Pesquisar este blog

terça-feira, 1 de julho de 2014

Selecinha


E a Copa, hein? A despeito da gastança desenfreada com retorno zero em termos de "legado", dos superfaturamentos que inevitavelmente serão descobertos após o torneio, dos "ídolos" falando bobagens como "Copa não se faz com hospitais", e do papelão que alguns jornalistas fizeram entrevistando sósias do Felipão, de uma coisa ninguém pode se queixar:
A qualidade dos jogos.
Fazia muito tempo que uma Copa do Mundo não tinha uma média de gols tão alta, com tanto equilíbrio nos duelos e tantos jogos bons. Até mesmo Coréia do Sul x Argélia, que todo mundo achava que seria uma pelada disputada entre o país do tae-kwon-do e o país do buzkashi (Tá, vá lá, é um esporte afegão, mas enfim. Não sabe que esporte é esse? Assista Rambo III) acabou sendo uma movimentada partida que terminou com cinco gols!
Em meio aos gols de Messi, Müller, Benzema e James Rodríguez, às caretas de Cristiano Ronaldo pro telão, os pulinhos do treinador do México, a surpreendente Costa Rica a gente até esquece as mazelas sócio-econômico-políticas do país (até por que os noticiários todos viraram mesas redondas onde só se fala de Copa, ou, como dizem os gremistas, côpa.).
Nesse cenário todo, porém, uma coisa salta aos olhos mais do que todas:
O deserto técnico que é essa seleção brasileira.
Eu acho que a única seleção que eu vi, que era pior do que a de hoje, foi a de 90. E olha que eu acompanhei a Seleção de 94, que era extremamente limitada, mas ao menos tinha Bebeto e Romário, e tinha uma defesa sólida com Taffarel, Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Leonardo/Branco, com Mauro Silva e Dunga na cabeça de área. Longe de ser um time de encher os olhos, a Seleção de 94 tinha vontade de vencer, e ao menos dois atacantes fora de série que decidiam.
O time brasileiro da "Copa das Copas" até tem uma dupla de jogadores acima da média, Neymar e Oscar, mas eles não conseguem carregar o time nas costas.
Neymar é indiscutivelmente craque (apesar de se tornar irritante o fato de a Globo o elevar à condição de igual de Messi, Cristiano Ronaldo e Zidane, o que ele não é), mas tem 22 anos, está longe de ter a maturidade necessária pra assumir a bronca e jogar sozinho no meio de uma defesa adversária.
Oscar é igualmente jovem, joga demais, é voluntarioso, inteligente e hábil, mas é prejudicado tanto pela falta de cancha quanto pelo esquema que torna ele o único armados do time, jogando bem aberto pela direita, quase um auxiliar de lateral-direito.
Além desses dois, temos três bons zagueiros no grupo, os titulares Thiago Silva e David Luiz, e o reserva Dante. E a seleção meio que termina por aí.
Se Paulinho, William, Fernandinho, Henrique, Maicon e outros são jogadores de comuns a bons, e nada além disso, outros, como Hulk, Fred e Daniel Alves são rematadas perebas, e, pior de tudo, têm ilusões de genialidade e cadeira cativa com o treinador.
O treinador, aliás, é outro problema. Felipão jamais foi um gênio tático. É um motivador retranqueirista cujos maiores trabalhos sempre primaram muito mais por força e empolgação do que por grande futebol. Felipão não sabe trabalhar com pouco recurso e a geração atual do futebol no Brasil é tão limitada que na hora do hino já tem jogador chorando de ruim... Se Felipão sabia tirar leite de pedra na época de Criciúma e grêmio, times pequenos que conseguiu alavancar a títulos importantes, perdeu o hábito após passar por Palmeiras, Cruzeiro, Chelsea... Se foi campeão do mundo em 2002 (Com Rivaldo voando, Ronaldinho e gordo Ronaldo jogando muito), também perdeu a Euro 2004 com Portugal jogando em casa para a modestíssima Grécia...
Pra piorar, não soube se reciclar, continua apostando no "vamo que vamo" e na "família Scolari" em detrimento da parte tática. Onde estão as variações de jogadas? Será que já não ficou claro que um armador sozinho não consegue fazer o time jogar? Daniel Alves e Marcelo já não deixaram bem claro que são duas perimetrais ao redor da defesa? O que dizer de Fred e Jô? E o Hulk?
A seleção brasileira está tão desnorteada, com os nervos tão em frangalhos que levou um tradicional vareio do Chile no sábado (achando ao acaso um gol no meio da defesa de oompa-loompas do adversário) com os jogadores desmoronando em prantos antes, durante e depois da partida.
Li em algum lugar que Scolari ficou preocupadíssimo após o jogo, inclusive convocando uma psicóloga pra dar uma levantada na moral dos jogadores.
Bacana... Mas ele poderia convocar um treinador reserva, também. Alguém pra treinar um pouco, manja? Umas variações de jogadas, umas saídas diferentes... Alguém pra cuidar do time enquanto ele faz propaganda de galinha assada, operadora de celular, super mercado...
Porque do jeito que está, com um time tecnicamente limitado, com os nervos em frangalhos, e sem treinamento, não há pênalti inventado que faça milagre.
Do jeito que está, seria muito INJUSTO se o título ficasse com essa seleção brasileira. Assim mesmo. Com letra minúscula.


Nenhum comentário:

Postar um comentário