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quinta-feira, 17 de maio de 2018

Resenha Cinema: Deadpool 2


O primeiro Deadpool era mais que um ótimo filme de super-herói.
Era uma grata surpresa.
Em meio a tantos filmes OK ou menos do gênero (em especial os paridos pela Fox, estúdio detentor de X-Men, Quarteto e, à certa altura, Demolidor e Elektra), Deadpool era um subproduto de gibi executado da maneira que o personagem pedia, e, se estava longe de ser perfeito pra todas as audiências, era perfeito pro Deadpool, o personagem noventista criado por Rob Liefeld e Fabian Nicieza que se tornou um ícone da porra-louquice nos quadrinhos ao longo de sua trajetória nas páginas dos quadrinhos da Marvel.
Encarnado por um comprometido Ryan Reynolds no medonho X-Men Origens: Wolverine em 2009, o mercenário tagarela precisou de muita insistência do ator canadense e de muito chororô de fã na internet pra finalmente ganhar seu filme em 2016.
O sucesso de bilheteria foi estrondoso, tornando Deadpool o maior sucesso comercial de um filme baseado em quadrinhos no tocante à relação entre investimento e arrecadação, e a maior bilheteria de um filme para maiores em todos os tempos.
O êxito foi tão grande que uma sequência se tornou certeza.
A cena pós-créditos do primeiro longa apresentava a ideia de ter Cable na eventual nova aventura, o que logo se tornou um festival de coroas pedindo o papel nas redes sociais, de Ron Perlman a Dolph Lundgren, e Kyle Chandler chegou a ser apontado como favorito ao papel do mutante que, eventualmente, ficou com o Thanos Josh Brolin.
No meio da pré-produção o longa perdeu seu diretor, Tim Miller, por diferenças criativas, e ganhou a mão firme pra porradaria de David Leitch, o mesmo de John Wick, e foi alardeado que Drew Goddard, do Demolidor da Netflix e Perdido em Marte, seria um dos responsáveis pelo roteiro ao lado dos escritores originais, Rhett Reese e Paul Wernick pra tentar manter a qualidade do primeiro longa.
Time montado, filme rodado, era hora de Deadpool entrar em campo com a indigesta tarefa de disputar espaço com Vingadores: Guerra Infinita, que estreou duas semanas atrás, e Han Solo: Uma História Star Wars que estréia na semana que vem.
Estaria o mercenário tagarela à altura do desafio?
Ontem peguei uma sessão de pré-estréia do filme no cineplex mais perto de casa, e posso assegurar que Deadpool 2 sucede em seu intento.
No longa, o mercenário (Ryan Reynolds) está vivendo o sonho.
Ele se tornou um caçador de recompensas internacional, viajando pelo mundo e aceitando pagamentos para matar os piores dos piores.
Mafiosos, traficantes, negociadores de armas... Se o sujeito não presta e tem inimigos dispostos a pagar por seu extermínio, é bem possível que Wade lhe faça uma visita.
Mas não é apenas o sucesso no negócio de mercador da morte que ocupa um lugar de destaque na vida de Wade no momento.
Seu namoro com Vanessa (Morena Baccarin) vai muito bem, obrigado. Tanto que o casal está prestes a dar o próximo passo e pensa em começar sua própria família.
Entretanto, nada é fácil na vida de um super-herói, e quando um evento inesperado coloca Wade na prisão para mutantes Caixa de Gelo junto com o adolescente Russel (Julian Dennison), nosso herói se vê inadvertidamente na mira do viajante do tempo Cable (Josh Brolin), que chega do futuro disposto a tudo para impedir a tragédia que destruirá sua vida. É então que Pool precisa descobrir onde está seu coração, decidir que tipo de pessoa deseja ser, e compreender que "família", não é um palavrão.
Deadpool 2 está tão longe de ser perfeito quanto o primeiro filme estava, mas é um veículo tão perfeito para esse personagem quanto seu antecessor.
O longa crava os dentes em tudo o que funcionou no filme de 2016 e aumenta o escopo ao mesmo tempo em que se mantém relativamente humilde no tocante à escala da econômica trama.
Deadpool não está tentando salvar o mundo, nem a raça mutante, mas a si próprio. Isso dá um senso de modéstia ao filme que é muito bem vindo em uma época onde até o Esquadrão Suicida tinha um raio no céu e o destino do mundo estava em jogo.
As apostas de Deadpool são menores, e o fato de o diretor e os roteiristas (incluindo Ryan Reynolds, creditado como um dos responsáveis pelo script) saberem disso faz bem ao longa que consegue se comportar como uma sitcom em certos momentos, como um conjunto de gags mal ajambradas em outro, ou como uma boa comédia de ação na maior parte do tempo já que nem tudo funciona o tempo todo.
O festival de referências a todos os filmes de super-herói lançados em todos os tempos se torna exaustivo à certa altura (apesar de sempre renderem ao menos um sorriso pra quem entende a piada) já que todo o primeiro ato do filme parece um esforço para encontrar a maior quantidade possível de cenários cômicos para inserir Deadpool. Bem melhores são as interações do protagonista com os coadjuvantes e elenco de apoio, em especial Colossus (voz de Stefan Kapcic), Al Cega (Leslie Uggams) e Cable, que nos oferecem um pouco mais de camadas para a personalidade de Wade além do traje vermelho e das palhaçadas.
Cable, por sinal, acaba meio escanteado considerando o espaço que ocupa na divulgação do longa.
Pouco nos é mostrado do soldado futurista além da morte de sua mulher e filha em uma cozinha cheia de néon. Nós não ficamos sabendo como é o futuro de Cable, e nem porque ele deveria ser evitado além da morte da família do personagem, ou quem ele é além de um sujeito muito fodão com um braço biônico.
Mas ele não é o único personagem subaproveitado.
Deadpool 2 é um veículo para seu protagonista, e deixa isso bem claro desde o início. Toda a X-Force e os demais personagens do filme, incluindo os egressos do primeiro longa, como Colossus, Weasel (T. J. Miller), Míssil Adolescente Negassônica (Brianna Hildebrand) e Dopinder (Karan Soni) ficam na periferia do anti-herói título, até mesmo a X-Force faz figuração de luxo, exceto pela Dominó de Zazie Beetz, que além de muito, muito, muito linda manda bem demais nas cenas de ação. As sequências onde seus poderes de boa sorte sobrenatural funcionam são algumas das melhores do filme, mas a verdade é que a segurança de Leitch para filmar pancadarias fica bastante evidente em todas as cenas de ação do filme.
Apesar da disparidade entre seus segmentos, Deadpool 2 funciona muito bem a partir do instante em que consegue conciliar o foco no personagem central e na escala mais contida de sua história para entregar um filme à altura do hype gerado pelo sucesso do primeiro longa com mais grosseria, sangue, humor e, surpreendentemente, coração do que o antecessor.
Não é um filme perfeito, mas é perfeito para o Deadpool.
Assista no cinema. Vale horrores a pena.

"-Quem é você?
-Sou o Batman."

Um comentário:

  1. É um maravilhoso filme, divertido e eu desfrutei muito. Adorei a participação de Josh Brolin, é um ator multifacetado, seu papel de Cable é muito divertido e interessante. O vi também em Homens de Coragem, é muito bom. É interessante ver um filme que está baseado em fatos reais, acho que são as melhores historias, porque não necessita da ficção para fazer uma boa produção. Gostei muito de Homens de Coragem, não conhecia a história e realmente gostei. A história é impactante, sempre falei que a realidade supera a ficção, acho que é um dos melhores filmes lançamentos em 2017 . Super recomendo. É impossível não se deixar levar pelo ritmo da historia, o elenco fez possível a empatia com os seus personagens em cada uma das situações.

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