Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
Pesquisar este blog
sexta-feira, 25 de julho de 2014
Resenha Cinema: 13° Distrito
Eu reclamo dos cinemas que exibem filmes dublados em horários de adulto(à noite). Reclamo muito. Detesto filmes dublados. Acho que já tivemos a melhor dublagem do mundo mas esse tempo acabou em meados dos anos oitenta. Hoje em dia, a nossa dublagem é medíocre e olhe lá, e mesmo os poucos bons dubladores que ainda temos são mal-escalados em papéis que simplesmente não fazem sentido (Guilherme Briggs dando voz a Han Solo e Indiana Jones?). Por essas e outras, eu simplesmente não assisto mais nada dublado, exceto Os Simpsons, provavelmente a única coisa na TV que eu assisto sem o som original e não fico com a sensação de estar perdendo alguma coisa.
Mas devo dizer que, talvez, eu esteja reclamando de barriga cheia, afinal, se aqui no Brasil, algumas exibidoras de cinema simplesmente abrem mão de exibir filmes legendados (como a rede Cineflix, onde eu nunca, jamais, em tempo algum entrarei), nos EUA, a aversão à leitura de legendas é tão grande, que, quando os estúdios percebem potencial de venda em algum filme de fora do país, simplesmente o refazem com atores que falam inglês no lugar dos originais.
Os escandinavos Deixe Ela Entrar e Os Homens que Não Amavam as Mulheres, por exemplo, ganharam boas versões faladas em inglês, mas que, à bem da verdade, não acrescentam muita coisa aos originais exceto nomes famosos no elenco.
O mais recente exemplo dos famigerados remakes hollywoodianos é esse 13° Distrito, que pega a premissa do divertido B13- 13° Distrito, e transporta a ação dos guetos de Paris, para Detroit (que desde a época de RoboCop precisava ter suas áreas mais pobres devastadas e substituídas por uma cidade do futuro...), troca um dos protagonistas, Cyril Raffaelli por Paul Walker, e a voz do outro protagonista, David Belle, pela de Vin Diesel, e pronto, temos praticamente o mesmo filme, mas mais palatável para a audiência média dos EUA.
Sendo bem franco, B13 já não era grande coisa, um fiapo de história servindo pra justificar as sequências de parkour dos dois protagonistas. Era, porém, divertido, descompromissado, e tinha uma saudável aura de filme B que não se leva a sério.
No remake americano, a história é praticamente a mesma do francês original:
O fora-da-lei de bom coração Lino (David Belle) luta sozinho contra o tráfico de drogas em Brick Mansions (Mansões de tijolos, o apelido dos prédios de tijolo-à-vista dos conjuntos habitacionais dos EUA), uma região pobre e violenta que é isolada do resto da cidade de Detroit por uma muralha, tornando-se uma terra de ninguém onde impera o crime, comandado com mão de ferro por Tremaine Alexander (o rapper RZA).
Lino acaba preso após bater de frente com o traficante de drogas, e tem sua namorada Lola (a deliciosa Catalina Denis) sequestrada pelo bandido, ao mesmo tempo em que as autoridades descobrem que uma bomba de nêutrons foi roubada pelos criminosos, e escondida em algum lugar do bairro onde as autoridades simplesmente não podem entrar.
A alternativa é infiltrar um homem da lei no distrito 13. O homem para o serviço é Damien Collier (o falecido Paul Walker), policial acostumado a trabalhar disfarçado e que tem uma rixa pessoal com Tremaine, que matou seu pai numa das últimas incursões da polícia à região.
Entretanto, como não se pode simplesmente ir entrando no bairro isolado, o plano é unir Damien e Lino, para que, juntos, eles possam impedir Tremaine de destruir a cidade inteira.
É ruim, mas diverte.
13° Distrito está longe de ser uma pérola do cinema, mas ao menos mantém a ideia de não se levar a sério demais, o que funciona pra um filme com premissa absurda, mas apenas até certo ponto.
Se há boas sequências de ação no longa (item de série que qualquer fita do estilo com orçamento razoável), é meio que só isso. Até o parkour, que era a grande estrela do longa original, é deixada de lado pelo diretor Camille Delamarre para dar mais espaços a perseguições automobilísticas, à medida em que Walker não tem a desenvoltura de Cyril Raffaelli no free running, e também precisa de espaço pra brilhar ao lado de Belle.
Belle, aliás, foi mesmo totalmente dublado por Vin Diesel no filme, por não ser fluente em inglês, e falar com um pesado sotaque francês, o que tornava inverossímil que ele morasse a anos nos EUA. Ora, vamos... Arnold Schwarzenegger mora nos EUA desde os anos setenta, foi governador da califórnia, e continua não sendo fluente em inglês e tendo um pesado sotaque austríaco... Pra piorar, o vilão do filme não convence e tem um final que, eu não vou contar pra não ficar passando spoilers, mas me deixou meio "Ei, não estão esquecendo de nada?"... Por mais que um filme não se leve a sério, e que isso seja saudável, há limites.
No fim das contas, 13° Distrito só estreou nos cinemas brasileiros porque Paul Walker morreu de maneira trágica, outrossim, teria seguido o caminho de outras produções estreladas pelo ator e saído direto em DVD. Talvez seja, no final das contas, a mídia certa para o filme. Uma sessão de entretenimento descartável no sofá de casa.
Espere sair em DVD.
"-Está preparado pra um salto mortal?"
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário