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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Resenha Filme: Zumbilândia: Atire Duas Vezes


Foi há quase dez anos que eu escrevi a resenha de Zumbilândia após alugar o filme na locadora que existia na João Alfredo, bem no meio do caminho entre meu trabalho e minha casa em um sábado, após ter alugado o filme e assistido ele, possivelmente comendo pizza, em uma sexta à noite.
Eu gostei muito de Zumbilândia. Verdade, Todo Mundo Quase Morto me agradou mais (a genialidade da Trilogia Cornetto é difícil de equiparar), mas ainda assim, a dinâmica de grupo do elenco de Zumbilândia, o humor meta que foi usado e abusado por Paul Wernick e Rhett Reese (e que atingiria níveis estratosféricos no roteiro da dupla para Deadpool), e a direção de Ruben Fleischer, que se mostrou capaz de extrair o lado mais leve e divertido de qualquer situação tanto no longa de zumbis quanto em Venom, tornaram o primeiro Zumbilândia um favorito pessoal pra mim. Tanto que, quando a tardia sequência do filme foi anunciada, eu coloquei o trailer nesse espaço e fiquei ansioso para ver o filme no cinema, o que não aconteceu apenas porque eu não encontrei uma exibição legendada compatível com meus horários.
Mas ontem esbarrei com o filme em um serviço de aluguel digital, e prontamente me escorei no sofá com uma pizza e uma caneca de Pepsi para remediar a situação e ver como os quatro sobreviventes estavam uma década depois da aventura original.
Quando os reencontramos, Columbus (Jesse Eisenberg), Wichita (Emma Stone), Tallahassee (Woody Harrelson) e Little Rock (Abigail Breslin) continuam juntos e vivendo como uma família.
Os quatro seguem sendo exímios matadores de mortos-vivos capazes de se virar em qualquer situação e juntos são quase imbatíveis.
Eles tomaram posse da Casa Branca em Washington, e transformaram a residência presidencial americana em um lar. Mas se na superfície parece estar tudo bem com o grupo, uma olhada melhor mostra que as coisas não são bem assim.
Little Rock cada vez mais se ressente da falta da companhia de pessoas de sua própria idade, e isso está tornando a jovem mais e mais rebelde, como se a inquietação da irmã não fosse suficiente para deixar Wichita preocupada, Columbus a pede em casamento desencadeando uma crise de pavor de compromisso. O resultado é que Wichita apanha Little Rock e as duas caem na estrada novamente.
Após um mês choramingando no ouvido de Tallahassee, durante uma expedição em um shopping, Columbus conhece a loira-burra Madison (Zoey Deutch), apenas para, no dia seguinte, Wichita retornar com a notícia de que Little Rock conheceu um jovem pacifista chamado Berkeley (Avan Jogia) e fugiu com ele para, ela presume, Graceland.
Preocupados com sua segurança na companhia de um sujeito armado com um violão que não usará para bater em nenhum zumbi, o trio coloca o pé na estrada para tentar encontrar a caçula acompanhados de Madison, no caminho, além das ameaças habituais, eles encontrarão novos sobreviventes, como Reno (Rosario Dawson), gerente de um motel temático de Elvis, além de zumbis que passaram por mutações nos últimos dez anos e evoluíram para dar origem aos Homers, Hawkings e Ninjas, além dos temíveis T800, numa jornada que testará os alicerces dessa família improvisada.
Conforme eu disse no início, eu me tornei um fã de Zumbilândia.
O filme é um dos meus longas de zumbi preferidos (por alguma razão eu prefiro comédias de zumbi do que filmes de horror sérios...), e eu sabia que um segundo Zumbilândia era uma ideia, no mínimo, desnecessária, ainda assim eu queria rever esses personagens e experimentar de novo a química do grupo que transbordava da tela no primeiro longa, mesmo que fosse em um filme menos competente.
O grande problema de Zumbilândia: Atire Duas Vezes é que os personagens não evoluíram em nada do final do filme anterior pra cá. Eles são exatamente os mesmos dez anos depois, e isso não faz sentido. Claro, eu posso comprar que Little Rock cresceu e quer ter amigos da própria idade, mas não que após dez anos vivendo com Columbus dia e noite um pedido de casamento a deixe apavorada o suficiente para fugir de casa...
Sua partida é absolutamente desnecessária e serve apenas para a inserção de Madison na trama, e eu só não fico mais desgostoso com a decisão porque a personagem, talvez, seja a melhor coisa de Zumbilândia: Atire Duas Vezes.
Zoey Deutch é um achado. A gatinha consegue um equilíbrio raro para interpretar uma loira burra sem jamais permitir que a personagem se torne irritante. A combinação de inocência e estupidez dela é hilária e cativante, e nem seu sotaque de "valley girl" é enjoado.
Outro senão do roteiro de Wernick, Reese e Dave Callaham é despir o longa de uma de suas maiores forças ainda no primeiro ato. Harrelson, Stone, Eisenberg e Breslin são sensacionais juntos, a dinâmica do grupo é ótima, e tirar isso da audiência nos primeiro minutos do longa apenas o enfraquece.
Pra piorar, algumas boas piadas, como o encontro de Tallahassee e Columbus com seus duplos, Albuquerque (Luke Wilson) e Flagstaff (Thomas Middleditch) se esticam além do necessário enquanto a participação de Rosario Dawson poderia ter sido melhor explorada.
Ainda assim, Zumbilândia: Atire Duas Vezes não é um filme ruim. Há boas piadas (algumas ótimas, como a ideia para um serviço de caronas de Madison), um elenco acima da média, sequências de ação bem intencionadas e um sensacional desenho de produção de Martin Whist que ironicamente dá vida ao mundo pós-apocalipse zumbi.
É bastante possível que se Zumbilândia: Atire Duas Vezes tivesse sido lançado dois anos após o primeiro filme, ele tivesse funcionado com esse mesmo roteiro, com uma década de intervalo, a equipe deveria ter pensado melhor, e escrito uma história que fizesse um pouco mais de sentido e justiça a esses personagens, como está, esse segundo Zumbilândia é uma boa hora e meia de diversão descompromissada pra uma noite solitária de domingo, mas não é obrigatório para ninguém além de fãs de carteirinha do longa anterior.
Se for assistir, fique esperto, logo no começo dos créditos de encerramento há uma ótima sequência envolvendo um dos pontos mais altos do primeiro filme.

"-Quando você ama alguma coisa você atira na cara dela, assim ela não se torna um monstro devorador de carne humana."

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