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segunda-feira, 27 de abril de 2020

Resenha Filme: Resgate


É um momento complicado para cinéfilos inveterados esse que estamos vivendo. As medidas de distanciamento social que estamos vivendo na tentativa de achatar a curva de contágio do Covid-19 têm causado estragos na economia como um todo, e a indústria cinematográfica não é uma exceção. Inúmeros profissionais foram demitidos, produções suspensas e filmes grandes, alguns já concluídos, adiados, de modo que os fãs de uma boa sessão de cinema estão parcialmente órfãos de lançamentos já que os cinemas, como o comércio em geral, estão fechados.
Para a sorte daqueles que não querem ficar apenas à mercê das reprises, serviços de streaming como a Netflix ainda têm alguns ases na manga, como esse Resgate, longa de ação adaptado por Joe Russo, co-diretor dois dois últimos Capitão América e Vingadores adaptando uma graphic novel escrita por ele mesmo e dirigido por Sam Hargrave, coordenador de dublês de filmes como Atômica, O Contador, Thor: Ragnarok e Vingadores: Ultimato, estreando no comando de longas metragens.
Na fita conhecemos o jovem Ovi Mahajani (Rudhraksh Jaiswal), adolescente filho de um poderoso traficante de drogas indiano que, após escapulir de casa para, com os colegas de escola ir para a noite flertar com as gurias, acaba sendo sequestrado a mando de um rival da vizinha Bangladesh, Amir (Priyanshu Painyuli), que demanda um polpudo resgate. Os bens do pai do menino, Ovi Mahajani Sr. (Pankaj Tripathi), que está encarcerado estão congelados pela justiça, e ele incumbe seu segundo, Saju (Randeep Hooda) de recuperar seu filho, custe o que custar.
Com sua própria família na linha de fogo do chefe, Saju resolve ser criativo, e contrata um grupo de mercenários do mercado negro liderados por Nik Khan (Golshifteh Farahani), e é ela quem vai à Austrália para recrutar Tyler Rake (Chris Hemsworth).
O protagonista, um bêbado viciado em comprimidos com impulsos suicidas não é a melhor escolha para Nik, mas como o próprio faz questão de lembrar, o trabalho é excessivamente arriscado para que uma pessoa em seu juízo perfeito o aceite, e então ele parte para Bangladesh junto com um pequeno contingente de apoio onde, após recuperar Ovi do cativeiro, descobre que o trabalho é ainda mais complicado do que parecia inicialmente. Preso em uma cidade cercada por rios, ele tem que lidar com as forças de Amir, as autoridades locais, no bolso do traficante, e com Saju, que se insere na operação com a segurança da esposa e do filho em mente, jogando Tyler direto no inferno.
Resgate é ótimo.
O longa tem os melhores defeitos de longas de ação, Tyler tem mais clichês de heróis de ação do que Martin Riggs, Rambo e John MccLane juntos. Além do álcool, dos comprimidos e dos impulsos suicidas ele tem um passado traumático, uma mira infalível, um físico perfeito e um código moral, além de um instinto paterno (não tão) insuspeito. Tanto que, mesmo quando Ovi deixa de ser a missão e passa a ser um risco, ele se recusa a deixar o guri para trás, ainda assim Hemsworth é carismático, tem jeitão de gente boa e se mostra comprometido com o material, além de ter uma ótima química com Jaiswal, que, por sua vez, não tem grande espaço para trabalhar, mas se esforça nos momentos em que o roteiro lhe dá chance de ser mais do que um espectador assustado da violência que explode ao seu redor.
O roteiro do longa é ágil e econômico, os personagens secundários, os vilões em especial, são pouco mais que rascunhos de seres humanos feitos sob medida para que a audiência os odeie (Amir aparece pela primeira vez coordenando o arremesso de crianças de um terraço...), Mas isso não chega a ser um pecado imperdoável considerando o gênero.
O que realmente importa em um longa como Resgate é a ação, e nesse quesito a produção da Netflix jamais deixa a desejar. As sequências de pancadaria em geral são excelentes, e uma delas, ali pela metade do longa, é um show do cinematógrafo Newton Thomas Sigel, que cria, junto com Hargrave e o time de dublês, uma sensacional sequência de ação em tomada única (espertamente abandonada antes de roubar o filme como aconteceu em 1917) de tirar o fôlego, enquanto o clímax do filme, o tiroteio na ponte do qual a audiência tem um vislumbre ainda nos minutos iniciais, também é muito bem montada...
Ademais, o filme não se arrisca, chegando a desperdiçar algumas oportunidades (a principal delas relacionada à participação de David Harbour), mas entrega o prometido.
Resgate é um bom filme de ação, tem tiroteios que emulam o estilo criado por John Wick, ótimas sequências de ação e pancadaria, as atuações não comprometem e o longa é divertido o suficiente pra salvar um modorrento dia de quarentena.
O filme está disponível na Netflix e vale uma hora e cinquenta e seis minutos do teu tempo.

"Você não se afoga por cair no rio, mas por ficar submerso nele."

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