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terça-feira, 8 de março de 2011
Resenha Cinema: O Ritual
Pois é... Filme de terror. São coisas que só o carnaval fazem comigo, eu prefiro ir pro cinema ver Jogos Mortais 748 do que ficar em casa e ver o desfile da Unidos da Tijuca na GloBobo, ou o carnaval da Bahia na Band (Sério... Qual o sentido em transmitir um carnaval onde o barato é se esfregar todo suado em meia dúzia de desgraçados pulando em volta?), de qualquer modo, o importante é que, mil vezes cinema do que o carnaval, qualquer cinema. Eu queria mesmo, confesso, era ver O Discurso do Rei, ou Besouro Verde, mas esses filmes estão passando em cinemas muito longe da minha casa, e, no cinema mais pertinho, as opções eram Rango (Eu não gosto de desenhos.), Bruna Surfistinha (Fala sério, né? Pra ver a Déborah Secco pelada é só ver a novela das oito ou comprar uma das Playboy dela em um sebo.) ou Vovó... Zona 3 (Sem comentários...), então, resolvi arriscar o filme de exorcista com Anthony Hopkins, ator que raramente me desaponta.
Filmes de exorcista, como se sabe, são umas das vertentes mais exploradas do terror. Desde que Linda Blair ficou encapetada no clássico O Exorcista, volta e meia o tinhoso em pessoa se enfia na pele de algum desavisado dando origem a filmes com resultados tão variados quanto o bom O Exorcismo de Emily Rose, quanto mequetrefes pra danar como O Último Exorcismo, esse O Ritual, se perfila no grupo dos filmes legais.
Na trama conhecemos o jovem Robert Kovac (Colin O'Donoghue), que vive com o pai viúvo em uma pequena cidade norte-americana trabalhando em uma funerária. Sem dinheiro pra fazer faculdade e sem nenhum interesse em seguir a carreira de papa-defunto, o rapaz, mesmo desprovido de fé, se increve no Seminário como forma de obter educação de graça para depois abandonar o sacerdócio e seguir com sua vida. Ele é temporariamente dissuadido por seu professor, padre Matthew (Toby Jones), que lhe pede que, antes de decidir que caminho quer seguir, ele participe de um curso de exorcistas que acontece no Vaticano, o que o cético jovem, muito a contragosto, faz.
Lá, Michael conhece o padre Lucas Trevant (Anthony Hopkins, dono do filme, se divertindo às pampas, maneiro pra danar quando faz tipo de maluco.), experiente exorcista que lhe mostra as artimanhas do coisa-ruim, e as formas de lidar com elas.
O grande barato de O Ritual, além do elenco muito bom, que tirando o galãzinho-esforçado-mas-só-isso Colin O'Donoghue tem só atores talentosos como Hopkins, Jones, além de Ciáran Hinds, Alice Braga e Rutger Hauer ajudando a contar a boa história, é o fato de o filme não ser aquele terror típico e manjado, repleto de sustinhos batidos e meia-boca ou apoiado unicamente no grafismo de cabeças que giram e jatos de suco de abacate, tornando-o um suspense sobrenatural e um debate sobre ceticismo e fé onde a presença do diabo enquanto vilão é constante, mas ele é um adversário elegante, uma ameaça intelectual e, de certo modo, discreta, agindo através dos possessos testando a fé dos homens e fazendo a sua parte pra aumentar a tensão de quem está sentadinho no escuro esperando pra ver o que acontece na próxima cena.
Provavelmente isso pode incomodar aquelas pessoas que curtem um bom slasher à moda antiga (Confesso que cansei disso antes mesmo de Jason Vorhees viajar pra Nova York)ou aqueles filmes de horror mais óbvios, mas foi o diferencial que me fisgou. O Ritual provavelmente vai estar na minha estante quando for lançado pra home video, ali, do ladinho do espaço reservado pra O Bebê de Rosemary, último bom filme de terror autêntico produzido pelo cinema.
"Tenha cuidado, Michael. Escolher não crêr no diabo não o protege dele."
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