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sábado, 29 de junho de 2013

Resenha Cinema: O Homem de Aço


Superman - O Retorno, de 2006, foi um filme de bilheteria relativamente morna. Menos de 400 milhões de dólares para um filme que, entre produção, e marketing, consumira quase trezentos milhões, mais de trezentos, se considerarmos tentativas fracassadas que consumiram muita grana da Warner Bros. sem jamais ver a luz do dia, como a visão de Tim Burton para o personagem.
Essa falta de retorno, ou ao menos do retorno esperado, acabou engavetando o projeto que existia para uma sequência d'O Retorno, em 2009.
A questão é que, com a Marvel montando um rentabilíssimo universo cinematográfico à imagem e semelhança dos quadrinhos, conseguindo fazer dinheiro até com personagens difíceis como Thor e Capitão América, e com os Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan rendendo rios de dinheiro, e obtendo respostas positivas de público e crítica, a DC estava sentada em cima de uma mina de ouro, mas não sabia garimpá-la.
A primeira tentativa, aliás, foi um retumbante fiasco.
O Lanterna Verde de Martin Campbel e Ryan Reynolds naufragou bonito, mostrando que a DC/Warner não tinha a manha da Marvel pra usar personagens de segundo escalão no cinema, de modo que era preciso apostar nos pesos pesados.
Enquanto a DC fazia reuniões com seus principais roteiristas para tentar encontrar uma direção em que seguir com seu maior herói, Christopher Nolan terminou seu conto sobre o Batman com O Cavaleiro das Trevas Ressurge, e a DC logo pensou que ele poderia ter uma coisa interessante para dizer sobre o outro grandão da Diabólica Companhia.
Nolan ganhou o posto de produtor, e liberdade criativa para dar uma nova visão do Superman ao lado de seu parceiro de Batman, David Goyer, que ficou com os roteiros, enquanto o escalado para a direção foi Zack Snyder, de Watchmen e 300.
Parecia um bom time.
Escolhido para envergar a capa vermelha e o colante azul, surgiu Henry Cavill, de The Tudors, que chegou a ser testado quando da escolha de Brandon Routh em Superman - O Retorno.
Lois Lane ganhou o nariz pontudo e a cabeleira ruiva de Amy Adams, enquanto Laurence Fishburn seria Perry White. O longa flertou com Daniel Day-Lewis para o papel de Jor-El, mas quem ficou com o trabalho foi outro oscarizado: Russel Crowe.
Ayelet Zurer, daria feições a Lara Lor-Van, enquanto os pais terrenos do Homem do Amanhã, Jonathan e Martha Kent, seriam vividos por Kevin Costner e Diane Lane.
As pessoas se perguntavam, porém, quem seria o ator escalado para viver Lex Lut, ops, o vilão do longa.
Surpresa.
o bom Michael Shannon, de As Torres Gêmeas e O Abrigo viveria, não Luthor, mas o general Zod, vilão que garantiria a pancadaria pela qual todos os fãs ansiavam desde que Christopher Reeve saiu no tapa com Non, Ursa e Zod em Superman II - A Aventura continua.
A ele juntou-se Antje Traue, como Faora-Ul.
Com as peças dispostas no tabuleiro era oficial: Após um hiato de sete anos, o Superman retornaria à telona.
A despeito da desastrada estratégia da Warner, de atrasar a estreia brasileira do filme em quase um mês com relação à americana (14 de junho lá, 12 de julho, aqui...) por conta da Copa das Confederações, as sessões de pré-estreia, como a que eu peguei ontem, aliviaram a espera dos fãs.
Com O Homem de Aço conferido, posso dizer que, pra mim, é o segundo melhor filme de Superman já feito.
O Homem de Aço abre em Krypton, mundo moribundo devido à exploração energética do núcleo do planeta.
O cientista Jor-El (Russel Crowe, um dos melhores atores em atividade, brincando de atuar), antevendo a destruição de Krypton, pretende salvar seu filho e a herança de seu mundo enviando o recém nascido para outro planeta, onde ele poderá viver e crescer para dar sequência à linhagem de seu povo.
Seus esforços esbarram na teimosia do alto conselho de anciãos de Krypton, não convencidos da urgência do apelo de Jor-El, e da tentativa de golpe militar engendrada pelo general Zod (Shannon, ótimo.), que acredita nas previsões do cientista, embora tenha planos um pouco diferentes para impedir a extinção de sua raça.
Enquanto os militares se digladiam, Jor-El escapa, e rouba a matriz genética Kryptoniana, que é colocada junto de seu filho, Kal-El.
Auxiliado por sua esposa, Lara (Zurer, discreta e estilosa), Jor-El envia seu filho para a Terra, enquanto o golpe de Zod é contido pelo governo Kryptoniano, e o vilão e seus asseclas são condenados à Zona Fantasma, pouco antes de o núcleo de Krypton sucumbir e o planeta ser destruído.
O filme corta, então para um jovem Clark Kent (Cavill, muito bem), já adulto, pulando de emprego em emprego enquanto usa seus superpoderes em segredo para impedir catástrofes aqui e ali.
Enquanto corre o mundo em busca de uma resposta à pergunta que o persegue desde a infância (O filme é entrecortado por flashbacks que levam a audiência a revisitar momentos do crescimento de Clark, a descoberta de seus poderes, e como ele aprendeu a controlá-los), até descobrir uma antiga nave Kryptoniana no ártico, onde finalmente conhece sua herança.
A questão é que a nave descoberta por Clark, ao ser ativada, envia um sinal de alerta a Zod e os seus soldados, que foram libertados da Zona Fantasma após a destruição de Krypton e após 33 anos vagando pelo espaço à procura de colônias Kryptonianas, finalmente sabem onde estão Kal-El e a matriz genética de Krypton, trazendo o vilão diretamente para a Terra, onde Clark Kent, finalmente sabendo quem deve ser, terá que decidir como vai lidar com essa crise.
O Homem de Aço é ótimo.
O longa encontra o tom ao contar a história de um homem desorientado procurando por seu lugar no mundo, e do peso que aceitar esse lugar depositará sobre seus ombros.
O roteiro de Goyer e Nolan e a direção de Snyder, fugindo (ainda bem) do seu estilo habitual, cheio de slow motion, conseguem capturar a essência do Superman e movê-la para um mundo real bem ao gosto de Christopher Nolan, onde, mais do que nunca, um farol de moralidade é necessário, mas as escolhas difíceis estão em cada curva do caminho.
Henry Cavill mostra que pode ser esse farol.
O ator britânico se livra da maldição do Superman ao não tentar (e nem ser forçado a tentar) emular Christopher Reeve. Seu Superman/Kal-El/Clark Kent funciona em uma nota totalmente diferente da versão doçura/macheza de Reeve, mostrando um homem hesitante, confuso, mas cheio de boas intenções, encontrando seu extremo oposto no Zod de Michael Shannon, um homem de fibra inabalável que sabe exatamente o que tem que fazer para garantir a sobrevivência de sua raça não importa o preço.
Nessa relação de dualidade entre os antagonistas, pela orientação de Clark/Kal-El por seus dois pais, Jor-El e Jonathan Kent, descansa o ponto alto do filme, que tem lá suas falhas, como uma tendência à hiper exposição, um pouco de pressa no desfecho do primeiro ato, e uma certa insistência em enfiar Lois Lane no centro da ação o tempo todo, nada que atrapalhe o desenvolvimento da história, ou que impeça a audiência de aproveitar o filme, que ainda é uma fita de super-herói, e como tal, não fica devendo nada em termos de cenas de ação e sequências de luta devastadoras entre criaturas super-poderosas mais destrutivas que as forças da natureza.
Em suma? O filme funciona perfeitamente, alicerçando o caminho de um Superman que ainda não é o maior dos heróis, mas dá o primeiro passo para sê-lo. Que venham os outros.

"Você pode salvá-la. Você pode salvar a todos"

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