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segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Resenha Série: Mindhunter, Temporada 2, episódio 1


Acho que foi lá pela metade de 2018 que, após receber a recomendação de meu irmão, resolvi tentar assistir Mindhunter enquanto as temporadas de minhas séries habituais já haviam terminado, ainda não haviam começado, ou estavam em seus malditos hiatos...
Lembro de ter visto o primeiro episódio e encarreirar em outros três, e ter parado, não porque quisesse, mas porque precisava acordar para o trabalho na manhã seguinte.
Foi com algum alívio que descobri que a primeira temporada da série fora lançada em 2017, o que garantia que eu não precisaria esperar mais de um ano até ver como a história dos membros da Unidade de Ciência Comportamental do FBI iria continuar após o final do décimo episódio, com Gregg Smith (Joe Tuttle) tendo entregue a verdadeira transcrição da conversa com Speck ao Escritório de Responsabilidade Profissional, e Holden Ford (Jonathan Groff) tendo um colapso nervoso nos braços de Ed Kemper (Cameron Britton) enquanto possivelmente havia um assassino em série em potencial vivendo nos arredores do condomínio de Wendy Carr (Anna Torv).
Muito do que ficou no ar como linha narrativa em potencial no apagar das luzes do décimo episódio da primeira temporada é solenemente varrido para debaixo do tapete na largada do segundo ano.
Há um novo chefe supervisionando a UCC.
O diretor-assistente Shepard (Cotter Smith) está se aposentando, e seu posto será assumido por Ted Gunn (Michael Cerveris). Gunn parece um entusiasta das metodologias conduzidas pela UCC, e de saída explica a Bill Tench (Holt McCallany) que está mais do que disposto a conseguir tudo o que a unidade precisar para que o FBI deixe de ser um depósito de casos frios e Quantico se torne a primeira alternativa quando o assunto for criminologia. E, quando Ted Gunn diz "tudo", ele inclui aí dar um jeito de o caso envolvendo a entrevista de Speck ser arquivado.
Antes disso, porém, o novo chefe quer falar com o garoto de ouro da unidade, mas Holden está internado em uma ala psiquiátrica na Califórnia sob pesada sedação após seu colapso na penitenciária.
Nada que Bill não possa resolver após voar meio país para resgatar seu parceiro que recebe uma receita para ansiolíticos e permissão para retornar aos seus afazeres.
Nem mesmo há mais nenhuma menção ao sumiço do gato alimentado por Wendy (ele deve ter morrido de causas naturais ou sido adotado por uma vizinha), tudo para garantir que a segunda temporada da série comece sem maiores nós atados com os eventos do episódio anterior e as novas tramas possam andar.
Holden está em uma posição de fragilidade nova.
Suas crises de pânico o tornam vulnerável de maneiras que sua vaidade intelectual ou o ciúme de sua ex-namorada não eram capazes de fazer, enquanto deixam claro que ele não tem a quem recorrer quando as coisas dão errado, exceto a seus colegas no FBI que não são exatamente seus amigos, mas basicamente pessoas incumbidas de vigiá-lo.
Wendy parece disposta a colocar suas reservas pessoais de lado porque realmente acredita no trabalho que a Unidade está fazendo com os perfis. Além do mais, após deixar Boston e a sombra da ex-namorada, ela não tem mais praticamente nenhuma vida social (apesar de seu flerte no bar de fuzileiros onde vai com Holden indicar que isso pode mudar no futuro próximo).
Bill, por sua vez, parece tanto acreditar no trabalho da UCC quanto não saber o que fazer em sua vida doméstica.
O sujeito que trabalha sessenta e cinco horas em uma semana não o faz meramente por amor ao ofício, mas porque é claramente doloroso pra ele viver em uma casa com um filho com quem é incapaz de se conectar tomando partido em ocasiões sociais onde sua esposa (Stacey Roca) passa o tempo todo o censurando por mencionar seu trabalho para as visitas.
Dirigido com a competência habitual por David Fincher em pessoa, o primeiro episódio de Mindhunter esbanja estilo desde sua primeira cena, a tensa "cold opening" que mostra a esposa do personagem ainda sem nome que temos acompanhado desde a temporada passada (Sonny Valicenti) sendo flagrado pela esposa em uma sessão de masturbação extremamente elaborada numa sequência que só não é mais desconfortável do que o discurso de Ford na festa de despedida de Shepard.
O início da nova temporada parece ansioso por iniciar uma nova linha narrativa, e não perde tempo em resolver praticamente todos os conflitos que ficaram pendurados no ano anterior para fazê-lo, tudo com o apuro técnico, as grandes atuações e o roteiro de gente grande que caracterizaram a primeira temporada.
Ótimo começo.

"Creio que os grandes feitos são realizados entre o método e a loucura, doutora Carr."

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