Que os quadrinhos se tornaram, de certa forma, a salvação dos grandes estúdios de cinema nos últimos quinze anos, todo mundo já sabia. O que nem todo mundo sabe, é que antes de a celuloide investir pesado pra tirar seres super-poderosos das páginas dos gibis e transportá-los para as telonas, os pixels já faziam isso.
Essa lista vem, então, fazer justiça aos games que, muito antes de o Tobey Maguire vestir o colante do Homem-Aranha, ou do Robert Downey Jr. aparar a barba pra entrar na armadura do Homem-de-Ferro já tinham ajudado os heróis dos gibis a extrapolar a barreira do papel e da tinta em mais um infame top-10 Casa do Capita, desta vez dedicado a games de super-heróis.
Observações importantes:
Pra essa lista valem apenas games que sejam adaptações de quadrinhos, em especial de quadrinhos de super-heróis, logo ficam de fora games como os da série InFamous, por exemplo.
Considerando que alguns personagens tiveram mais sorte que outros, não restringi a lista a um único game de cada personagem, me interessei apenas pela qualidade e fator de diversão dos games.
Sem mais delongas, à lista:
10 - X-Men Origins - Wolverine (Raven Software, Activision, 2009)
Estranho caso de filme porcaria até a raiz da alma que gera um game bacana. Se o filme solo do Wolverine era um samba do mutante doido que chegava a dar náusea, o game acertou a mão ao misturar um jogo simples de plataforma 3-D com dois elementos chave da mitologia do mutante canadense: Seus poderes, e violência desenfreada.
É até meio sádico deixar Logan ser esfaqueado, queimado e baleado apenas para poder ver o fator de cura refazendo seu corpo retalhado antes de sair decepando membros e picotando torsos em um dos famigerados acessos de ira de James Howlett.
Isso, claro, não seguraria o game sozinho, mas o bom trabalho de dublagem encabeçado por Hugh Jackman, a diversão de liberar a fúria do mutante mais popular dos gibis, e a história, mais entranhada na raiz do quadrinho do que no filme, seguram o roldão.
9 - Batman Returns (Konami, 1993)
Eu contava moedinhas pra ir à locadora jogar Batman Returns no Super Nes junto com meu amigo André quando tínhamos uns dez, onze anos de idade.
Batman Returns era daqueles jogos de side scrolling tradicionais, em que tu vai andando e esmurrando os vilões que aparecem no caminho ao melhor estilo Final Fight ou Double Dragon, o diferencial além do game ser baseado no segundo filme do morcegão todo de preto interpretado por Michael Keaton, era a dificuldade.
Batman Returns era extremamente difícil, com poucas vidas pra gastar e inimigos apelativos que matavam com dois ou três golpes.
Me lembro da alegria desesperada de conseguir um password que dava dez vidas no começo do game. Única forma de quem não tinha videogame em casa, como eu, conseguir terminar aquela bagaça.
8 - Teenage Mutant Ninja Turtles IV - Turtles in Time (Konami, 1991)
Outro game de Super Nes, esse game das Tartarugas Ninja, quarto de uma série de jogos baseado no desenho animado dos quelônios marciais que era hit absoluto das manhãs da Xuxa, era bem melhor na versão arcade.
Outro game simples, estilo ande e espanque seus inimigos, Turtles in Time fazia Leonardo, Donatello, Rafael e Michelangelo vagarem por épocas distintas enfrentando os ninjas do Clã do Pé procurando pela repórter April O'Neil, sequestrada pelo Destruidor.
Jogar no fliperama com mais três amigos, cada um controlando uma tartaruga era a experiência mais próxima de ser um réptil mutante na vida real
7 - Spider-Man 2 (Treyarch, Ativision, 2004)
Estava entre esse game e o ótimo Spider-Man, de 2000, lançado pra Playstation e Nintendo 64, a inovação, porém, pendeu a balança pro lado desse Spider-Man 2.
Spider-Man 2 era um game que adaptava livremente o filme de mesmo título em 2004. Como a versão anterior, Spider-Man, de 2002, o game contava com dublagens dos atores envolvidos na produção, Tobey Maguire, Kirsten Dunst, e Alfred Molina, o vilão Doutor Octopus.
O diferencial de Spider-Man 2 com relação ao sucessor era que, pela primeira vez, o herói de cabeça de teia poderia se movimentar por um mundo livre, ao melhor estilo sandbox, sem ficar preso aos mapas restritivos de games anteriores.
Agora, se existe um herói feito para games de mundo livre, esse herói é o Homem-Aranha. E o game mostrou o quanto isso era verdadeiro ao dar para o escalador de paredes e cada um dos jogadores, um playground do tamanho de Nova York onde brincar.
6 - X-Men x Street Fighter (Capcom, 1996)
Não existia nenhum jogo de luta de super-heróis digno de nota até a Capcom investir pesado e misturar os mutantes mais famosos dos gibis com os lutadores de rua da franquia de luta mais cultuada dos games.
O resultado era filas homéricas em fliperamas por toda a parte e as inevitáveis rodinhas de discussão onde os gamers trocavam dicas e experiências sobre como vencer o ataque maluco do Wolverine. Além de tudo isso, deu origem aos games da série Marvel Vs Capcom, que ainda hoje geram ótimos frutos para os gamer que são amantes de uma boa pancadaria.
Se isso não é ser bem sucedido, então não sei mais o que é...
5 - The Incredible Hulk - Ultimate Destruction (Radical Entertainement, Sierra Entertainement, 2005)
The Incredible Hulk, que eu fritei de tanto jogar no Game Cube era um ótimo jogo. A mistura de mundo aberto ao estilo GTA com os poderes destrutivos do Golias Esmeralda garantiam horas de jogo em que qualquer fã de quadrinhos não se cansava de esmurrar, saltar, demolir e estraçalhar policiais, carros, tanques, helicópteros, robôs gigantes, e até edifícios inteiros.
Um sistema de jogo sem frescuras, bons gráficos, música e som honestos e uma história simples e eficiente ao evocar o cânone dos gibis, garantiam a qualidade de um game tão maneiro, que anos depois foi descaradamente copiado pela Sega ao desenvolver o game do filme O Incrível Hulk.
4 - X-Men: Legends (Raven Software, Activision, 2004)
"Sozinhos, vocês são poderosos, juntos, são lendas.". Essa era a frase de capa de X-Men Legends, o jogo que deu origem ao estilo RPG de ação em plataforma 3-D como os Marvel Ultimate Alliance da vida.
X-Men Legends ainda deixava cada um de nós ser o Professor Xavier e escolher a formação ideal de X-men para cada uma das missões, isso aliado a uma história com alto nível de imersão para qualquer leitor de quadrinhos e um respeito desgraçado para com o cânone mutante.
Quem nunca suou a camisa pra completar uma missão que ficou mais difícil do que poderia porque tu preferiu escolher teus mutantes favoritos ao invés dos mais aptos à tarefa que atire a primeira rajada ótica.
3 - Ultimate Spider-Man (Treyarch, Activision, 2005)
Se Spider-Man 2 era um ótimo jogo de mundo aberto estrelado por um personagem que nasceu pro sandbox, Ultimate Spider-Man ampliou o escopo da coisa de uma maneira fenomenal.
O game era baseado nos bem sucedidos quadrinhos de Michael Bendis e Mark Bagley, e tinha uma história escrita pelo roteirista e gráficos que emulavam à uma irritante perfeição, a arte do desenhista alemão.
Agora, muita gente acha que o problema de Bendis nos roteiros é a exposição excessiva e a ausência de ação. No videogame, a forma de Bendis contar histórias encontrou na urgência da pancadaria do game de ação o equilíbrio perfeito.
O jogo era excelente, e mesmo quem não era fã da versão ultimate do herói aracnídeo se divertia na hora de enfrentar vilões da forma como o Homem-Aranha faz nos quadrinhos, sem parar de se mexer, e atacando de maneira violenta depois de dar aquela volta no inimigo.
Juntava-se a isso um trabalho de dublagem acima da média, a possibilidade de jogar como Venom (adorado por legiões de fãs), além das participações especiais de personagens como Wolverine, Silver Sable e Nick Fury, e tá aí, o melhor jogo já estrelado pelo espetacular Homem-Aranha.
2 - Batman - Arkham Asylum (Rocksteady Studios, Warner Interactive, 2009)
Arkham Asylum foi o game que finalmente mostrou todas as qualidades do Batman fora das páginas dos quadrinhos.
Batman Arkham Asylum mostrava como funcionou o elaborado estratagema do Coringa para prender o Batman dentro do asilo Arkham durante uma rebelião regada a Veneno, e convidava o player a vestir o capuz do morcego e impedir o príncipe palhaço do crime de vencer o duelo.
Além de explorar todas as facetas do personagem, sua veia de detetive, de predador noturno, de lutador e de cientista, Arkham Asylum ainda tinha uma história digna dos melhores quadrinhos do morcegão, toneladas de referências a personagens dos gibis, uma atmosfera opressiva de survival horror, duelos que se tornam clássicos como a luta psicológica com o Espantalho, ou o jogo de gato e rato com o Crocodilo, de fazer o gamer suar frio, gráficos de primeiríssima linha, e a clássica dobradinha Kevin Conroy/Mark Hammil na dublagem do Batman e do Coringa.
Um sistema de jogo eficaz e simples o suficiente pra fazer qualquer piá tetudo de apartamento se sentir o próprio cavaleiro das trevas, e um único defeito:
Ser curto.
1 - Batman - Arkham City (Rocksteady Studios, Warner Interactive, 2011)
Arkham Asylum era um game quase perfeito, como eu disse ali em cima. Seu único defeito era a curta duração. Era jogo pra se acabar em uma semana e isso se tu não pudesse passar horas na frente do videogame.
Esse defeito foi remediado na sequência Batman - Arkham City.
Na ótima trama do jogo, uma porção de bairros antigos de Gotham foi murada, transformando-se em Arkham City. Uma prisão a céu aberto onde a bandidagem rasteira de Gotham cuidaria de seus próprios assuntos sem jamais se misturar com a boa gente da cidade.
Obviamente esse tipo de abordagem aos problemas de Gotham não agradava Bruce Wayne/Batman, que, ao erguer sua voz contra o projeto, era capturado em sua identidade civil e encarcerado pelo diretor de Arkham City, Hugo Strange, conhecedor da identidade secreta de Batman!
Daí pra frente começava uma longa noite de luta e investigação do Homem-Morcego para desvendar os mistérios por trás de Arkham City em uma intrincada trama cheia de ramificações que obrigava o player a se dividir em um punhado de objetivos diferentes e missões secundárias estreladas por inúmeros personagens dos quadrinhos e ainda tinha uma outra linha narrativa paralela estrelada pela Mulher-Gato.
Em uma palavra: Perfeito!
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