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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ia ser bonito, não ia?


Ia ser bonito, não ia?
Se eu encontrasse um recado teu logo cedo de manhã no meu celular.
Uma coisinha boba. Um bom dia que fosse. Ia ser bonito. Até um e-mail. Ia ser, sim.
Por que ás vezes, as coisas mais bobas, mais simples, têm um significado especial, dependendo de onde elas vêm. De quem elas vêm. Porque elas vêm. Proveniência é tudo, eu acho.
Mas ia ser bonito, não ia?
Se eu acordasse de manhã, e a primeira coisa que eu visse, fosse o teu rosto.
E eu ia me levantar com cuidado pra não te despertar antes da tua hora. Ia ser, sim.
Por que muitas vezes a gente levanta de mau-humor pois falta algo pra dar a perspectiva exata de o quanto a gente é feliz e não sabe. A gente podia ser muito feliz, eu acho.
Ia ser bonito, não ia?
Se no trabalho, em um momento particularmente chato, eu, distraído, irritadiço, meio rabugento, levasse a mão ao nariz depois de levantar os óculos, e encontrasse lá o cheiro do teu creme perfumado. E eu ia ficar mais tranquilo, sabendo que no fim do dia, eu ia sentir aquele cheiro em ti, na tua pele. No teu pescoço. Talvez atrás da orelha. Ia ser, sim.
Por que a felicidade tem gatilhos. E os meus todos iam ser relacionados contigo. Teu cheiro, voz, gosto e textura. Tua cor, forma e movimento. Talvez tu pudesse encontrar um gatilho relacionado comigo, também. Procurando bastante tu encontraria alguma coisa, eu acho.
Mas ia ser bonito, não ia?
Se um dia eu resolvesse te surpreender cozinhando pra ti. Fazendo o teu jantar. Ia pegar umas receitas do Gordon Ramsey e ia errar tudo. Ia emporcalhar toda a cozinha, e amaldiçoar minha falta de jeito quando tu fechasse um olho bem apertado enquanto dava a primeira garfada. E a gente ia pedir uma pizza e limpar a cozinha enquanto esperava ela chegar, e tu ia me beijar e dizer que o que valia era a intenção, e depois nós comeríamos pizza vendo Como Funciona o Universo sob os teus protestos, ou um filme Dinamarquês em preto e branco sob meus protestos enquanto brigávamos pela última fatia de quatro-queijos, mas ainda assim, abraçados. Ia ser, sim.
Por que eu ia querer ser melhor pra ti, porque tu seria perfeita pra mim, aguentando os meus defeitos mais chatos, as minhas manias mais irritantes, e, de vez em quando, tu ia bufar depois que eu fizesse uma besteira, mas aí ia respirar fundo, me olhar e sorrir, pois ia saber que eu estava dando o máximo, mesmo não sendo tão bom quanto tu é ao natural. Eu nunca conseguiria ser bom como tu merece, eu acho.
Ia ser bonito, não ia?
Se um dia, bem velhinhos, tu me abraçasse no hospital depois de eu quebrar o quadril brincando de Homem-Aranha com o nosso bisneto, e me dissesse "Tu não mudou nada", e eu sorrisse em silêncio, sem replicar, mas no fundo soubesse que era uma pessoa muito melhor por causa do convívio contigo, e te agradeceria sem dizer nada por ter sido tão paciente e persistente durante tantos anos, e por não ter desistido de mim quando a maioria das outras pessoas teria. Ia ser, sim.
Por que ás vezes a gente não tem ideia do que estava perdendo até experimentar. E nessas horas, a gente só pode agradecer à pessoa que nos forçou a tomar a atitude que mudou quem éramos e fez com que imaginássemos como era possível ter vivido sem aquilo todo aquele tempo. Tu ainda vai me forçar a experimentar, eu acho.
Eu sei...

2 comentários:

  1. Se bonito quer dizer perfeito; então ia sim...

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  2. Ia ser bonito, Pequeno, grande, Principe...
    Se cuidar da tua rosa... ela será, certamente, a mais amada e especial de todas: dedcação, afeto, vínculo!
    (fazia tempo que um texto não me emocionava tanto!)

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