E infelizmente chegou o momento de nos despedirmos de Din Djarin, Grogu, Cara Dune e companhia... Após oito episódios espetaculares, quiçá mais espetaculares do que os do ano passado, O Mandaloriano encerrou sua segunda temporada com um season finale que elevou os adjetivos "grandioso" e "sensacional" a níveis intergalácticos.
O Resgate começa com a Slave I em franca perseguição a um transporte classe Lambda do Império. A bordo da nave, o doutor Parshing (Omid Abtahi), que nós havíamos conhecido nos primeiros episódios da temporada passada, sendo levado ao encontro do Moff Gideon onde irá continuar seu trabalho com Grogu. Ou iria...
Pilotada por Boba Fett, a Slave I é mais do que páreo para o transporte imperial, e, de posse de Parshing, Mando, Cara Dune, Boba e Fennec podem dar seu próximo passo rumo ao resgate de Grogu: Conseguir reforços.
De volta a Trask, Mando reencontra Bo-Katan e Koska Reeves (Axe Woves não está com o grupo...) com uma proposta tentadora para a pretensa rainha de Mandalore: Um Cruzador imperial leve em troca de ajuda na abordagem da nave de Gideon.
Se inicialmente Katan não parece interessada na barganha, a menção de Mando à presença de Gideon na espaçonave, e sua garantia de que ela pode ficar com o sabre sombrio após a segurança da criança estar assegurada a fazem mudar de ideia. Na cultura de Mandalore, a arma ancestral dos mandalorianos é uma arma ainda mais poderosa do que um Cruzador.
Com um plano devidamente divisado, Mando e sua equipe se preparam para a abordagem da espaçonave, uma tarefa que deve ser realizada de maneira totalmente sincronizada pois, enquanto Bo-Kattan, Koska, Fennec e Cara se engalfinham com os stormtroopers e a tripulação da espaçonave, Mando deve chegar furtivamente ao compartimento onde estão os Dark Troopers e desativá-los, ou as chances de sucesso da empreitada irão de poucas a nulas...
O episódio escrito por Jon Favreau e dirigido por Peyton Reed é a proverbial chave de ouro para encerrar a temporada. A ação é extremamente competente, os momentos de emoção são vendidos com vontade pelo elenco, em especial Pedro Pascal, e os efeitos visuais são a maravilha que nós aprendemos a esperar de O Mandaloriano pelos últimos dezesseis capítulos.
ATENÇÃO!
Daqui pra baixo, haverá uma seção com spoilers do capítulo, então, se não tiver assistido ao episódio, ainda, vá ver e volte depois.
Eu não me canso de dizer que, entra semana, sai semana, e eu fico de queixo caído com a qualidade técnica e narrativa de O Mandaloriano.
A série é perfeita em todos os aspectos e consegue tirar tanto de tão pouco tempo com seus econômicos episódios de cerca de meia hora, que é impossível não louvar o trabalho de Favreau, Filoni e companhia. O ponto é que, em alguns momentos, como com as participações de Bo-Katan, Boba Fett e Ahsoka Tano, a série mostrou que é capaz de ainda mais do que isso. Que em seus trinta e poucos minutos, ela pode abraçar um universo ainda maior do que aquele faroeste galáctico delicioso que nós tivemos na primeira temporada de maneira tão competente quanto faz seu feijão com arroz.
E ontem, a série mostrou que pode cobrir uma distância ainda maior.
Dois episódios atrás, em A Tragédia, Grogu foi colocado por Mando em uma pedra de um antigo templo Jedi para se comunicar com um Jedi que fosse capaz de ouví-lo através da galáxia. O episódio terminou com o bebê Yoda capturado após ter enviado seu chamado, mas nós não sabíamos se alguém ou quem o havia recebido.
Eu me lembro de ter pensado, após o episódio, que sensacional seria se Luke Skywalker tivesse ouvido aquele chamado, mas logo afastei a ideia. Naquele momento, me senti um fanboy ganancioso. Como se tudo o que O Mandaloriano vinha me oferecendo semana após semana não fosse o suficiente.
Kathleen Kennedy, Jar-Jar Abrams e Rian Johnson haviam me convencido que o Star Wars da Disney não é para os fãs de Star Wars, então o que eu já vinha recebendo, deveria ser o suficiente, certo?
Errado.
Do segundo em que o caça X-Wing entrou no cruzador de Gideon até o momento em que o salvador misterioso se revelou para Mando, Grogu e seus aliados trazendo a seu lado R2-D2, eu finalmente pude ver, com arrepios nos pêlos dos braços e um sorriso que simplesmente se recusava a deixar o meu rosto, o Star Wars que eu estava esperando há mais de trinta anos.
Aquele era o Jedi que destruiu a Estrela da Morte I e redimiu Darth Vader. Era um mestre totalmente treinado, sereno, poderoso com a Força e ciente de seu lugar no universo, não era aquele velho amargo e inútil que apareceu num filme que eu tento esquecer há três anos e cinco dias.
Ontem, O Mandaloriano devolveu definitivamente Star Wars aos fãs na forma do Luke Skywalker. O Luke que todos nós, mesmo os que preferiam Leia, Han ou Obi-Wan, aprendemos a amar, e por isso eu jamais deixarei de ser grato à série.
OK! A zona de spoilers termina aqui.
A segunda temporada de O Mandaloriano terminou em aberto.
Nós não sabemos o que o futuro reserva para Din Djarin. A despeito de todas as pontas soltas deixadas pelo finale, nem sequer sabemos se haverá uma terceira temporada de O Mandaloriano.
No fim dos créditos de encerramento do capítulo há uma cena que nos leva à uma conhecida fortaleza nos desertos de Tatooine onde, de certa forma, O Livro de Boba Fett é aberto, então é possível que, no ano que vem, ao invés de O Mandaloriano, nós tenhamos a série solo de Boba, mas o que eu posso dizer é que, no que depender de mim, nós deveríamos ter as duas coisas.
E eu nem mesmo me sinto ganancioso em dizer isso.
"Nós vamos nos encontrar novamente."
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