Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Rapidinhas do Capita
-Eu não queria parecer...
-Não, não, 'magina...
-Então não...
-Não, capaz...
-Então a gente...
-Claro, na boa...
-Bah, ainda bem...
-Sem problema...
-Por que eu tava, tipo...
-Nem esquenta...
-Que alívio...
-Bobagem...
-Por isso eu adoro conversar contigo, amor. Tu sempre me entende.
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Ele e ela andavam na rua. Ela estava claramente enfurecida, vinha cutucando o braço dele, ali do lado do bíceps, com a falange do dedo indicador. Ele ia relevando, afinal de contas, amava ela, iam casar. Mas ela estava forçando. Já havia reclamado de tudo. Das bebidas (Só cerveja? Não pensam que alguém pode não querer beber álcool, ou não querer beber aquilo?), dos amigos dele (Tudo safado, não quero nenhum deles no nosso casamento), e das mulheres na festa (Tudo piranha). Ele disse que a Cinara não era piranha. Ela disse que era sim. Ele só sorriu pro lado e suspirou. Ela se enfureceu, mesmo, de vez. Houvessem raios Gama no corpo dela, ela teria ficado verde e enorme. Perguntou entre os dentes cerrados:
-O que é que você tá pensando, hein, Décio?
-Quê?
-O que é que você tá pensando?
-Quê que é isso?
-Como quê que é isso? Eu quero saber se você me acha com cara de palhaça-
-Não, não, isso eu entendi. Que negócio é esse de "você". Que é isso? A gente sempre se tratou por "tu". De onde saiu esse "você"?
-Quê?
-"Você", Maria Rita, "você", que negócio é esse de "você"? Tu nunca usa essa expressão.
-Não desvia o assunto, Décio...
-Não, não... Desembucha, aí. Que negócio é esse de "você"?
-Já disse, pombas. Não sei do que cê tá falando, menino.
-"Menino"? Como assim, menino? Quê que é isso, guria? Quié isso? "você", "menino"? Aí tem coisa...
-Bobagem sua...
-Bob... Bobagem "sua"? "Bobagem "sua", e não "tua"?
-Como, minha?
-Não, Maria Rita, não disfarça. Tu disse "bobagem sua", não disse bobagem "tua". Tá falando que nem paulista, agora?
Ela só sorriu pro lado e suspirou.
Ele correu atrás dela pela rua, mas não conseguiu alcançá-la. O casamento foi cancelado.
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-Se eu fosse esperto, eu sumia, sabe?
-Arram.
-Se eu fosse esperto, eu não levava isso adiante. Não tem, tipo... Sei lá. Eu não sou uma pessoa fácil, entende? Não sou acessível. Não sou legal. Em algum momento... Em algum momento ela vai ver. Sabe o que eu quero dizer?
-Claro.
-Se eu fosse esperto, eu nem teria começado isso. Não teria deixado chegar onde está. É caminho sem volta, já. Não consigo... Á essa altura, eu não tenho mais muito controle sobre as coisas...
-É. Agora complicou.
-Se eu fosse esperto, eu diria pra ela que uma coisa dessas, por mais legal que pareça, tem, especialmente com uma pessoa que nem eu, pouquíssimas chances de funcionar.
-É verdade. Ainda mais hoje em dia...
-Se eu fosse esperto, eu dizia pra ela como eu me sinto. Que eu sou louco por ela, mas que, em algum momento, ela vai enjoar de mim, dos meus maus humores, das minhas manias, das minhas idiossincrasias, e vai embora... E eu vou ficar arrasado por que eu fiquei louco por ela lá no início, entende?
-Perfeitamente.
-O que que eu faço, velho?
-Nada. Tu não é esperto. Aproveita.
-Ah, é... Bem lembrado. Valeu, tchê.
-Disponha.
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é, nessas horas a gente tem que fingir que não sabe que é impossível, ir e fazer, ou pelo menos tentar né ?
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