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terça-feira, 15 de julho de 2014

Top 10 Casa do Capita: Games Baseados em Filmes

Conversava com um amigo meu a respeito da má qualidade dos filmes baseados em videogames. Após relembrarmos pérolas como Street Fighter com Jean Claude Van Damme, Super Mario Bros. com Bob Hoskins e John Leguizamo, e a longeva série Resident Evil, com Milla Jovovich, acabei ficando na cabeça com as obras que fizeram o caminho inverso, e migraram do cinema aos consoles.
Analisando friamente, a verdade é que há o mesmo déficit de qualidade por ambas as vias. Seja dos games pras telonas, ou vice e versa, a combinação entre games e filmes raramente valem a mídia em que são armazenados. Há inclusive quem diga que o pior game jamais feito é uma adaptação do filme E.T. - O Extraterrestre para o Atari 3600, que de tão ruim, teve suas cópias enterradas em um canto remoto do Novo México nos anos 80. Mas nem precisa ir tão longe. De Homem de Ferro a Lanterna Verde, passando por A Ilha da Garganta Cortada, Missão: Impossível e Piratas do Caribe, esses tenebrosos caça-niqueis que abrem mão do desenvolvimento para tentar faturar um trocado à custa de um grande (ou nem tanto) lançamento cinematográfico lotam as prateleiras das lojas de games a cada temporada, de modo que, muito mais difícil do que elencar os fracassos, é tentar encontrar dez deles que valham a jogatina.
Foi com isso em mente que surgiu mais um infame top-10 Casa do Capita, dedicado aos melhores games baseados em filmes.
A ele:

10 - Star Wars - Shadows of the Empire (LucasArts, 1996)


Muita gente pode torcer o nariz para esse game lançado no distante ano de 1996 para computadores e Nintendo 64, mas eu, francamente, sou incapaz de entender por quê.
Em Shadows of the Empire o jogador encarnava Dash Rendar, um contrabandista amigo de Han Solo que desempenhava um importante papel em eventos ocultos da saga entre os episódios V e VI, quando o príncipe Xizor tentava assumir a posição de Darth Vader ao lado do imperador Palpatine.
Shadows of the Empire tinha uma jogabilidade mista muito bacana, permitindo que o player experimentasse um jogo de tiro em terceira pessoa, corridas de speeder bike e combate aéreo e espacial. A atmosfera era excelente, os gráficos estavam na média da época, e os controles, mesmo com o joystick jumbo do N64, não eram nenhum pesadelo. Com uma história bem amarrada e cheia de referências à trilogia clássica, um protagonista cativante e uma engenharia de fases esperta, que obrigava o jogador a estar ligado com seus pontos de vida e munição, o game tem um lugar de destaque entre os games que nasceram de filmes, e um lugar carinhoso na coleção dos fãs da saga espacial mais amada do universo.

9 - X-Men Origins - Wolverine (Raven Software, Activision, 2009)


Quer experiência mais satisfatória pra um nerd do que liberar a fúria do Wolverine retalhando, surrando, desmembrando e eviscerando a bandidagem enquanto sofre danos absurdos sendo imolado até o seu esqueleto de adamantium apenas para parar alguns segundos e então ver sua carne crescendo de volta apenas o suficiente para começar a massacrar a próxima leva de inimigos?
Era exatamente o que X-Men Origins - Wolverine Uncaged, game baseado no horroroso filme de 2008 oferecia.
Apesar de se basear livremente no odioso filme solo do mutante canadense, o game se aprofundava sem vergonha no universo dos quadrinhos dando a oportunidade de enfrentar monstros de lava gigantes, criaturas que entravam em combustão espontânea e até um robô sentinela, tudo isso sem abrir mão do sangue, tripas e gosma que os fãs sempre quiseram ver ao se imaginar no controle do mutante mais perigoso do mundo.

8 - The Lord of The Rings - The Two Towers (Eletronic Arts, 2002)


O game baseado em O Senhor dos Anéis - As Duas Torres, mostrava diversos eventos de A Sociedade do Anel e transitava até o desfecho de As Duas Torres dando ao jogador a oportunidade de encarnar Aragorn, Legolas ou Gimli em um saboroso hack and slash contra as forças de Sauron.
Longe de ser um primor de gráficos, enredo ou mesmo jogabilidade, O Senhor dos Anéis tinha uma cara danada daqueles esmaga-botões divertidíssimos da infância, embalado num dos maiores espetáculos cinematográficos que uma geração inteira pôde presenciar. Eu cheguei a fazer calos dos dedos jogando a versão de Game Cube.


7 - Star Wars - Rogue Squadron II: Rogue Leader (LucasArts, Factor 5, 2001)


Mais um game de Star Wars que fez a alegria de milhares de gamers ao redor do mundo. Se o primeiro game da série Rogue Squadron era um divertido jogo de ação, a segunda incursão da LucasArts pelos cockpits de X-Wings, Snowspeeders e Y-Wings era muito superior em todos os aspectos, incluindo aí os gráficos, que receberam tratamento especial já que o game era uma das jóias do lançamento do Nintendo Game Cube.
Oferecendo ao jogador a oportunidade de tomar o lugar de Wedge Antilles, principal piloto da Aliança Rebelde, ou de Luke Skywalker, dependendo da fase, Rogue Squadron II: Rogue Leader passeava pelas principais batalhas da trilogia clássica com missões por vezes encardidas de proteger ou encontrar e destruir por cenários de encher os olhos ao longo de dez estágios por vezes apinhados de Walkers, Tie-Fighters, turretes e Stormtroopers.
Com dublagem de Dennis Lawson, o Wedge Antilles original, som de primeira, e gráficos top de linha da sua época, Rogue Squadron II: Rogue Leader, é tudo o que um simulador de voo de Star Wars deveria ser.

6 - The Lord of the Rings - The Return of the King (Eletronic Arts, 2003)


The Lord of the Rings - The Two Towers foi um game que fez uma ótima carreira na época de seu lançamento. Aproveitando o hype da trilogia cinematográfica de O Senhor dos Anéis, em um game divertido e simples, a EA viu que podia faturar ainda mais se desse uma caprichada, e, rapaz, como eles capricharam.
The Lord of the Rings - The Return of the King era um jogo superior ao antecessor em todos os aspectos. Dos gráficos, à música, passando pela jogabilidade, tamanho e fator replay, TRotK era muito mais jogo que TTT.
O game foi renderizado com duas vezes mais polígonos do que o antecessor, foi inteiro desenhado tomando por base a arte dos filmes da New Line, era dublado pelos atores da trilogia, tinha a música de Howard Shore, ambientes muito maiores, mais interativos e menos lineares, quantidades absurdas de inimigos, um sistema de aprimoramentos mais elaborado, além de três linhas narrativas para seguir com oito personagens jogáveis abarcando os eventos do terceiro filme desde a batalha do Abismo de Helm.
Só a possibilidade de jogar como Gandalf, um Gandalf virtualmente invencível (se tu fizesse tudo direitinho) defendendo Minas Tirith do ataque inclemente das forças de Mordor já garante uma posição para esse game na lista.

5 - Ghostbusters: The Video Game (Atari, Sony, 2009)


Algumas pessoas continuam querendo ver um terceiro filme dos Caça-Fantasmas, que já era uma aposta de risco mesmo antes da morte de Harold Ramis, um dos roteiristas originais e o Egon Spengler dos filmes.
Eu estou no time de Bill Murray, e acho um terceiro longa totalmente dispensável, tanto pela perda de Ramis, quanto porque já existe uma sequência para Os Caça-Fantasmas 2, e é esse Ghostbusters: The Video Game.
O jogo lançado em 2009 pela Atari e Sony é uma carta de amor a Os Caça-Fantasmas, e tudo o que um eventual terceiro filme poderia sonhar em ser um dia. Todos o elenco original está presente, a história se passa em novembro de 1991, tem participação de Ramis e Dan Aykroid nos roteiros e usa e abusa de efeitos visuais que inexistiam na época dos filmes originais, de modo que faz tudo o que um terceiro filme poderia fazer hoje em dia, mas melhor.
O game, um jogo de tiro em terceira pessoa que troca armas comuns por mochilas aceleradoras e feixes de prótons, acompanha os Caça-Fantasmas após terem se tornado contratados da cidade de Nova York, e, contratando um novo membro (um personagem sem nome, chamado de "novato" pelos demais por sugestão de Peter Venkman, para evitar se apegar demais a ele caso algo aconteça), vendo-se as voltas com uma nova trama que culmina com uma grotesca invasão de fantasmas e espíritos demoníacos na cidade.
Embora tenha lá seus defeitos, Ghostbusters: The Video Game tem gráficos excelentes, música de primeira, vozes dos atores originais e uma história bem amarrada que permite ao player a experiência mais próxima de ser um Caça-Fantasmas. Quer melhor do que isso?

4 - Star Wars - The Force Unleashed (LucasArts, 2008)


Pela primeira vez na história dos consoles, o jogador era um Jedi com a possibilidade de fazer tudo, eu disse TUDO, o que um Jedi pode fazer.
Isso, por si só, já garante posição de destaque a Star Wars - The Force Unleashed, game que acompanhava Galen Marek, codinome Starkiller, filho de um cavaleiro Jedi morto durante o expurgo subsequente à Ordem 66, que era cooptado como um aprendiz por Darth Vader e transformado em um peão para os planos do lorde negro de Sith, até ser traído e fazer o caminho oposto ao de Anakin Skywalker, indo das profundezas do lado sombrio até a redenção como um verdadeiro cavaleiro Jedi a serviço do lado luminoso da Força e da incipiente Aliança Rebelde.
Visualmente muito bonito, com boa música, trabalho de dublagem acima da média e uma história bacana que conseguia ser relevante mesmo em meio à pirotecnia de poderes Jedi levados até o limite e além, The Force Unleashed realizou sonhos e fez a alegria de um monte de guri que sempre quis fugir para uma galáxia bem, em distante, e fazer carreira como Jedi.

3 - Aliens vs Predator 2 (Monolith Productions, Fox Interactive, 2001)


Com gráficos meia-boca e olhe lá, o game permitia ao jogador escolher entre ser um Predador, grande, forte, equipado com armamento de altíssima tecnologia, um xenomorfo alien, sorrateiro, ligeiro, mortal ou criar a experiência mais tensa e assustadora que se podia ter num computador à época:
Jogar a campanha como um colonial marine.
Entenda-se que, ao fazer isso, tu estava assumindo a decisão consciente de ser um humano frágil em meio aos xenomorfos alienígenas de sangue ácido que podiam despencar do teto a qualquer segundo, e os predadores alienígenas armados até os dentes que podiam estar bem atrás de ti com o canhão de plasma no ombro, as lâminas de pulso ou a lança apontada pra tua nuca.
Embora a campanha fosse bastante divertida, o multiplayer com seis modos é que era o grande barato do game. Quem nunca ficou invisível num canto esperando os amigos passarem pra desmontá-los com uma rajada de plasma não sabe o que perdeu...

2 - Goldeneye 007 (Rare, Nintendo, 1997)


Goldeneye 007 fez apenas uma coisa:
Criou o game de tiro em primeira-pessoa como o conhecemos hoje.
Pode parecer exagero, mas não é. O game da Rare lançado para Nintendo 64 foi provavelmente o primeiro jogo de tiro com todas as características que se exigem de um FPS atual.
A variedade de armas e gadgets, cenários e objetivos, o ritmo quase frenético de determinadas fases, o desespero de ver Natalya Fyodorovna Simonova se enfiando no meio do tiroteio enquanto tu tentava proteger uma das mais irritantes personagens de todos os tempos em qualquer videogame, tudo isso, mais um dos primeiros bons multiplayers da história dos consoles, criava uma experiência de jogo única.
O prazer de pegar uma arma em cada mão e tocar o horror nos soldados russos e nos capangas de Janus era um lance sem preço!

1 - Spider-Man 2 (Treyarch, Activision 2004)


O Homem-Aranha já tinha tido alguns bons jogos ao longo dos anos. Spider-Man and Venom vs. Maximum Carnage, para Super NES, Spider-Man para PS1 e Nintendo 64, e até o game do primeiro filme, Spider-Man, que tinha algumas falhas bem irritantes mas não era nenhum horror, funcionavam bem.
Mas foi em 2004 que finalmente foi encontrada "A" fórmula para um game do cabeça de teia: Spider-Man 2, game baseado no filme de mesmo título, entregou o que era, até então, a melhor experiência de ser um super-herói.
Num game sandbox com uma Manhattan e áreas adjacentes de tamanho considerável, cheia de emergências aleatórias que requeriam a intervenção do herói, além de um storyline que seguia e extrapolava os eventos do filme, a Activision e a Treyarch não criaram uma cópia perfeita de Nova York, mas criaram a Nova York perfeita para o Homem-Aranha, cheia de arranha-céus, crimes e super-vilões.
Com gráficos bons, dublagem do elenco original do filme, e um game infinito (após terminar a storyline o jogador podia jogar indefinidamente pela cidade, pois sempre haviam mais crimes ocorrendo), Spider-Man 2 é, para este humilde escriba, o melhor game baseado em um filme.

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