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sábado, 10 de junho de 2023

Provavelmente o Fim

 Ultimamente eu me flagro, quase todos os dias, pensando nas coisas que deram errado na minha vida.

É um longo exercício de futilidade e auto-flagelação que não leva a nada, exceto à certeza de que a responsabilidade pela minha própria tragédia é integralmente decorrente das minhas ações.

O exercício toma um grande tempo porque, em dois anos, tudo o que podia ter dado errado pra mim, deu errado.

Não é um exagero. Não é uma hipérbole. É um fato.

Profissionalmente, academicamente, sentimentalmente, financeiramente... Tudo foi por água abaixo. Mesmo minha saúde, que, como diria a saudosa Rita Lee, não era de ferro, não, mas jamais me deixara excessivamente na mão, resolveu arriar, e eu me deparei com problemas de saúde que jamais imaginei que enfrentaria e que são dolorosamente debilitantes. Como se isso não fosse o suficiente, meus problemas financeiros pioraram, e eu me vi enredado em um processo judicial após sofrer um golpe de meu antigo empregador. Isso tudo, extraiu um alto preço da minha saúde mental, e eu mergulhei em uma profunda depressão que me fez passar semanas trancado em casa sem conseguir sair da cama enquanto vislumbrava a maneira como tudo desmoronou ao meu redor e o quanto eu estava impotente para lidar com a situação.

Essa foi uma das razões para eu ter me afastado do blog. Eu não tinha nada de positivo para compartilhar com ninguém. Nada de interessante. Nada de bom... E, contrariando o adágio popular, minha miséria não adora companhia. Muito antes pelo contrário. Eu sempre preferi sofrer quieto no meu canto.

E é o que eu tenho feito nesses últimos anos.

As coisas não melhoraram pra mim. E eu não vejo uma possibilidade de mudança no horizonte. Estou tentando me manter vagamente funcional. Eventualmente tento fazer algo que gosto, como jogar RPG com meus amigos, assistir um filme, ler um livro, jogar videogame... Meu médico me mandou praticar exercício, então voltei a fazer musculação. Ajuda um pouco, mas cada vez ajuda menos e se torna mais doloroso...

De qualquer forma, eu tento não me queixar. Tento manter o foco nas coisas imediatas. Dividir meus dias em pequenas unidades de tempo que eu possa gerenciar.

Todo o momento em que eu não estou gerenciando uma pequena tarefa, eu estou pensando nas coisas que deram errado... Nas coisas que eu fiz, que me trouxeram até onde eu estou. Acabado. Doente. Derrotado. Triste. Sozinho...

É, como eu disse antes, um tipo de tortura auto imposta. Eu sei. Mas é inevitável.

Acho que esse ato de ruminar o passado é típico de quem destruiu todas as suas chances de ser feliz.

Todo o tempo eu estou pensando em coisas que eu deveria ter feito. Coisas que deveria ter dito. Arrependimentos. Erros. Equívocos. Falhas. Chances desperdiçadas...

Todo o tempo...

Mas não hoje.

Hoje, eu vou pensar em ti.

Não com tristeza. Não com dor. Não com saudade...

Hoje, eu vou pensa só no dia em que eu estava andando nervosamente em uma calçada, e de repente virei sobre os calcanhares e me deparei com o amor da minha vida.

Feliz nosso dia.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Resenha Série: WandaVision, Temporada 1, Episódio 5: Em Um Episódio Muito Especial...


Após um quarto episódio que levantou o nível de série uma barbaridade, WandaVision teve um quinto capítulo igualmente movimentado, cheio de revelações e surpresas.
O episódio cinco de WandaVision abre com o casal título encarando as mazelas de ter recém nascidos em casa. Toda a estética do seriado criado pelos poderes de Wanda emulam os anos 1980, tanto a decoração do set quanto as roupas usadas pelos personagens em cena, quanto a abertura do programa, que emula Caras e Caretas e Três é Demais, e até mesmo os temas abordados (luto sendo o mais óbvio deles) é TV oitentista à perfeição.
Enquanto tentam, com a ajuda de Agnes, pacificar os bebês Billy e Tommy, Wanda e Visão discutem sobre a presença da vizinha na casa, resultando em uma tremenda quebra da ilusão, restabelecida quando Wanda, e o riso da "plateia" fazem a situação soar como um tipo de piada, e mascarada pelo fato de os bebês resolvem seguir as regras da série, e darem um salto temporal, indo de recém nascidos a meninos de cinco anos de idade em um piscar de olhos.
Enquanto os gêmeos não param de usar seus poderes para burlar as regras impostas por seus pais, do lado de fora de Westview, Monica Rambeau está sendo testada e re-testada por conta de seu período dentro do "hex", o hexágono energético ao redor da cidade. Conforme ela relata a sensação de luto que envolvia estar presa na ilusão, o diretor Hayward declara Wanda uma terrorista, e se aproveita do momento em que Darcy, Woo e Monica planejam entrar em contato com Westview usando tecnologia dos anos 80, para tentar um ataque à Feiticeira Escarlate (eu nem sei se deveria usar esse título já que o episódio fez questão de apontar que Wanda não tem um codinome).
A coisa obviamente não sai conforme Hayward planejava, e pela primeira vez na série, Wanda sai do hex para confrontar a E.S.P.A.D.A. e dar um ultimato aos seus "espectadores": Wanda conseguiu o que quer, e não deixará que ninguém tire isso dela.
Darcy, entretanto, escolhe uma forma mais sutil de abordagem, e consegue regar a semente de dúvidas que já estava plantada na cabeça do Visão, criando a primeira grande cisma do casal quando o sintozoide resolve confrontar Wanda a respeito das coisas estranhasocorrendo em Westview, apenas para a campainha do lar do casal soar e deixar as coisas ainda mais estranhas...
"Em Um Episódio Muito Especial..." foi, de longe, o melhor episódio da série até o momento, conseguindo equilibrar os temas do seriado criado por Wanda com os acontecimentos do mundo fora de Westview, além de nos mostrar um pouco dos eventos que antecederam a "Anomalia Maximoff" e fazer a trama avançar, com Visão começando a ver além do que Wanda criou para eles, e uma grande surpresa que é, potencialmente, o primeiro toque do vindouro multiverso Marvel dos cinemas ao final do capítulo.
WandaVision começa sua segunda metade com o pé direito e haja unha para aguentar até a próxima sexta, torcendo para que a série mantenha a qualidade crescente.

"Você não acredita em mim...
-Eu quero, mas nesse momento estou ignorando inteiramente as estatísticas."

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Resenha Série: Deuses Americanos, Temporada 3, Episódio 4: The Unseen

 


O quarto episódio de Deuses Americanos começa com a chegada dos orixás aos EUA, trazidos pelas orações e súplicas dos escravos que foram levados aos campos de algodão do sul dos Estados Unidos para fazer a fortuna de seus mestres, que quebraram o pacto que a constituição norte-americana fez com Deus, de garantir que todos os homens seriam iguais naquele país... É mais um dos bons recortes que vêm abrindo os episódios dessa temporada, mas seguem carecendo do impacto dos "Chegando à América" do primeiro ano, e uma boa abertura para o episódio que engata de onde o anterior havia parado.
Conforme nós vimos ao final do capítulo passado, Shadow chegou à casa de Bilquis para encontrar sinais de uma luta, poças de sangue, o Technical Boy e nada da deusa do amor. Somando dois e dois, o protagonista acredita que o novo deus fez algo com a deusa antiga, mas, após surrar brevemente seu desafeto (a quem Shadow ainda não perdoou pela tentativa de linchamento da primeira temporada), ele descobre que foi o oposto.
Em seu último encontro, Bilquis desarranjou Technical Boy de alguma forma, e ele precisa encontrá-la se quiser voltar à sua velha forma, algo que não será capaz de fazer sem ajuda já que a deusa do amor foi capturada pela poderosa firma de segurança que serve a Bill Sanders, a última "refeição" de Bilquis. As circunstâncias, então, tornam ele e Shadow aliados, ainda que desconfortáveis, e os dois saem por Nova York para tentar descobrir o paradeiro da divindade convertida em prostituta.
Enquanto isso, Quarta-Feira segue tentando tirar Deméter do asilo onde ela está internada. Após esbarrar na presença aparentemente inamovível de seu curador, Larry Hutchinson (Sebastian Spence), que casualmente também é o diretor da casa de saúde e, Cordelia descobre, exatamente o golpista aproveitador que Quarta-Feira supunha.
Para tirá-lo do caminho, tudo o que o Pai de Todos necessita é o HD do computador pessoal de Hutchinson algo que ele pode obter facilmente através de seu séquito pessoal, os motoqueiros do bar Valhalla East, a menos que o luto de Johan (Marilyn Manson), vocalista da banda Blood Death por seus companheiros de palco tenha consequências explosivas sobre os planos de Odin...
E, fechando a trinca de linhas narrativas desse capítulo, nós voltamos ao purgatório para explorar o destino de Laura, que, segundo o Guia do Purgatório, é grandioso, e por isso há deuses tentando impedi-la de cumpri-lo. Mais do que isso, o destino se manifesta quando o cadáver de Sweeney é encontrado no cemitério onde Laura o deixou antes de virar pó...
The Unseen é outro episódio bem abaixo dos dois primeiros capítulos da temporada atual. Ainda que não seja tão ruim quanto o anterior, é filler descarado até a raiz da alma, o que me leva a pensar se, a exemplo do que acontecia com as séries da Marvel na Netflix, os showrunners de Deuses Americanos não deveriam considerar reduzir o número de episódios por temporada ao invés de esticar a trama até ela ficar tão fina quanto pareceu aqui... Seja como for, o próximo episódio será o mid-season, vamos torcer para que a série reencontre seu ritmo e, quem sabe, faça a trama andar um pouco.

"-Isso foi por me linchar, caipira.
-Eu já pedi desculpas por aquilo.
-Desculpas não aceitas. Nem agora, nem nunca." 

sábado, 30 de janeiro de 2021

Resenha Série: WandaVision, Temporada 1, Episódio 4: Interrompemos Nossa Programação

 


WandaVision passou seus primeiros três episódios intrigando (e irritando levemente) a audiência com sua proposta doida de inserir dois Vingadores em uma quase inofensiva sitcom que saltava uma década a cada capítulo adquirindo o visual e a linguagem do tipo de programa que desejava emular, dos cenários às gags, enquanto deixava claro que havia alguma coisa de estranho acontecendo por trás do idílio parcial de que a Feiticeira Escarlate e o sintozoide Visão partilhavam. Havia diversas pistas de que algo estava errado naquele mundo em algum nível, mas nós só chegamos perto de descobrir o quanto no capítulo passado, Agora em Cores, quando Wanda expurgou "Geraldine" de sua vizinhança.
O quarto episódio da série, finalmente começa a nos dar respostas, e o faz de uma das melhores maneiras que o MCU é capaz:
Mostrando o quanto esse universo é genuinamente compartilhado (ao menos quando convém).
Interrompemos Nossa Programação abre durante o "Blip", o momento em que o Professor Hulk estalou os dedos e trouxe todas as pessoas que Thanos apagara da existência de volta à vida. Nós acompanhamos a confusão de Monica Rambeau (Theyonah Parris) despertando de um cochilo na cadeira do hospital onde acompanhava sua mãe, Maria Rambeau (Lashana Lynch) que passara por uma cirurgia para extrair um tumor, cinco anos após ter pegado no sono.
A vemos ser inteirada da situação e a acompanhamos voltar ao trabalho na E.S.P.A.D.A. (que, nos quadrinhos é uma agência especializada em Supervisão, Pesquisa, Avaliação e Defesa Alienígena, mas no MCU é uma Equipe de Supervisão, Pesquisa, Avaliação e Defesa Armada), onde o diretor Hayward (Josh Stamberg) a ajuda a recebe e envia de volta a campo para um caso de desaparecimento.
No caso, o desaparecimento de uma cidade inteira, Westview, Nova Jersey.
Chegando ao local, Monica é recebida pelo agente Jimmy Woo (Randall Park, que, eu gosto de pensar, realmente saiu pra jantar com Scott Lang e aprendeu aquele truque do cartão) que mal termina de explicar o que sabe a respeito do caso antes de vê-la ser tragada pelo campo energético que cerca a cidade.
Não demora para que um enorme perímetro de segurança seja montado ao redor de Westview com agentes de todos os ramos do governo e especialistas das mais diversas áreas sendo convocados para contribuir com a pesquisa em andamento, incluindo a astrofísica doutora Darcy Lewis (Kat Dennings, que finalmente terminou seu estágio e concluiu seu PHD).
Juntos eles descobrem a sitcom sendo encenada dentro do campo de força, a verdadeira identidade do "elenco", e tentam contatar Wanda (parte das perturbações que vimos nos três primeiros capítulos) e resgatar Monica.
Interrompemos Nossa Programação é, de longe, o melhor episódio de WandaVision até agora, não apenas por começar a responder perguntas da audiência, mas por fazê-lo através de dois personagens que são titanicamente carismáticos, no caso Woo e Darcy (que além de carismática ainda tem a pele de alabastro os lábios de rubi e os cabelos de noite de Kat Dennings), que trazem a série de vez para o MCU como conhecemos e amamos.
Está lá, na presença desses dois, o falatório sci-fi que é a espinha da Marvel nos quadrinhos, o alto risco dos eventos para o nosso mundo, a comédia polvilhada por cima de toda a trama, tudo o que fez o Universo Cinemático Marvel ser o gigante que é hoje, além de, de lambuja, ainda nos dar um vislumbre do que está se passando com a protagonista.
E, encerrando o episódio, nós temos a mesma cena que encerrou o capítulo anterior, mas dessa vez, com tempo para que Monica seja capaz de nos contar o que todos já suspeitavam...

"-É Wanda... É tudo a Wanda..."

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Resenha Série: Deuses Americanos, Temporada 3, Episódio 3: Ashes and Demons

 


Mais uma semana se passa e a terceira temporada de Deuses Americanos segue tentando reencontrar o caminho ao seguir, de maneira mais opaca, os passos da sua temporada inicial. Ashes and Demons abre novamente com uma boa sequência do passado, mais especificamente do ano de 1765, no oeste da Pennsylvania, quando uma fazendeira desesperada decide oferecer um sacrifício aos velhos deuses na esperança de salvar as filhas da inanição.
Eu sempre gosto desses pequenos recortes que temos tido nos últimos episódios, e ainda que eles não tenham, nem de longe o mesmo brilho dos "Chegando à América" da primeira temporada, eles contribuem para a mitologia do seriado.
O recorte em questão nos apresenta a deusa das colheitas Deméter (vivida por Gwynne Phillips em 1765), que, conforme eu supunha, surge na história para ocupar o lugar de Ostara, limada da trama junto com os desastres ecológico/agrários que haviam sido prometidos no primeiro season finale da série.
Após encontrar o cartão postal com o endereço de sua velha paixão, Quarta-Feira e Cordelia (Ashley Reyes) descobrem que Deméter (agora Blythe Danner) está internada em uma casa de repouso onde sua insistência em se auto intitular uma deusa é tratada como um delírio pelos médicos e enfermeiros, mas encontra algum eco entre os outros internos, dando-lhe a fagulha de adoração de que ela precisa para viver.
Enquanto isso, em Lakeside, Shadow e os demais habitantes da idílica cidadezinha começam a fazer buscas por Allison, que segue desaparecida após 48 horas. Nosso protagonista ainda tem tempo para curtir um momento de constrangimento do xerife Mulligan e um momento de aproximação com Marguerite antes de um sonho levá-lo a procurar por Bilquis.
Bilquis, por sinal, está tendo uma tremenda crise de consciência. Se antes ela devorava homens inteiros e dormia como uma deusa logo depois, o fato de sua última refeição ter uma família preocupada com seu paradeiro a fez embarcar em uma guilt trip pesada, interrompida por uma invasão súbita a seu apartamento.
E, por fim, após ser pulverizada no primeiro episódio ao tentar devolver a moeda de Sweeney, nós reencontramos Laura às voltas com o pós-vida.
Nós vemos a Sra. Moon visitando o mais modorrento e burocrático purgatório desde que Geena Davis e Alec Baldwin morreram em Os Fantasmas se Divertem, onde há filas sem fim, funcionários mandando os recém chegados lerem os panfletos, fichas, portas, guichês e lâmpadas fluorescentes por todos os lados, além de uma exposição em VHS da vida do falecido que, por sinal, dá à Laura uma nova perspectiva de sua própria existência...
Ashes and Demons foi um grande escorregão em uma temporada que, até aqui, vinha funcionando. 
Não apenas porque não acontece praticamente nada que faça a trama se movimentar adiante, mas também porque a divisão de foco entre três núcleos (quatro, se contarmos as breves aparições de Bilquis e Technical Boy) acaba dispersando uma história que, se não estava exatamente sendo um primor de dinâmica nos dois episódios anteriores, ao menos estava acertadamente centrada em Shadow.
Não bastasse isso, todo o segmento com Laura, ainda que tenha algum mérito em sua tentativa de desvelar um pouco dos elementos de sua personalidade, vão na contramão da muito mais sombria e melhor primeira passagem da personagem pelo além vida, quando ela se sentou junto com Anúbis para ver o que seria a sua eternidade... Ainda assim, houveram breves prenúncios de que tanto Shadow quanto Quarta-Feira terão coisas com que lidar no futuro próximo.
Vamos torcer para que esse capítulo tenha sido apenas um tropeço, e não uma queda.

"-Eu sou a arquiteta de todas as merdas na porra da minha vida."

sábado, 23 de janeiro de 2021

Resenha Série WandaVision, Temporada 1, Episódio 3: Agora em Cores

 
Com seu terceiro episódio devidamente lançado e assistido, WandaVision deixou bastante claro o que, pra mim, é seu principal problema na noite de ontem:
A metragem mais do que econômica de cada capítulo.
Os, em média vinte e cinco minutos de história de cada episódio não são o suficiente para dar à audiência o verdadeiro escopo do que está acontecendo, e se na semana passada o lançamento duplo de episódios mitigou esse problema, ontem ficou claro que, se WandaVision não emplacar como poderia, parcela de culpa vai para a Disney+ e a estratégia (furada) de lançar os episódios a conta-gotas (algo que eu já havia apontado em The Boys, lançada da mesma maneira pela Amazon).
Maratonados ao longo de uma tarde de sábado ou domingo, a sensação de coito interrompido deixada por cada episódio da série não existiria, e seria possível admirar a história proposta pela Marvel como ela deseja ser: Um filme de várias horas de duração.
Mas enfim, agora que eu já fiz meu pequeno protesto, vamos ao episódio:
Agora em Cores (os episódios, inclusive os dois primeiros, só ganharam títulos essa semana), ambientada e gravada como uma sitcom familiar dos anos 1970 ao estilo The Brady Bunch abre com Wanda e Visão sendo visitados pelo médico local, Dr. Stan Nielsen (Randy Oglesby) que atesta que, de fato, a feiticeira escarlate está grávida, e, mais que isso, está grávida de quatro meses a despeito de sua barriga ter surgido apenas há umas doze horas.
E, conforme o casal se prepara para a iminente chegada do bebê, e a gestação segue em velocidade extremamente elevada, os poderes de Wanda começam a ameaçar sair de controle, espalhando o caos não apenas pela residência dos dois, mas por toda Westview.
Apesar de repetitivo, não dá para não mencionar a estética do episódio. Agora em Cores, dos cenários ao figurino, do tema de abertura à maquiagem/cabelo emula à perfeição o visual dos seriados dos anos 1970 (acredite, eu sei, era só o que passava na TV aberta nos anos 1980). Outro ponto positivo é que o episódio finalmente parece oferecer à audiência pistas mais claras do que está ocorrendo em Westview, e da extensão do controle (ou da falta de controle) que Wanda exerce sobre essa realidade, como os cochichos acusatórios divididos entre Agatha e Herb (David Payton), que parecem saber mais a respeito do que está acontecendo do que deixam transparecer, ou a forma como Geraldine sai da residência Maximoff após questionar a perfeição da vida criada pela Feiticeira Escarlate...
A despeito da estratégia de lançamento besta, WandaVision tem lenha pra queimar, e abriu espaço para explorar o lado mais assustador dos poderes da Feiticeira Escarlate e permitir que a audiência saiba o que está acontecendo nos subúrbios de Westview.
Agora é esperar mais uma semana pelos próximos vinte minutos da história.

"-Wanda? Onde está Geraldine?
-Ela saiu, querido. Ela teve que correr pra casa."

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Resenha Série: Deuses Americanos, Temporada 3, Episódio 2: Serious Moonlight

 


Quando deixamos Shadow na semana passada, ou melhor, Mike Ainsel, na semana passada, ele estava sob a desconfortável mira de uma espingarda que, nós descobrimos, é manuseada pela "gerente da propriedade", Marguerite (Lela Loren). Não é o único desconforto pelo qual o protagonista passa enquanto se estabelece em Lakeside. Ele ainda precisa ficar em um apartamento que não tem calefação e cuja lareira tem um cartaz dizendo, em letras grandes e com ponto de exclamação, "não usar", mas, se Marguerite é uma tremenda escrota (e, aparentemente, meio racista), o resto da população de Lakeside parece bastante amigável. Da dona da loja de conveniência local, Ann-Marie (Julia Sweeney), ao xerife Chad Mulligan (Eric Johnson), todos parecem dispostos a abraçar Shadow e fazê-lo se sentir em casa, incluindo Alison (Andi Hubick), a gatinha que achou Shabow bonitão quando ele desembarcou em Lakeside e que o ajuda a escolher um casaco para suportar o frio polar da cidadezinha.
Mas Shadow não fica em Lakeside.
Ele recebeu um convite para o velório de uma antiga conhecida, e deve rumar a Chicago para atender ao evento, uma rota que o levará a um novo encontro com Quarta-Feira que, embora não tenha recebido o mesmo convite, resolve aparecer assim mesmo, para a ira do Czernobog (Peter Stormare).
Falando em Quarta-Feira, o memorial de Zorya Vechernyaya não é a única parada do Pai de Todos nessa semana. Antes disso ele passa pelo consultório de Tyrell (Denis O'Hare), o deus da guerra nórdico Tyr, convertido em um dentista que reduziu sua dieta ao moderado derramamento de sangue da cadeira do consultório. Tyr, apesar de generosamente jurar lealdade à causa de Odin, é apenas um degrau para garantir que o Pai de Todos chegue à sua próxima recruta...
Ainda há tempo para reencontrarmos Zoraya Utrenyaya (Martha Kelly) e Zorya Polunochnaya (Erika Kaar), que novamente faz um truque com a lua para Shadow, além de Salim (Omid Abtahi), que segue procurando pelo jinn, e Sr. Ibis (Demore Barnes). Também vemos Bilquis se alimentando à sua maneira toda particular de um magnata do T.I. (vivido por Gil Bellows), e Shadow ser acusado de um crime...
A despeito disso tudo, Serious Moonlight não chega a realmente avançar a trama de Deuses Americanos, e novamente dá a impressão de que a série está tentando reencontrar o ritmo e a voz de seu excepcional primeiro ano. 
Há até um card ao estilo Chegando á América no começo do episódio, narrado por Whiskey Jack e mostrando os colonos europeus massacrando os nativos americanos, além do retorno daquele claro subtexto racial que permeava a série em seu começo... Parece uma demonstração de que Deuses Americanos está tentando voltar à velha forma, e isso é louvável, mas até o momento, eu só consigo ver boas intenções, das quais, nós todos sabemos, o inferno está cheio.
Os Novos Deuses ficaram totalmente de fora do episódio, o que, francamente, não chega a me incomodar haja vista como esses "vilões" são chatos e modorrentos, e foi bom ver novamente o Czernobog e as irmãs Zorya, vamos esperar que o terceiro episódio nos dê um pouco mais para avaliar e faça a série parar de claudicar e andar pra frente.

"Metade da arte da guerra é saber quando trocar de lado."