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quinta-feira, 3 de julho de 2014
Resenha DVD: O Grande Herói
Não há grande surpresa em assistir a um filme cujo título original (Lone Survivor) entrega o desfecho da história. Obviamente essa não é a preocupação do diretor/roteirista Peter Berg com seu filme, que abre com o protagonista Marcus Luttrell (Um esforçado Mark Wahlberg) todo arrebentado em cima de uma mesa de operações. A grande preocupação de Berg provavelmente era se recuperar do catastrófico Battleship - A Batalha dos Mares fazendo um filme de guerra visceral e bruto, tomando por base o livro do verdadeiro Marcus Luttrell, um fuzileiro naval americano que, em 2005 participou da malfadada missão Red Wings, descrita no filme. Ao filme, aliás...
No longa conhecemos o grupo de homens-rã especialistas em demolições dos fuzileiros navais dos EUA sediados no Afeganistão. Eles são Michael Murphy (Taylor Kitsch), Marcus Luttrell (Wahlberg), Danny Dietz (Emile Hirsch) e Matt "Axe" Axelson (Ben Foster). Eles são convocados pelo comandante Erik Kristensen (Eric Bana) para uma missão discreta em território inimigo, encontrar, capturar e eliminar Ahmad Shah, líder de uma milícia talibã.
Os quatro fuzileiros se embrenham em um território montanhoso, de difícil acesso e comunicações precárias para confirmar a posição de Shah, mas acabam descobertos por pastores de cabras locais. Os soldados votam entre matar os três e seguir conforme o planejado, ou libertá-los e abortar a missão. Decidindo pelas regras de confronto e optando pela segunda alternativa, eles tentam obter extração por rádio, mas com as comunicações precárias na região montanhosa, acabam presos em território inimigo, com recursos limitados e cercado por duzentos milicianos talibãs armados com metralhadoras, fuzis, morteiros e lançadores de granadas num desesperado esforço de sobrevivência.
Peter Berg certamente acerta a mão no tocante a crueza e brutalidade.
Os tiroteios do longa são tensos, bem filmados, repletos de urgência, graças ao trabalho do cinematógrafo Tobias A. Schliessler, parceiro costumeiro de Berg, que é acima da média, tornando todas as sequências de ação uma montanha russa.
Um filme, porém, não é feito só de tiroteios, nem mesmo um filme de guerra, e há muitos defeitos em O Grande Herói.
O diretor é descarado nas suas tentativas de emocionar a audiência. Ele firma a relação amorosa entre todos os soldados por alguns minutos no início do filme, deixando claro que são todos irmãos, que todos se adoram, e que são todos uns caras muito legais, pra então passar meia hora os explodindo, baleando, jogando ribanceira abaixo, tudo com requintes de crueldade, com feridas pintadas de vermelho vivo por um espertíssimo trabalho de maquiagem, e o ruído de ossos se partindo e carne rebentando a cada tombo improvável de uma beirada pedregosa.
O castigo físico que os personagens suportam, diga-se de passagem, chega a ser ridículo de tão sobre-humano, para Peter Berg os Navy Seals são super-homens.
Super-homens e super burros. Todas as decisões que os militares tomam durante a missão são absolutamente imbecis (Sério? Libertar os três sujeitos, incluindo o rapagão com ódio nos olhos sem ter certeza de uma extração por medo da côrte marcial e da resposta negativa da imprensa? Fazer uma operação de resgate com helicópteros de transporte de tropas sem cobertura dos apaches em um território inimigo apinhado de RPGs 7?), e os clichês do roteiro, cheio de propaganda pró-EUA em frases de dar vergonha, não ajudam, assim como mostrar os verdadeiros membros da operação nos créditos finais, um golpe de sentimentalismo dos mais baixos.
No final das contas, O Grande Herói não chega a ser horrível no conjunto, e até diverte por duas horas, mas quando passa por um escrutínio mais minucioso, perde demais.
Alugue se for um aficionado por filmes de guerra, outrossim, espere até a TV a cabo.
"-Você pode morrer pelo seu país, eu vou viver pelo meu."
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