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segunda-feira, 5 de agosto de 2019
Resenha Série: The Boys, Temporada 1, Episódio 1: The Name of The Game
Há um certo elemento de estranhamento em começar a assistir The Boys, da Amazon Prime Video, mais recente empreitada do serviço de streaming no filão cada vez mais amplo de adaptações de quadrinhos para outras mídias.
Estranhamento porque meu mais recente prazer super-heroico foi Vingadores: Ultimato (assisti à versão "estendida" após Homem-Aranha: Volta ao Lar, e a impressão deixada pelo filme da equipe é incomparavelmente mais duradoura), um longa, basicamente a respeito dos mais virtuosos heróis que qualquer mídia já viu, amplamente dispostos a (e ás vezes se estapeando pelo privilégio de) sacrificar suas vidas em nome do bem-estar de outrem, inspiradores, abnegados, maiores que a vida, enquanto a adaptação do quadrinho escrito por Garth Ennis e Derrick Robertson não poderia ser mais o oposto disso.
Desde sua primeira cena, onde dois adolescentes discutem quem venceria uma briga entre seus super-heróis preferidos, apenas para serem interrompidos por um carro-forte em fuga que, segundos antes de atropelá-los é interceptado pela gloriosa amazona indestrutível Rainha Maeve (Dominique McElligott), enquanto os criminosos são facilmente neutralizados pela visão de calor do Capitão Pátria (Antony Starr).
As óbvias referências à Mulher-Maravilha e ao híbrido de Superman e Capitão-América são apenas a ponta do iceberg.
Esse é um mundo habitado por super-heróis de verdade.
Eles existem em uma profusão ainda maior do que no Universo Marvel, todos têm super-poderes, são tratados como celebridades e a imensa maioria é agenciada pelo conglomerado midiático Vought, ou deseja sê-lo.
A Vought fatura bilhões de dólares usando seus heróis em filmes, séries, eventos esportivos e merchandising (mais ou menos como a Disney faz), e a joia na coroa da empresa capitaneada por Madelyn Stillwell (Elizabeth Shue) são Os Sete, um grupo composto pelos já mencionados Pátria e Maeve, mais o submarino Profundo (Chace Crawford), o invisível Translúcido (Alex Hessel), o soturno Black Noir (Nathan Mitchell), o velocista Trem-Bala (Jesse T. Usher) e procurando pelo seu novo sétimo elemento após a aposentadoria do Acendedor de Lâmpadas...
É onde entram em cena Hughie (Jack Quaid), e Annie (Erin Moriarty), dois habitantes desse mundo prestes a descobrir de formas distintas o que os heróis realmente são.
É discutível qual dos dois têm uma experiência pior com Os Sete, mas eu apostaria minhas fichas em Hughie.
O modesto vendedor de uma loja de áudio e vídeo tímido demais para sequer pedir um aumento a seu chefe de modo a poder morar com sua namorada, a espirituosa Robin (Jess Salgueiro), vê sua amada ser praticamente liquefeita pelo super-veloz Trem Bala, que mal para para reconhecer o que fez antes de seguir seu caminho.
Enquanto Hughie mal tem tempo de sair do funeral antes de ser procurado por um advogado da Vought com um cheque de 45 mil dólares e um acordo de confidencialidade, Annie passa por algo diferente.
Nascida com super-poderes, a jovem atende pelo codinome Luz-Estrela, e é uma super-heroína patrulhando a pequena cidade de Des-Moines e sonhando com um lugar à mesa d'Os Sete.
Quando seu sonho se realiza, e ela é selecionada para se unir à equipe baseado, não apenas em seus super-poderes, mas em sua aparência, background, e quais faixas-etárias têm mais chance de simpatizar com ela, a jovem não tarda a descobrir que seus antigos ídolos têm pés de barro logo em sua primeira interação com o Profundo.
Cada um a seu modo, Annie e Hughie são expostos à faceta mais sombria dos heróis idolatrados pelas multidões.
É quando entra em cena Billy Butcher (Karl Urban), que se apresenta como um agente do FBI disposto a ajudar Hughie a fazer justiça para Robin, mas para isso precisa de um favor, que envolve todo o tipo de coisa que Hughie não sabe, ou não quer fazer, e que, se fizer, pode virar sua vida de ponta-cabeça para sempre.
O episódio de estréia de The Boys é repleto de qualidades. O principal talvez seja o valor de produção.
Os efeitos visuais são ótimos, muito, muito acima da média para o que nos habituamos a ver na TV (sim, isso foi com vocês, séries da CW...), e o primeiro vislumbre da série prima pela diversão. O roteiro não é particularmente inspirado, mas é extremamente divertido, e o elenco é comprometido, em especial Erin Moriarty, roubando todas as suas cenas mesmo quando o script não é inspirado.
Não sou capaz de avaliar The Boys enquanto adaptação, já que não li o quadrinho no qual a série é baseada e The Name of The Game me lembra exatamente porque eu não leio quadrinhos de Garth Ennis.
O roteirista norte-irlandês odeia super-heróis.
Cada pessoa com super-poderes apresentada nos sessenta minutos do debute do programa, à exceção de Luz-Estrela, é um escroto, um pervertido, ou um psicopata, ás vezes tudo isso ao mesmo tempo, e eu me lembro do tratamento dispensado por Ennis aos demais personagens da Marvel durante sua longeva fase escrevendo o Justiceiro, que eventualmente foi separado do resto do universo 616, talvez para proteger os demais personagens de um psicopata armado que era capaz de surrar todos os supers que lhe apareciam pela frente, mais ou menos como Butcher e cia. parecem se preparar para fazer nos próximos capítulos de The Boys.
"-Ora, ora, ora, se não é o puto invisível..."
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Otimo post amigo.
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