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sábado, 26 de dezembro de 2020

Resenha Filme: Soul

 


Após uma noite de natal solitária e uma ceia composta de Doritos, Coca-Cola e chamadas de Whatsapp das pessoas da família cada um em sua casa, na manhã do dia vinte e cinco eu acordei precisando assistir um bom filme na TV. Enquanto a Mulher-Maravilha não era disponibilizada pela HBO MAX, o Disney+ agiu depressa, e colocou Soul, mais recente filme dos estúdios Pixar em sua grande bem cedinho de manhã.
Munido de um canecão de Toddy e biscoitos amanteigados Stoffel, após um banho revigorante, me ajeitei no sofá e pressionei Play para assistir ao filme co-dirigido por Pete Docter e Kemp Powers.
No longa nós conhecemos Joe (voz de Jamie Foxx).
Joe é professor de música em uma escola pública de Nova York. Ele é dedicado o suficiente a tentar encontrar ritmo numa molecada que, salvo raras exceções, não têm lá muito talento e nem vê a música com os melhores olhos. Mas a diligência de Joe rende frutos, e ele é informado pela diretora da escola que foi efetivado no cargo, e receberá a estabilidade e os benefícios de um professor em tempo integral dali em diante.
Deveria ser uma boa notícia, mas não é. Joe não nasceu para ser um professor de música da escola. Ele é um apaixonado por jazz que deveria estar brilhando nos palcos, gravando discos e sendo reverenciado por sua virtuosidade.
Sua mãe, Libba (voz de Phylicia Rashad), por outro lado, acha que Joe já passou da idade de sonhar com uma carreira musical e deveria se agarrar ao emprego como professor e a estabilidade que ele traz. É quando Joe recebe a ligação de um ex-aluno que hoje toca no prestigiado quarteto de Dorothea Williams (voz de Angela Basset), que precisa de um pianista em cima da hora, e oferece a Joe a oportunidade de tocar com eles em um show.
É a grande oportunidade da vida de Joe! Ou seria se, ao sair do local do ensaio, ele não caísse em um bueiro ficando entre a vida e a morte.
No caminho para o Grande Pós-Vida, Joe se dá conta do que está acontecendo, e acidentalmente cai no Grande Pré-Vida, onde conhece 22 (voz de Tina Fey), uma alma jovem em formação que tem dado um um trabalho danado aos mentores espirituais que não conseguem convencê-la a encontrar a fagulha que a trará à Terra.
Joe 22, então, resolvem ajudar um ao outro, ela fingirá encontrar a tal fagulha, recebendo um passe para a Terra, e então o dará a Joe. Ambos sairão ganhando pois ela pode continuar no Pré-Vida sem ser incomodada por mentores, e Joe terá a chance de voltar ao mundo e viver seu sonho.
Os melhores filmes da Pixar conseguem a proeza de ser um deleite para adultos e crianças ao mesmo tempo (Eu ainda disse isso outro dia ao falar de Convenção das Bruxas). Soul é um raro caso de longa do estúdio que inevitavelmente ressoa mais com os crescidos do que com os pimpolhos.
Não que o filme não tenha momentos engraçados e divertidos capazes de arrancar umas risadas da piazada, mas os temas ambiciosamente abraçados pelo longa de Docter e Kemp (que também co-escreveram o roteiro junto com Mike Jones) certamente encontrarão entre os adultos, ouvidos mais preparados.
Todo o cerne de Soul é a respeito de chances perdidas, sonhos não consumados e a natureza do que, de fato significa ter um propósito na vida. Esses profundos questionamentos são tratados de maneira bela e leve por Kemp e Docter (que está habituado a arrancar lágrimas dos adultos com seus desenhos, vide UP! Altas Aventuras e DivertidaMente), que conduzem a aventura de Joe e 22 com graça até um daqueles tradicionais finais Pixar de esmigalhar o coração da audiência, mas da melhor maneira possível.
Com um elenco (que ainda inclui Graham Norton, Alice Braga, Rachel House, Richard Ayoade, Questlove e outros) comprometido, trilha sonora excepcional de Tretnt Reznor,  Atticus Ross e Jon Batiste e a qualidade técnica que é regra nas animações do estúdio, Soul tem bala na agulha para se perfilar aos maiores clássicos da Pixar e figurar na prateleira mais alta de suas produções em termos de qualidade narrativa.
Um dos melhores filmes do ano.
Assista.
Soul está disponível na Disney+

"-Você não pode destruir uma alma aqui. É pra isso que a vida na Terra serve..."

 

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