Supermemorial. Tá chegando a hora. Hoje veremos como foi a quarta incursão do Superman à tela grande, a última antes do hiato de quase vinte anos do herói longe dos cinemas:
Em 1983, após a recepção morna de Superman III por público e crítica, e o fiasco de Supergirl (1984), Ilya Salkind, o grande entusiasta da cinessérie do Superman, achou que os filmes estrelados pelo escoteiro azulão haviam dado o que tinham pra dar (Aparentemente a mania de trilogias já tinha chegado ao seu ápice, e, vejam vocês, os terceiros filmes eram os piores, já naquela época...), e sua ideia de um quarto longa estava indo pra gaveta.
Foi quando entrou em cena a Cannon Films, produtora chefiada por Menahen Golan e Yoram Globus, papas dos filmes de baixo e médio orçamento que financiaram praticamente toda a filmografia setenta/oitentista de Chuck Norris (E que graças a Odin faliu antes de cometer um filme do Homem-Aranha para o qual já havia adquirido os direitos). A Cannon comprou os direitos dos Salkind para realizar uma nova aventura do pai dos super-heróis.
A primeira coisa que Golan & Globus fizeram foi convencer Christopher Reeve a usar novamente o colante azul-piscina.
O problema é que Reeve estava desgostoso com o resultado do terceiro longa, e mostrou-se relutante em aceitar o papel. Os novos produtores da franquia, então, propuseram que Reeve escrevesse o roteiro do filme (O que ele faria ao lado de Mark Rosenthal e Lawrence Konner), prometeram financiar um projeto escolhido pelo ator após a realização de Superman IV, e ainda aventaram a possibilidade de Reeve dirigir o Superman V, caso o quarto longa fosse um sucesso.
Dessa proposta irrecusável, mais a veia pacifista de Reeve, surgiu Superman IV - Em Busca da Paz, dirigido por Sidney J. Furie, da capenga série Águia de Aço, e co-estrelado por Gene Hackman (retornando ao papel de Lex Luthor), Margot Kidder (De volta como Lois Lane após ser castigada com uma participação de cinco minutos em Superman III por ter assumido o lado de Richard Donner na briga do diretor com os Salkind durante a gravação dos dois primeiros longas), Jackie Cooper (Perry Whyte), Mark McClure (Jimmy Olsen), e com os reforços de Jon Cryer (É, o Alan Harper de Two and a Half Man), como Lenny Luthor, sobrinho de Lex e Mariel Hemingway.
Na trama, após receber uma carta de um menino chamado Jeremy, preocupado com as tensões entre Estados Unidos e União Soviética muito perto de iniciar uma guerra nuclear, Superman viaja à Fortaleza da Solidão para procurar conselho de seus ancestrais kryptonianos acerca do que deve fazer. Aconselhado a não interferir e procurar um novo lar (Gente finíssima esses conselheiros kryptonianos mortos...), o Superman pede uma sugestão a Lois, e, após tomar sua decisão, o herói se pronuncia nas Nações Unidas, onde diz que irá livrar o planeta das armas atômicas.
O homem de aço inicia então uma sanha pacifista, e captura a maior parte das armas nucleares do planeta, junta todas em uma imensa rede na órbita da Terra, e as arremessa no Sol.
Enquanto isso, Lenny Luthor liberta seu tio da prisão, os dois viajam a Metrópolis, onde roubam de um museu um fio de cabelo do Superman. Desse fio de cabelo, Luthor cria uma matriz genética do último filho de Krypton, e a prende a um míssil nuclear prestes a ser testado pelos EUA. Assim que o míssil é disparado, o Superman o apanha, e arremessa no Sol junto com os demais (Superman, chato pra caramba, interceptando até míssil de testes...).
Da explosão do míssil na superfície do Sol, surge uma criatura super-humana, o Homem Nuclear (Mark Pillow), que imediatamente voa até a Terra para encontrar Luthor, a quem reconhece como seu pai.
Enquanto isso, no Planeta Diário, David Warfield, magnata dos tablóides, compra a maior parte das ações do Planeta, e demite Perry Whyte, contratando sua filha Lacy (Hemingway) para a posição de editora.
É quando o Homem-Nuclear ataca, e após uma violenta (não tanto) batalha, infecta o Superman com uma dose de radiação venenosa de suas garras (Sim, garras), deixando a Terra à mercê de Luthor e de sua tenebrosa criação.
Derrotado e doente, o Superman precisa encontrar uma forma de se recuperar e impedir que seu arqui-inimigo alcance a vitória.
Muito ruim é o mínimo que se pode falar desse Superman IV - Em Busca da Paz.
Direção porcaria, roteiro pouquíssimo inspirado, vilões meia-boca, elenco pagando as contas, (d)efeitos especiais vergonhosos criados a toque de caixa (o orçamento do filme foi cortado de US$35 milhões iniciais, para 17 milhões, pois a Cannon tinha cerca de 30 projetos em andamento no mesmo período, incluindo o filme do He-Man, Mestres do Universo, estrelado por Dolph Lundgren e Courtney Cox) numa produção tão a cara da filmografia de Golan & Globus que, em sua autobiografia, Reeve chegou a lamentar a falta de uma consideração especial da produtora para com Superman IV.
No fim das contas, a carência de investimento no filme é flagrante em cada cena (Até o poster do filme é mal-feito), e a paupérrima produção, que fez um resultado igualmente paupérrimo nas bilheterias, acabou enterrando o Homem de Aço nos cinemas até o boom das produções de heróis nos anos 2000, mas falaremos disso mais adiante.
Se há algo digno de nota em Superman IV, é que foi a última vez que Christopher Reeve, o intérprete definitivo do personagem, o sujeito que, ao lado de Richard Donner, convenceu o mundo que o homem podia voar, envergou a capa vermelha, e que, exceto por uma breve participação no seriado Smallville, encerrou a ligação do ator com o personagem.
Pena. A relação Superman/Reeve certamente merecia uma despedida com mais pompa.
"Eu só desejo que vocês pudessem ver a Terra da maneira como eu vejo. Pois quando você realmente olha pra ela, é apenas um mundo."
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