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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Resenha DVD: Invocação do Mal 2


Invocação do Mal, de 2013, foi, talvez, o único filme de terror que valia a película em que fora filmado em anos recentes.
James Wan conseguiu equilibrar uma boa história de fantasma sobre uma direção sem preguiça que rendia bons sustos e contava com trabalhos dignos de nota de Vera Farmiga e, especialmente, de Lili Taylor.
O filme foi um daqueles brutas sucessos que o cinema de terror, que historicamente exige menos recurso financeiro, volta e meia rende, catapultou Wan para Velozes & Furiosos 7, e Aquaman, e, claro, criou uma franquia com a boneca maldita Annabelle, e, óbvio, este inevitável Invocação do Mal 2, que recebeu críticas ainda mais elogiosas que seu antecessor, e foi sucesso de público transformando seus 40 milhões de dólares de orçamento em mais de 320 milhões em bilheteria.
O longa abre com Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga) na casa onde ocorrera o massacre de Amityville. Os Warren estão lá para descobrir se o que ocorreu na fatídica noite dos homicídios foi apenas resultado dos delírios de um homicida ou, de fato, o produto de uma possessão demoníaca.
Usando seus poderes extra-sensoriais, Lorraine revive a noite dos homicídios do ponto de vista de Ronald DeFeo Jr., que baleou seus pais e seus quatro irmãos com uma espingarda após passar noites e mais noites acordando às 3:15 da madrugada ouvindo uma voz ordenar-lhe que matasse sua família.
Durante seu passeio pelo passado, Lorraine encontra o espírito diabólico de uma freira que a ataca e lhe diz que os dias de Ed estão contados.
Enquanto isso, em Enfield, na Inglaterra, a família Hodgson começa a ter problemas.
Na verdade, mais problemas, já que os Hodgson são uma família chefiada pela mãe solteira Peggy (Frances O'Connor) que luta para criar, sozinha, quatro filhos.
Mas os problemas mundanos dos Hodgson dão um salto além quando a jovem Janice (Madison Wolfe) passa a sofrer com pesadelos e sonambulismo, que logo escala para ouvir ruídos sinistros no meio da noite, presenciar eventos sobrenaturais sozinha em casa e, finalmente, episódios de possessão.
Aparentemente Janet é dominada pelo espírito de Bill Wilkins, um homem que morreu naquela casa anos antes, e não parece disposto a sair.
Não demora para que os caça-fantasmas britânicos Maurice Grosse (Simon McBurney) e Anita Gregory (Franka Potente) sejam chamados e constatem que há algo de muito estranho ocorrendo na residência dos Hodgson, e com isso, os Warren são chamados para determinar se os relatos são uma elaborada farsa ou um Amityville britânico.
É um bom filme de horror, mas francamente, não entendi o hype.
Invocação do Mal 2 segue rigorosamente a mesma cartilha do predecessor. Está tudo lá, igual que nem:
A mãe perdendo as estribeiras, as crianças em perigo, a casa velha dominada por espíritos demoníacos, e os Warren como a única esperança... O longa troca pequenos detalhes mas conta mais ou menos a mesma história.
OK, filmes de horror em geral são assim, os temas se repetem, e não há problema nisso, já que é o que os fãs desejam, mas eu realmente não vejo onde esse segundo capítulo é superior ao primeiro.
Pra começar, falta a presença de Lili Taylor, que simplesmente destruía no filme original, sendo, fácil, um dos pilares do filme, e o que o fazia ir além dos sustos.
Falta profundidade para os personagens no segundo filme, todos são meros arquétipos com personalidades vagamente sugeridas, mas, verdade seja dita, não faltam sustos em Invocação do Mal 2.
Na verdade, eles sobram.
O filme parece se alongar além do que deveria com 133 minutos que poderiam facilmente ser enxugados em uns quinze.
James Wan sabe o que o assusta, e gosta de assustar os outros, então simplesmente não consegue evitar o ímpeto de continuar empilhando horrores na tela, muitas vezes com resultados irregulares.
As cruzes virando de ponta-cabeça na parede são óbvias demais pra assustar e o Homem Torto realmente não funciona. Parece um fugitivo de um filme de Tim Burton fora de seu ambiente, muito mais interessante é a sessão de interrogatório de Janet, mostrada sempre fora de foco em segundo plano enquanto a câmera não desgruda de Ed, ou, melhor ainda, a sequência no quarto das meninas quando há um momento de hesitação antes de acender a luz após ouvir uma voz torpe vinda das sombras.
A freira demônio é um personagem com bom visual, e o espírito de Bill Wilkins surgindo das trevas também tem seus momentos, mas, no geral, Invocação do Mal 2 é um horror mais abrangente do que o filme anterior, aparentemente tentando abraçar mais facetas do terror, e, com isso, dilui seu potencial para assustar.
Há grandes ideias em Invocação do Mal 2, da ambientação setentista que emula filmes como o Horror em Amityville original, O Iluminado e A Profecia ao arsenal de pavores simples como uma sombra sinistra, um carrinho de brinquedo se ligando sozinho ou as crianças do coral cantando na TV, infelizmente, elas perdem muito de seu impacto porque, francamente, já vimos tudo isso antes, e a pirotecnia de um gigante de CGI furando portas com um guarda-chuva simplesmente destoa da ideia de terror proposta pelo restante do filme.
Ainda assim, James Wan merece crédito por não ser um cineasta preguiçoso, e Vera Farmiga e Patrick Wilson por interpretarem de maneira tão respeitosa personagens que, a bem da verdade, são meio bobos, além de Madison Wolfe, que segura a peteca na hora de ser assustadora.
Invocação do Mal 2 é um bom filme de terror, mas empalidece na comparação com o original, que era um bom filme, ponto.
Excelente pedida para os fãs do gênero, mas não vai surpreender quem não é afeito à histórias de demônios, fantasmas e aparições.

"-Eu sei o seu nome, demônio, e isso me dá domínio sobre você."

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