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segunda-feira, 10 de setembro de 2018
Resenha Série: Punho de Ferro, Temporada 2, Episódio 1: The Fury of Iron Fist
Punho de Ferro, eu mantenho, foi uma série Marvel/Netflix injustiçada.
E não. Não quero dizer que achei boa.
Apenas que primeira leva de aventuras de Danny Rand não foi pior do que a primeira temporada de Jessica Jones, por exemplo, e ficou pouco abaixo da primeira temporada de Luke Cage. O grande problema de Punho de Ferro foi não ter a qualidade de Justiceiro ou Demolidor, e nem as muletas de inclusão de Luke e Jessica.
E com isso, eu não quero dizer que seja contra inclusão. De forma alguma. Inclusive gostei bastante da primeira temporada de Luke Cage (uma série que, em diversas ocasiões foi carregada nas costas por uma coadjuvante, a exemplo de Punho de Ferro), e achei a segunda temporada de Jessica Jones muito superior à primeira (que só era assistível pelo elenco de apoio e especialmente por seu vilão, Kilgrave ótima criação de David Tennant).
O ponto é que, sendo protagonizada por uma bilionário norte-americano loiro de olhos azuis que viajou ao extremo oriente e executou o derradeiro ato de apropriação cultural ao ficar com o poder do Punho de Ferro em detrimento dos nativos de Kun'Lun e depois voltar pra Nova York descalço falando "namastê" pra todo mundo, o seriado começava antipático, e não era ajudado pela trama rocambolesca com cara de novelão entrecortada por decisões questionáveis em termos de coreografia de luta (um ponto central para uma série de kung-fu). Mas eu mantenho que se, a mesmíssima trama, exatamente com o mesmo desenvolvimento e execução, fosse a série do Shang Shi, protagonizada por um ator asiático, o malho da crítica não teria descido tão forte sobre a série.
De toda a sorte, eu estava mais do que disposto a dar uma chance à segunda temporada de Punho de Ferro. A exemplo do que aconteceu com Jessica Jones, eu sabia que era impossível piorar, então, ontem, dei um tempo no Homem-Aranha do PS4, e assisti aos quatro primeiros episódios da temporada.
Danny Rand (Finn Jones) e Colleen Wing (a adorável Jessica Henwick) estão vivendo juntos no antigo dojo da jovem em Chinatown.
Ela abandonou a vida de sensei e agora trabalha voluntariamente em um centro comunitário.
Danny ainda detém 51% das ações da Rand, mas fica fora da empresa, que permanece sob os cuidados de Ward Meachum (Tom Pelphrey), que frequenta os narcóticos anônimos onde mantém uma relação sorrateira com sua madrinha Bethany (Natalie Smith, tornando Punho de Ferro a série Marvel com a maior quantidade de mulheres bonitas da Netflix).
O jovem herdeiro tem um emprego em uma empresa de transportes, aprendendo o valor de um dia de trabalho comum, e à noite, mantém sua promessa a Matt Murdock, de proteger Nova York contra as ameaças rasteiras abaixo do radar de gente como Os Vingadores.
Sua tentativa de equilibrar uma vida comum com o vigilantismo parece estar funcionando, ao menos até uma rixa entre duas facções da tríade, os Tigres Dourados e os Carrascos, ameaçar escalar para uma guerra aberta.
Como se a ameaça de um conflito entre gangues em Chinatown não fosse o suficiente, duas figuras do passado de Danny ressurgem simultaneamente. Joy Meechum (a gatona Jessica Stroup) e Davos (Sacha Dhawan) retornam à cena com agendas em conluio, deixando claro que o futuro do Imortal Punho de Ferro não será tranquilo.
Há, nesse primeiro episódio, um claro esforço do showrunner M. Raven Metzner em tornar Danny mais relacionável ao grande público. Sai o herdeiro arrogante pela fortuna e pelo sucesso no duelo com Shou-Lao, entra um homem humilde que está tentando encontrar um lugar no mundo fazendo o bem. Torná-lo menos ingênuo (ou menos burro, se considerarmos a monumental coleção de idiotices do personagem na primeira temporada e em Os Defensores) ajuda, e transformar sua má atitude em determinação, também.
Isso fica claro em sua conversa com Davos. Ambos têm suas razões. Danny acredita que, em última análise, ir para Nova York o colocou no caminho do Tentáculo e culminou na destruição da organização. O Punho de Ferro cumpriu seu papel. Davos advoga que o Punho de Ferro é o defensor de K'un Lun, e falhou em seu propósito pois a cidade foi devastada ao se ver despida de seu defensor.
Por mais primária que essa argumentação possa parecer, ela é um tremendo avanço comparada ao que tivemos no ano um, e ver que há, ao menos um esforço para dar voz e propósito mesmo aos antagonistas, é um puta alento, assim como tornar os Meachum menos folhetinescos.
No tocante à tramas paralelas, Coleen se envolve em uma missão pessoal após receber um artefato que pode estar ligado à sua família, e ainda há a presença de Alice Eve (outra bonitona) como a gentil Mary Walker, que obviamente tem alguns esqueletos no armário.
A breve amostragem de The Fury of Iron Fist acenas com uma bem-vinda melhora ao programa, esperemos que ela se mantenha nos capítulos vindouros.
"-O dinheiro, o negócio, nada disso me importa agora. Toda a minha atenção está voltada em proteger essa cidade.
-E onde você estava quando nossa cidade precisava ser protegida?"
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