis Fowl estava mais pra Percy Jackson do que pra Harry Potter...
Enfim, o longa abre com um frenesi midiático nos portões da mansão Fowl enquanto Mulch Diggums (Josh Gad), preso em um centro de interrogatório do MI6 no estuário do Tâmisa começa a narrar os eventos que levaram até esse cenário.
Ele conta a história de Artemis Fowl (Ferdia Shaw), um jovem e arrogante gênio de doze anos de idade que frequenta uma escola onde é mais esperto do que todos os professores e nas horas vagas gosta de surfar e andar de skate nas colinas que cercam a mansão onde vive com seu pai, o colecionador e negociador de artefatos e antiguidades Artemis Fowl I (Colin Farrell).
O moleque eventualmente descobre que todas as lendas e estórias que ele ouviu enquanto crescia são verdadeiras quando Artemis Sr. é sequestrado por uma fada perversa chamada Opal Koboi. A misteriosa fada mascarada oferece a  Artemis Jr. a tarefa de encontrar um artefato mágico do mundo das fadas chamado Aculos em troca da vida de seu coroa.
Com a ajuda de seu fiel guarda-costas Demovoi (Nonso Anozie) e sua amiga Juliet (Tamara Smart), Artemis divisa o plano de sequestrar uma fada para forçar as demais a lhe indicarem onde está o tal Aculos.
É onde entra em cena Holly Short (Lara McDonnell), uma fada policial do reino subterrâneo para onde as criaturas mágicas se retiraram nos últimos dez séculos. Holly teve seu pai assassinado e acusado de traição por tentar roubar justamente o Aculos, e está sob a supervisão constante da comandante Root (Judy Dench), que não quer vê-la pôr sua vida a perder tentando limpar o nome do pai.
Obviamente Holly é a fada capturada por Artemis, que a usa para atrair um exército de criaturas mágicas para suas portas e manipulá-las a ajudá-lo a encontrar o artefato que lhe devolverá seu pai.
Tem tanta coisa errada com Artemis Fowl: O Mundo Secreto que eu nem mesmo sei por onde começar a reclamar.
O filme é tão pobremente escrito por Hamish McColl e Conor McPherson que é impossível assistir ao longa sem imaginar que no chão de alguma sala de edição por aí, há vinte minutos de filme perdidos que talvez lhe dessem sentido. Os personagens trocam de lado sem aviso ou motivo, longas e chorosas cenas de morte são jogadas na audiência para personagens que mal vimos durante o filme, o longa é sobre a busca de um artefato perdido que está numa sala de casa e o autoproclamado "gênio do crime" titular só comete atos moralmente duvidosos quando tenta salvar o papai e muito mais... Chamar o roteiro de Artemis Fowl: O Mundo Secreto de "inconsistente" é um eufemismo. Assistindo ao filme fica óbvio que houve muitas mudanças de curso durante a produção e que o resultado final atirado na Disney + é muito menos a visão definitiva de alguém sobre o projeto, e mais o que sobrou após uma longa e infrutífera discussão a respeito do que o filme deveria ser, a menos que todos os envolvidos concordassem que Artemis Fowl: O Mundo Secreto deveria ser um filme desprovido de qualquer charme ou coerência narrativa, com sequências de ação mal-ajambradas, atuações que variam de canhestras a constrangidas, e um retrato fidelíssimo de porque as adaptações cinematográficas de séries literárias infanto-juvenis estão respirando por aparelhos já faz algum tempo.
Artemis Fowl: O Mundo Secreto é um daqueles filmes que não funciona em nenhum momento, em nenhum aspecto, e que quando termina, deixa a audiência coçando a cabeça e pensando como foi que ele foi lançado do jeito que foi.
Passe longe, é um dos piores filmes do ano...

"Eu sou Artemis Fowl, e eu sou um gênio do crime."

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