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quinta-feira, 26 de abril de 2018

Resenha Cinema: Vingadores: Guerra Infinita


E então houve um dia. Um dia como nenhum outro. Quando os heróis mais poderosos da Terra se uniram contra uma ameaça em comum...
Tudo bem, à essa altura já houveram ao menos outros dois desses dias, mas a verdade é que jamais existiu uma ameaça de escala tão imensa quanto Thanos.
É bom estar com o Universo Cinemático Marvel em dia quando se entra na sala escura para assistir a Vingadores: Guerra Infinita. O longa, afinal de contas, é mais uma sequência direta na maior série de filmes da história do cinema que chega ao seu décimo-nono capítulo sem nenhuma pretensão de servir àqueles que não assistiram os outros dezoito filmes, ou, ao menos, se informaram a respeito deles.
A Marvel deixou bem claro, desde que Nick Fury apareceu na casa de Tony Stark em Malibu, que esse universo é interconectado de formas jamais vistas no cinema, (mas que são bastante tradicionais para leitores quadrinhos) e que esses personagens e suas aventuras ocupam o mesmo universo e, idealmente, reverberam uns nas histórias dos outros. E é por isso que Guerra Infinita é uma sequência direta de Capitão-América: Guerra Civil, e Homem-Aranha: Volta ao Lar, e Guardiões da Galáxia - Volume 2, e, Thor: Ragnarok.
O longa, como se pode imaginar, abre imediatamente após a sequência pós-créditos do terceiro longa metragem do Deus do Trovão, quando a nave de Thanos (Josh Brolin), a Santuário, ataca o transporte dos sobreviventes de Asgard onde estavam Thor (Chris Hemsworth), Loki (Tom Hiddleston), Heimdall (Idris Elba), e o Hulk (Mark Ruffalo).
Thanos quer o Tesseract, também conhecido como a Joia do Espaço, pois chegou o momento de o vilão dar o passo derradeiro em seu plano de exterminar metade da população do universo: Juntar as seis joias do Infinito, cujas localizações ele finalmente conhece.
O titã insano chega chutando a porta e dando seu cartão de visita de maneira dolorosamente clara: Ele é a maior ameaça que os Vingadores já enfrentaram.
E é com esse cartão de visitas que Bruce Banner chega à Terra para reunir os Vingadores e iniciar um plano de defesa que precisará do apoio de todos os heróis disponíveis. O Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) e Wong (Benedict Wong) são os primeiros a receber o alerta, já que guardam a Joia do Tempo no Olho de Agamotto, Tony Stark (Robert Downey Jr.) precisa frear seus planos de levar uma vida mais normal com Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), e Peter Parker, o Homem-Aranha (Tom Holland) precisa cabular uma excursão escolar, pois logo depois da chegada de Banner a Ordem Negra, formada por alguns dos Filhos de Thanos chega à Terra e o pau começa a cantar em vários frontes.
Como se pode imaginar Visão (Paul Bettany) é um alvo primário, já que o sintozoide tem a Joia da Mente em sua testa, suas férias na Escócia com Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) são interrompidas por outro ataque. Enquanto Fauce de Ébano (Tom Vaughan-Lawlor) e Cul Obsidian (Terry Notary) tocam o terror em Nova York, Próxima Meia-Noite (econômica voz de Carrie Coon) e Corvus Glaive (ainda mais econômica voz de Michael James Shaw) tentam extrair a joia do Visão durante um brutal ataque em Edimburgo.
Não é apenas na Terra que as coisas estão complicadas, porém.
No espaço, os Guardiões da Galáxia Peter Quill (Chris Pratt), Gamora (Zoe Saldaña), Drax (Dave Bautista), Rocket (Bradley Cooper), Groot (Vin Diesel) e Mantis (Pom Klementieff) encontram o deus do trovão, e, ao tomarem conhecimento do avanço de Thanos em seus propósitos, decidem interceptar o titã antes que ele pegue a Joia da Realidade com o Colecionador (Benicio Del Toro), a equipe, porém, se separa, com Rocket e Groot levando Thor para outro ponto da galáxia onde ele tem uma demanda própria para atender, enquanto, na Terra, os Vingadores finalmente se reúnem quando Steve Rogers (Chris Evans), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Falcão (Anthony Mackie) se juntam ao Máquina de Combate (Don Cheadle) e partem para Wakanda, onde esperam que Shuri (Letitia Wright) seja capaz de remover a gema de Visão sem matá-lo, e, que as forças do rei T'challa, o Pantera Negra (Chadwick Boseman), sejam capazes de conter a ofensiva de Thanos. Mas será que os esforços desses heróis será o suficiente para impedir o avanço do titã e parar sua sede genocida por poder?
Sem sombra de dúvida o mais ambicioso projeto do Marvel Studios desde Os Vingadores, em 2012, Guerra Infinita já seria um triunfo apenas por ser capaz de balancear de maneira digna um longa que tem uma dúzia de protagonistas, ao menos uns trinta personagens importantes, um sem-número de coadjuvantes interessantes e um vilão que a audiência mal e mal tinha visto em ação no centro do picadeiro.
Porque, apesar das dúvidas de muita gente, inclusive eu, durante a divulgação do filme, a verdade é que Thanos é o protagonista de Guerra Infinita de fato. O personagem deixa suas motivações e afeições tremendamente claros enquanto coloca os maiores heróis da Terra de joelhos em sua inexorável marcha rumo ao genocídio intergaláctico e tem uma presença aterrador em sua tranquilidade.
Por mais que não concordemos com Thanos (e, na verdade, eu meio que concordo...), a lógica sombria de seu discurso é inegável, e seu comprometimento para com sua meta, e os sacrifícios, inclusive pessoais, que ele está disposto a fazer em nome dessas metas, é quase comovente. O antagonista tem a clareza que falta à maioria dos heróis que se opõe a ele, e, na tradição dos melhores vilões, se vê como o herói de sua própria história.
Ajuda o fato de Brolin ser um baita ator e mesmo sob a carranca roxa de Thanos ser perfeitamente reconhecível. O trabalho da equipe de efeitos visuais no que tange ao CGI do personagem é de deixar os fãs de queixo caído e o pessoal dos efeitos visuais do Lobo da Estepe em Liga da Justiça envergonhado.
Christopher Markus e Stephen McFeely se esforçam equilibrar as interações de tantos personagens e tocar a história adiante sem deixar que o filme se torne chato, entrecortando cada chegada a um novo ambiente e o falatório expositivo obrigatório que se segue com uma boa sequência de ação.
As lutas de Stark, Parker, Estranho e os Guardiões da Galáxia contra Thanos, em Titã, e a resistência dos Vingadores contra a Ordem Negra em Wakanda certamente são as melhores, mas realmente são as interações entre os personagens que fazem com que Guerra Infinita seja tão maneiro.
Se à certa altura o festival de tiração de sarro do conluio entre Homem de Ferro, Homem-Aranha e Senhor das Estrelas começa a encher o saco, ver Bruce Banner tentando se atualizar conforme reencontra seus amigos após dois anos de arena em Sakaar é quase tão bacana quanto ver Thor formando uma amizade genuína com Rocket. O deus do trovão, por sinal, tem um dos melhores, senão o melhor arco entre os heróis do filme, e não é injusto dizer que finalmente se torna o "Superman da Marvel" que Walter Simonson idealizou durante sua fase à frente do personagem nos quadrinhos.
Nem tudo são flores, porém. Há uma clara dificuldade em manter o roteiro redondinho pra todo mundo. Visão e Feiticeira Escarlate ganham um arco de desenvolvimento emocional bastante competente (para os padrões da Marvel) enquanto o Pantera e a Viúva Negra fazem pouco mais que figuração de luxo. Robert Downey Jr., obviamente está sob os holofotes, embora Benedict Cumberbacth atue em pé de igualdade com o precursor do MCU, inclusive roubando um pouco de cena nas interações entre os dois maiores egos do universo Marvel estabelecido. Chris Evans deve ter umas doze falas, mas é legal vê-lo como o sujeito que permanece disposto a arriscar tudo para fazer o que é certo e estar em paz com sua consciência.
A despeito de eventuais tropeços, porém, Guarra Infinita segue louvável. Não apenas por se esforçar para dar a cada personagem um momento ao sol em meio ao monstruoso elenco (que ainda tem Danai Gurira, Sebastian Stan, Karen Gillan, William Hurt, Winston Duke, Jacob Batalon, Peter Dinklage, Samuel L. Jackson e Cobbie Smulders), ou por contar a história a que se propõe sem se segurar, mas também por não ter medo de entregar um final melancólico, quase doloroso em seus quinze minutos finais.
De muitas maneiras, a ideia de que Vingadores: Guerra Infinita é um filme separado do vindouro Vingadores 4 é uma falácia. Talvez a principal delas seja pelo fato de que muitas e muitas pontas terminam soltas, e fica evidente que aquela história irá continuar antes mesmo de uma cena pós-créditos nos esfregar isso na cara (há apenas uma cena pós-créditos, e não é uma trollada como algumas outras vinham sendo).
Ainda assim, eu entendo porque os diretores Joe a Anthony Russo e os roteiristas enxergam o longa dessa forma. Há uma sensação de fim quando a projeção termina, e não apenas pela vasta quantidade de mortes que vemos durante as quase duas horas e meia de projeção (será que é um spoiler dizer que um bocado de gente morre nesse filme?), mas também pelo ar de "missão cumprida" que a cena final oferece.
Algumas pessoas pareceram frustradas pelo cliffhanger abrupto ao final do filme, mas a verdade é que esse final aberto ao estilo De Volta para o Futuro 2, e especialmente O Império Contra-Ataca, pontua o filme de uma maneira tragicamente brilhante, e dá uma aula de como desafiar as expectativas da audiência sem traí-la totalmente como Rian Johnson fez em Os Últimos Jedi.
De uma forma ou de outra, porém, Vingadores Guerra Infinita não deixa de entregar tudo o que foi prometido, e o faz sendo divertido, emocionante, e emocional na mesma toada.
Assista no cinema, e se prepare pra ser esmurrado no estômago pelo titã insano quase tanto quanto os vingadores ao longo do filme. É uma surra e tanto, mas uma que mal podemos esperar pra levar outra vez.

"-Equilíbrio perfeito. Como todas as coisas devem ser."

Um comentário:

  1. Excelente filme! Eu acho que o papel de Benedict Cumberbatch é um dos melhores elementos deste filme! É um dos atores que melhor se veste e a tem a carreira em crescimento, o vi faz pouco tempo no trailer de Brexit e é algo diferente ao que estamos acostumados com ele, se vê espetacular. Recomendo! Parece um dos seus filmes europeus mais interessantes. Seu desempenho realmente transmite emoções para o espectador em todos os seus filmes. Acho que se consolidou como ator e conseguiu encantar ao espectador. Ja quero ver!

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