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quinta-feira, 10 de julho de 2014

Resenha Blu-Ray: 300 - A Ascensão do Império


Era muito claro que a Warner queria lucrar mais um pouco com 300, filme baseado na mini-série em quadrinhos de Frank Miller, baseada no filme Os 300 de Esparta, de 1962, de onde, por sinal, vêm as melhores frases de efeito tanto do quadrinho de Miller quanto do filme de Zack Snyder.
300 fez bastante sucesso, era um filme de 65 milhões de dólares todo realizado com tecnologia de previsão do tempo, e faturou mais de 456 milhões de dólares só em bilheterias. Era uma fita de ação bacana e estilosa que não poupava na violência e na nudez, e, a despeito da tensão homoerótica e de não ser um filme que suportava bem uma segunda assistida, encontrou seu lugar no coração dos fãs naquela galeria de filmes de quadrinhos que não são de super-heróis.
Então até que demorou para 300 - A Ascensão do Império, surgir. Parte da demora (o filme original é de 2006) devia-se ao fato de que não havia fonte para um segundo longa. Apenas em 2011 Frank Miller começou a publicar Xerxes, que, por sinal, permanece inconclusa, mas que serve de base para a sequência, novamente co-escrita por Zack Snyder (ao lado de Kurt Johnstad), também produtor do filme, que deixou a direção a cargo de Noam Murro (Que tinha um único longa no currículo, Vivendo e Aprendendo, de 2008).
O longa, poderia se chamar "De 299 a 301", já que se passa antes, durante e depois do original, e mostra a guerra entre Pérsia e Grécia pelo ponto de vista do ex-general ateniense Temístocles (Sullivan Stapleton), o homem que matou o rei Dario (Igal Naor) e acendeu, no coração de Xerxes (novamente Rodrigo Santoro) o ódio pelos gregos.
Auxiliado, e as vezes manipulado, pela bela e vingativa comandante Artemísia (Eva Green, lindona, ponto alto do filme), a mulher responsável por torná-lo um Deus-Rei, Xerxes lança sua ira contra toda a Grécia para vingar a morte de seu pai.
Ante o ataque iminente, Temístocles tenta unir as polis gregas para enfrentar os exércitos persas, mas as diferenças políticas se fazem notar, e Atenas e Esparta lutam isoladas, a primeira no mar, a segunda nos portões de fogo.
Após a derrota de Leônidas e seus homens, e a destruição da maior parte da frota naval ateniense, Xerxes avança rumo a Atenas, obrigando Temístocles a, novamente, pedir ajuda de Esparta e das demais cidades-estado quando os Persas estão destruindo a mais coruscante joia da Grécia.
Mas mesmo se tal reforço vier, será suficiente para suportar a ira das forças infinitas do Rei-Deus?
Horrível.
No comecinho de 300, quando o emissário persa pede a oferta simbólica de terra e água ao rei de Esparta, Leônidas tergiversa dizendo que soube que a mesma proposta fora feita a Atenas e negada. Ele diz que não ficaria bem para Esparta aquiescer ao pedido se "aqueles filósofos e pederastas" negaram.
Bem, 300 - A Ascensão do Império, é uma tentativa de reproduzir o filme anterior com os filósofos pederastas de capa azul no papel de mocinhos. E, claro, não funciona.
O roteiro de Snyder e Johnstad é tenebroso, pueril, mal escrito, cheio de furos, frases vazias e diálogos embaraçosos. Não sei quanto da culpa recai sobre Frank Miller porque não li os números já lançados de Xerxes, mas vendo esse filme e me lembrando de Sucker Punch, me causa um pouco de receio do que pode sair do roteiro de Batman v Superman - Dawn of Justice, a cargo de Snyder e David S. Goyer.
Não bastasse o script péssimo, a direção de Noam Murro não ajuda em absolutamente nada.
O diretor não tem um décimo da boa mão para ação de Snyder, mesmo usando à exaustão os slow motion, fetiche visual do longa anterior, as lutas do filme são vexatórias, o sangue digital jorra aos borbotões de uma maneira quase cômica de tão caricata, e as sequências de batalha são tudo nessa vida, menos épicas.
Pra piorar, existe uma sugestão de romance entre Temístocles e Artemísia que é absolutamente artificial, e resulta numa cena de sexo tão burlesca que chega a causar vergonha alheia e onde só saem com dignidade inabalada os gloriosos peitos de Eva Green.
Do elenco, inclusive, só ela se salva.
Mesmo prejudicada pelo texto primário, ao menos a francesa ganha um background para sua personagem, feita sob medida pra sensualidade malvada da intérprete. Rodrigo Santoro também acaba conseguindo escapar do fiasco, mas mais porque não chega a ter vinte minutos em cena.
Stapleton Sullivan é uma óbvia má escolha para o papel principal, incapaz de emular a macheza camarada de Gerard Butler ele apenas faz caras e bocas enquanto vomita os diálogos vexatórios do escript, assim como seus parceiros Callan Mulvey (que interpreta Scyllias, personagem com um intragável arco dramático de pai e filho) e Hans Matheson, todos claramente deslocados em seus papéis.
Não bastasse apresentar uma porção de personagens ruins, 300 - A Ascensão do Império ainda faz o favor de estragar alguns dos personagens interessantes do filme anterior, Dilios (David Wenham) e a Rainha Gorgo (Lena Headey) fazem figurações que só servem pra contradizer o final do primeiro longa e diluir sua importância numa clara demonstração do que acontece quando se faz uma sequência a qualquer custo de um filme que se encerrava satisfatoriamente em si próprio.
Em suma?
300 - A Ascenção do Império é igual a 300, só que ruim.
Espere sair na TV a cabo. Não vale a locação.

"Eu prefiro morrer livre a viver como um escravo... Mesmo se estivesse acorrentado a você."

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