Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
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terça-feira, 15 de março de 2011
As chances
Ela bufou sentada no chão, largou o controle do video game, e virou-se pra ele com cara de poucos amigos:
-Não adianta - Disse. - Não consigo cem por cento de sincronização nessa memória idiota. Por que tu tinha que me fazer jogar essa porcaria desse Assassin's Creed? Agora eu viciei!
Ele sorriu por detrás dos óculos, deitado no sofá. Estava lendo um livro sobre a Segunda Guerra Mundial:
-Que memória é? - Perguntou. - A das armas do Leonardo Da Vinci?
-É. O tanque de guerra, aquele.
-Vixe, nunca consegui cem por cento, nessa, não pode tomar dano, né?
-É. É muito difícil, ainda mais aquela parte com os dois canhões!
-É, aquela parte é impossível, mesmo. - Ele disse, sentando-se no sofá e acariciando-lhe os cabelos cheirosos.
-É... - Ela assentiu ainda olhando pra tela da TV, que mostrava a mensagem "Dessincronization - Death" escrita em vermelho e preto no fundo branco.
-Mas - Ele posseguiu. -Nós somos bons nesse lance de impossível, não somos? Quer dizer, quais eram as nossas chances lá no começo, certo? Quando me falavam de tudo que podia dar errado, quando me diziam quais eram as possibilidades de fazer isso funcionar, cruzes, era de desanimar, mesmo. Mas, sei lá, por alguma razão, eu me sentia meio Han Solo: "Nunca me fale das probabilidades", sabe? E continuei acreditando, continuei botando fé, ora imagine, eu botando fé em alguma coisa, mas continuei, por que, sei lá, àquela altura, eu precisava acreditar, era parte de mim, uma parte boa, talvez a única parte boa de mim, e sem ela... Bom, francamente, sem ela, qual era o ponto de continuar, não é? E deu certo, olha só pra gente, não é? Quer dizer, eu, pelo menos, não tenho queixas. Valeu a pena continuar tentando, valeu a pena acreditar que daria certo, e fazer dar certo, então... Pôxa, continua tentando. Acho que pode dar certo. Cem por cento, com certeza...
-A gente ainda tá falando do Assassin's Creed? - Ela perguntou arqueando as sombrancelhas.
-Não. - Ele respondeu sorrindo.
Se beijaram. Ela terminou Assassin's Creed com 87% de sincronização. Foi melhor que ele, que terminou com 79%. Mas não se importaram.
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Jamis devemos desistir daquilo que nosso coração delegou como objetivo, independente do que os "outros" digam!
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