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sábado, 12 de março de 2011

Coisas quebradas


Leonardo acordou naquela manhã modorrenta e descobriu-se viciado em taurina. A dor de cabeça recorrente sugeria uma visita ao neurologista, se ele não conhecesse a causa dela. Andou com dificuldade até a cozinha, abriu a gaveta de um armário e pegou dois comprimidos de uma cartela de analgésicos, jogando-os na boca melada pela saliva grossa do sono. Abriu a geladeira e apanhou um redbul colocado estratégicamente junto à porta. Abriu a lata, e bebeu um gole pequeno que empurrou os comprimidos garganta abaixo. Uma vez alguém especial lhe dissera que até uma laranjada alterava a farmacodinâmica de um remédio, imagine então um energético? Mas Leonardo não acordara naquela manhã particularmente preocupado com a própria saúde. Seu corpo estava uma bagunça, é verdade. Descabelado, mal barbeado, com uma roupa ainda mais rôta do que o habitual. O problema de Leonardo não era a gastrite, não era o vício em taurina ou a revolução caótica e provavelmente maléfica que a mistura de energético com analgésico e anti-inflamatórios estavam causando em seu organismo pouco habituado à tanta química.
Não...
O problema de Leonardo era outro. Ele sabia qual era, por difícil que fosse verbalizar.
Seu espírito estava quebrado. O que o fazia coçar a cabeça dolorida de dúvida era se estaria quebrado além de qualquer conserto.

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