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quarta-feira, 19 de setembro de 2018
Resenha Série: Better Call Saul, temporada 4, episódio 7: Something Stupid
É engraçado estar falando isso praticamente desde o primeiro capítulo da temporada, mas Saul Goodman está entre nós. Não houve nenhum momento de clareza onde Jimmy McGill aparecesse escolhendo seu pseudônimo, seus trajes nem nada do gênero. Ele apenas confeccionou uma caixa de cartões de visitas com o slogan "melhor ligar pro Saul" oferecendo seus celulares pré-pagos. Diariamente ele fecha a loja onde trabalha, estaciona uma van na beira da estrada em um lugar ermo e apenas espera que os clientes cheguem para faturar.
Mas não é assim que o episódio dessa semana da série, começa. Uma montagem mostra o decorrer de alguns meses onde Kim e Jimmy ao mesmo tempo vivem juntos e se apartam inexoravelmente a cada dia. Ao som de Something Stupid de Nancy Sinatra nós vemos a rotina e a falta de honestidade e comunicação demolirem paulatinamente a relação dos dois conforme Kim se divide entre seu bem-sucedido emprego na Schweikart and Cokely e seu amor pela defensoria pública, Jimmy segue sua estratégia de vender os celulares para ter dinheiro para seu novo escritório, o que, à essa altura, não sabemos se é para impressionar Kim e tentar trazê-la de volta ao seu lado para o escritório Wexler & McGill, ou apenas para provar, de novo, que pode se tornar um sucesso operando embaixo dos narizes daqueles que não acreditam nele. De toda a sorte, não há nenhuma grande explosão que destrua a relação que, nós, fãs de Breaking Bad sabemos, não sobreviveu, apenas pistas de como tudo terminou, ou, no caso, irá terminar.
Uma das razões é possivelmente a situação que obriga Jimmy a pedir socorro profissional a Kim, fica claro na conversa dos dois que ela está tão puta quanto desapontada, tanto que ela mal consegue responder quando ele fala com ela.
A única coisa que deixa Kim mais furiosa dos que as tramoias de Jimmy, é quando alguém o ataca por suas tramoias. É nesses momentos que a advogada entra em modo berserker e parece disposta, até mesmo, a comprometer seus parâmetros morais.
E talvez esse seja o ponto de virada. Quando o capítulo termina, nós não sabemos qual é o modo que Kim encontrou para honrar a promessa de "nenhum tempo de prisão" feita por Jimmy a Huell, mas parece bem óbvio que não é uma maneira legal, ou ao menos, que não é uma maneira convencional de fazê-lo e ela vai levar isso adiante porque, à essa altura, coisas assim são sua única conexão real com Jimmy. É possível que vejamos os dois se afastarem apenas porque ele desperta o Saul Goodman que há nela.
De qualquer forma, estou ansioso para ver o que ela pretende fazer com todas aquelas canetinhas e lápis de cor.
Enquanto Kim e Jimmy veem sua relação erodir sob o peso da desonestidade, Mike continua supervisionando a construção do laboratório secreto de Gus.
Os oito meses prometidos por Werner (Rainer Bock) obviamente não serão o suficiente para finalizar a obra e os trabalhadores já estão começando a se digladiar entre si.
O encrenqueiro do último episódio, Kai (Ben Bela Böhm), aparentemente não fez nada de desastroso nos últimos meses, mas segue sendo um pé-no-saco de Mike que antevê a possibilidade de despachar o sujeito de volta pra Alemanha mas é convencido por Werner não apenas a mantê-lo por perto, já que é um especialista em demolição, mas também a oferecer algum repouso e relaxamento aos rapazes. De alguma forma, eu tenho a impressão de que Kai não chegará ao final desse trabalho. Mike obviamente não gosta do sujeito. Ele está tentando fazer o seu melhor para que a obra ande sem solavancos, mas agora que ele pôde se despir da fachada de pai enlutado, abandonar o grupo de apoio e que Stacey e Kaylee estão começando a andar com as próprias pernas é bem possível que vejamos Mike mergulhar um pouco mais fundo no lado mais sombrio de seu serviço a Gus Fring.
Gus, aliás, apareceu de novo, e junto com ele, Hector Salamanca de uma forma mais familiar a todos nós.
A sequência com o copo d'água no hospital, sendo percebida por Gus no vídeo mostrado pela doutora Bruckner (Poorna Jagannathan) como a confirmação de que Hector está de completa posse de suas faculdades mentais, e, portanto, é um prisioneiro dentro de um corpo alquebrado é muito bacana, e a forma como Gus suspende o tratamento por desejar que Hector seja mantido assim é o lastro do discurso do vilão a respeito de paciência e crueldade na semana passada.
Por mais que seja um divertido polimento para um personagem de já conhecemos e amamos odiar, seria legal se saísse alguma coisa nova desse segmento partilhado por Gus e Hector em Better Call Saul além da origem da sineta.
Something Stupid manteve a boa média da série, mas, ainda melhor, acenou com a possibilidade de vermos um arco maior para Jimmy e Kim no futuro próximo.
"-Eu não preciso ser um advogado. Eu sou um mágico."
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