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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Resenha Filme: Superman (1978)

Hoje acontece, nos Estados Unidos, o lançamento de O Homem de Aço, filme que vai rebootar a origem do Superman nas telonas após um hiato de 7 anos do personagem longe dos cinemas.
Num pique de fanboy, eu, que cresci com toalhas amarradas no pescoço, assistindo aos filmes e desenhos animados, lendo os quadrinhos e brincando com os bonecos, pretendo fazer, no decorrer do mês que separa o lançamento norte-americano do filme do lançamento brasileiro, várias postagens em homenagem ao pai de todos os super-heróis.
Vamos começar, então, com o marco que fez muita gente, incluindo esse nerd que vos escreve, se apaixonar pelo personagem.


Em novembro de 1974, Ilya Salkind, seu pai Alexander Salkind e seu parceiro Pierre Spengler conseguiram, após uma complicada negociação, adquirir os direitos de produção para um filme com o mais icônico super-herói dos quadrinhos: O Superman.
O projeto, concebido por Salkind em 1973, viraria realidade após mais de um ano de negociações e preparações que contava até com a aprovação de uma pré-lista de nomes para o papel do herói (uma lista surreal que incluía nomes como Al Pacino, Dustin Hoffman, James Caan, Steve McQueen, Clint Eastwood e até o boxeador Muhammad Ali), e aprovação expressa de diálogos inteiros do personagem título pela editora DC Comics.
Porém, conseguir os direitos de filmagem era apenas o primeiro passo para levar o Superman além das páginas dos quadrinhos. O passo seguinte era conseguir uma história.
O roteirista originalmente contratado para escrever o filme, Alexander Bester, não era "famoso o bastante", segundo os produtores, que o substituíram contratando Mario Puzzo para a função, enquanto isso, uma lista de diretores tomava forma com gente do calibre de Steven Spielberg, George Lucas, Francis Ford Copolla, Willian Friedkin, Peter Yates e Sam Peckinpah (que saiu da disputa após sacar uma arma durante a reunião com os produtores).
Spielberg, preferido de Ilya, foi escanteado pois seu pai, Alexander, preferiu esperar pra ver como Tubarão se sairia nas bilheterias antes de oficializar o contrato.
O sucesso absurdo de Tubarão, fez Spielberg abrir mão de Superman para fazer Contatos Imediatos de 3° Grau, e quem acabou contratado para a direção foi Guy Hamilton, diretor de quatro filmes de 007 estrelados por Roger Moore.
Enquanto isso, Puzzo entregava um roteiro de 550 páginas para Superman e Superman II e Dustin Hoffman (inicialmente cotado para ser Superman) negava o papel de Lex Luthor.
A seguir, no início de 1975, Marlon Brando assinava um monstruoso contrato que, entre salário e porcentagem de bilheteria, somava 19 milhões de dólares para viver Jor-El, pouco depois Gene Hackman acertou para viver Luthor, enquanto os Salkind chegavam à conclusão de que o roteiro de Puzzo era muito bom e muito longo, e contratavam Robert Benton e David Newman pra encurtar as coisas.
Em 1976 o roteiro era finalmente apresentado, com 400 páginas para os dois filmes e cheio de gracinhas que incluíam até uma aparição de Kojak.
A pré-produção começou em Roma, com sets sendo construídos e testes de voo comendo grana da produção, e Marlon Brando descobrindo que não poderia entrar no país, pois tinha contra si uma ordem de prisão sob acusação de obscenidade sexual da época de O Último Tango em Paris, o que forçou a produção a se mudar para a Inglaterra, nos famosos Pinewood Studios e aí, novo problema, Guy Hamilton, diretor do filme não podia entrar na Inglaterra devido a problemas fiscais no país.
Os produtores, então, quase fecharam com Mark Robinson, de Terremoto, para comandar o filme, mas após assistirem A Profecia, tomaram sua decisão:
Era 1977 quando Richard Donner, diretor de A Profecia, foi contratado, pela bagatela de um milhão de dólares, pra ser o diretor do filme.
Donner entrou na produção chutando a porta. Um ano de trabalho dos produtores, diretores e até mesmo dos roteiristas anteriores foi pelo ralo, pois nada agradou a Donner, nem mesmo o imenso script de Puzzo, que segundo Donner, era muito bem escrito, mas ridiculamente longo, e cheio de um tom camp que não ia ao encontro do que ele queria para o personagem.
Tom Mankiewicz foi contratado para reescrever o filme, embora jamais tenha sido creditado como roteirista (seu nome constou na produção como consultor criativo).
Donner teria agora que escolher o ator que interpretaria o Superman (Além da lista inicial, o papel já havia sido oferecido a Robert Redford, que julgou-se famoso demais pro papel, Burt Reynolds, que também negou, Paul Newman, que negou os papéis de Superman, Luthor e Jor-El, e Sylvester Stallone que depois de Rocky estava louco pelo papel mas jamais foi procurado), e decidiu-se escolher um desconhecido para vestir o colante azul-piscina.
O diretor de elenco Lynn Stalmaster chegou a sugerir o desconhecido Christopher Reeve para o papel, mas Donner e os Salkind o acharam muito jovem e magrelo para o papel, que teve mais de 200 testes.
Gente como Neil Diamond, Arnold Schwarzenegger, Kris Kristofferson, Charles Bronson, Christopher Walken, Jon Voight e Nick Nolte (procurado por Donner e que afirmou que faria o filme se pudesse interpretar um Superman esquizofrênico) foram considerados e Patrick Wayne, filho de John Wayne, chegou a ser escalado, mas se afastou da produção quando seu pai adoeceu, até mesmo o dentista da esposa de Salkind foi testado porque ela o achava a cara do personagem dos quadrinhos.
Apenas em fevereiro de 77 Stalmaster conseguiu que Reeve fosse testado para o papel, e o ator assombrou Donner e os produtores com sua performance, sendo contratado por míseros 250 mil dólares.
Ao invés de usar um traje musculoso sob o colante, conforme foi sugerido, Reeve se aplicou em um severo regime de exercícios físicos estabelecido por David Prowse (isso mesmo, o Darth Vader), que chegou pedir o papel de Superman mas foi descartado por ser inglês.
O treinamento de "Darth" Prowse deu resultado, e Reeve foi de 85 a 106 quilos durante a pré-produção.
Entre março e maio de 77, mais uma batelada de testes, dessa vez para escolher a Lois Lane da vez.
Mais de cem atrizes foram testadas, incluindo Stockard Channing, de Grease - Nos Tempos da Brilhantina, as lindonas Anne Archer e Deborah Raffin, Lesley Ann Warren, e Margot Kidder, sugestão de Stallmaster, que acabou ficando com o papel que disputou até os acréscimos com Channing.
As filmagens em si foram tão complicadas quanto a pré-produção e a escolha de equipe e elenco.
Donner não se bicava com Spengler e os Salkind, que o atormentavam com cobranças frequentes sobre a agenda da produção e seu orçamento. A relação do diretor e dos produtores azedou tanto que Richard Lester, parceiro antigo dos Salkind foi contratado como co-produtor para fazer o meio-campo entre as partes que já não se falavam mais.
Com 80 % das filmagens de Superman II concluídas(Os dois filmes estavam sendo rodados simultaneamente), os produtores resolveram pedir que Donner se concentrasse em terminar logo o primeiro filme para que ele fosse lançado de uma vez.
Por mais estranho que pudesse ser pra um filme que sofreu tanto na pré-produção com idas e vindas, contratações e demissões e um set onde aparentemente todo mundo se odiava, Superman chegou aos cinemas em dezembro de 1978, e incrivelmente, tornou-se um sucesso estrondoso.
O longa de Richard Donner mostrava a destruição de Krypton, a chegada de Kal-El à Terra, sua adoção pelos Kent, a descoberta de sua herança Kryptoniana, a ida à Metrópolis e sua primeira altercação com a maior mente criminosa de nosso tempo: Lex Luthor.
O elenco era espetacular, funcionando à perfeição sob a batuta firme de Donner, que se abraçou à bandeira da verossimilhança pra escapar de armadilhas como a tele-série de Batman com Adam West.
Christopher Reeve emprestou uma nobreza insuspeita ao personagem, conseguindo envergar um uniforme que, em qualquer outro ator, seria ridículo, e torná-lo icônico.
Gene Hackman era um Luthor galhofeiro e megalomaníaco que sabia ser sinistro quando precisava, e Margot Kidder tinha atitude o suficiente pra fazer a gente esquecer que ela não era uma mocinha das mais bonitas.
Os efeitos especiais (hoje risíveis, mas espantosos para a época), a música de John Williams, que ainda hoje é sinônimo de Superman, se uniam para fazer fedelhos (como eu fui) perder o fôlego cada vez que os acordes da fanfarra que anunciava os feitos hercúleos do herói se faziam ouvir.
E a história, carregada de inocência, pureza e acima de tudo qualidade, fez surgir, de uma produção maluca e cheia de problemas, uma obra prima do cinema muito além dos super-heróis.
Um filme com as melhores qualidades de uma boa aventura, romance, vilões malvados, grandes efeitos visuais, tudo isso unido através da esperteza de Donner, que se isolou dos produtores do filme para fazer o longa que queria, e que foi o que funcionou.
Superman influenciou todas as melhores adaptações de quadrinhos que vieram depois (Os X-Men de Bryan Singer, os Homens-Aranha de Sam Raimi e até mesmo os Batmen de Christopher Nolan), tem lugar cativo no coração dos fãs de quadrinhos, e na lista de melhores adaptações de todos os tempos, além de deixar um par de sapatos muito grande pra ser preenchido por todas as adaptações do pai dos Super-Heróis que vieram e ainda virão...

"Eles poderiam ser um grande povo, Kal-El. Desejam ser. Só lhes falta a luz para mostrar o caminho. Por essa razão acima de tudo... Por sua capacidade para o bem. Eu lhes envio você. Meu único filho."

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