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sábado, 13 de agosto de 2016

Resenha Cinema: Negócio das Arábias


Eu sou um grande fã de Tom Hanks. Por sinal, conheço poucos fãs de cinema que não são.
Hanks estrela ao menos dois dos meus filmes favoritos, e uma infinidade de filmes que vão do muito bom ao excelente, além de uma porção de filminhos descartáveis que são simpáticos.
Devo confessar que fui assistir a esse Negócio das Arábias ciente de que o longa deveria se encaixar na última categoria. Descartável e simpático. Mais ou menos como Larry Crowne, por exemplo (que, diga-se de passagem, é até mais descartável do que é simpático).
A premissa, inclusive, é semelhante em certos aspectos. Negócio das Arábias, tal qual Larry Crowne, aborda questões pós-crise econômica americana de 2008. Um personagem que perdeu seu emprego e a estabilidade financeira e emocional que ele carregava consigo, e que precisa encarar um novo começo.
Por sorte, as semelhanças param por aí.
Negócio das Arábias abre com uma sequência de sonho onde o personagem de Hanks, Alan Clay, anda falando com a câmera sobre mazelas da vida conforme sua casa, carro e esposa de desvanecem em nuvens de fumaça, entrecortado com sua expressão atônita durante um passeio de montanha russa, e conforme Clay se pergunta "como eu cheguei até aqui?", nós sabemos que sua vida não seguiu o rumo que ele imaginava.
Clay desperta deste sonho em um avião rumo ao reino da Arábia Saudita.
Ele está indo ao país para tentar vender um sistema de teleconferência holográfico ao rei, que pretende construir, no meio do deserto, uma moderníssima cidade com um milhão e meio de habitantes nos próximos nove anos.
O negócio parece ser a última chance de Clay deixar pra trás seu passado desastroso nos negócios, quando transferiu a produção de bicicletas da Schwinn dos Estados Unidos para a China demitindo quase mil trabalhadores, uma iniciativa que obviamente não deu certo, e conseguir dinheiro para pagar pela faculdade de sua filha Kitty (Tracey Faraway).
Não deixa de ser irônico que, ao chegar à Arábia Saudita, Clay, que vende uma ferramenta para tornar possíveis reuniões entre pessoas que não estão no mesmo lugar, jamais encontre o rei saudita, porque ele nunca está na cidade que ainda não existe.
Alan viaja uma hora diariamente do seu hotel até a sede do projeto de cidade real apenas para ser informado pela recepcionista de que o rei não está, mas que talvez esteja amanhã... Ou depois... Ou depois...
A viagem se estende de maneira indefinida por conta da indiferença real, e com sua equipe técnica passando os dias em uma tenda no meio do deserto, sem Wi-Fi, comida ou ar-condicionado, sendo pressionado por seu chefe nos Estados Unidos a obter resultados, sofrendo de um interminável jetleg que jamais o deixa acordar na hora, forçando-o a utilizar repetidamente os serviços do motorista e guia Yusef (Alexander Black), Alan logo descobre um perturbador caroço em suas costas.
Não tarda para que o vendedor logo eleja aquele caroço como sua kryptonita pessoal, culpando-o por todas as suas mazelas enquanto escreve cartas para sua filha e tenta se ajustar à uma realidade surreal que lembra a interminável rotina de dias repetidos do Phil de Feitiço do Tempo.
É justamente quando resolve reagir que Alan percebe que, mesmo os menores gestos, podem render frutos.
Ao desobedecer a recepcionista e não esperar no saguão, ou ao desobedecer as leis sauditas e entrar em Meca com seu guia que teme ser assassinado pelo marido da amante, ou ao desobedecer o senso comum e explorar seu calombo com uma faca...
Os pequenos gestos de desafio rendem pequenas recompensas que, na narrativa do diretor e roteirista Tom Tykwer ganham ressonância na vida comezinha de Alan.
Conforme firma pequenos laços com Yusef, e posteriormente com sua médica, doutora Zahra (Sarita Choudhury), Alan vai percebendo novos horizontes se abrirem diante dele, e a possibilidade de, finalmente, encontrar um novo começo.
Muito da qualidade do longa repousa na presença de Tom Hanks, um ator muito acima da média com carisma de sobra pra carregar um filme nas costas e que tem uma qualidade de homem comum que o torna perfeito para determinados papéis.
Negócio das Arábias não tira Hanks de sua zona de conforto, nem demanda um grande trabalho de intérprete, ainda assim, o vencedor de dois Oscar é alguém a quem gostamos de assistir até quando atua meio no piloto automático, reproduzindo situações que já vimos antes (mais explicitamente Mensagem pra Você e Splash: Uma Sereia em Minha Vida).
No elenco, que conta com Tom Skerritt, Sidse Babett Knudsen e uma ponta de Ben Whishaw, destacam-se Alexander Black que, a despeito de ser menos árabe do que eu, faz um bom trabalho na "coadjuvância" de Hanks, com seu Yusef mantendo uma camaradagem crescente para com Alan que é crível e doce.
Sarita Choudhury também se destaca, emprestando sobriedade e vida à Zahra, pivô da subtrama romântica que movimenta o terceiro ato do filme, mas é o protagonista quem comanda a bagaça.
Hanks consegue nos fazer rir dele e lamentar sua sorte, e até mesmo nos preocupar com sua "maldita boa saúde", e ainda que a adaptação do livro de Dave Eggers seja um filme irregular, que perde muito de sua qualidade surreal ali pelo meio do segundo ato, é um feelgood movie bastante satisfatório.
Conforme eu disse lá em cima, descartável e simpático.
Não renderá novas láureas a Hanks, tampouco ficará na mente da audiência por muito, mas provém uma hora e meia de distração honesta.

"-O rei não vem aqui há algum tempo...
-Quanto é 'algum tempo?
-Bem, eu estou aqui há dezoito meses e ainda não o vi."

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O Novo Trailer de Rogue One: Uma História Star Wars


E conforme prometido, ontem, pouco antes da meia-noite, foi divulgado o novíssimo trailer de Rogue One: Uma História Star Wars.
A prévia de pouco mais de dois minutos é recheada de cenas inéditas, apresenta alguns dos personagens do grupo de Jinn Erso (Felicity Jones) e dá o primeiro vislumbre de Darth Vader.
Confira.



A mudança de tom sugerida pelas extensas refilmagens pelas quais o longa teria passado, com o diretor Gareth Edwards trabalhando sob a vistoria de Tony Gilroy representando os interesses da Disney, ao menos no trailer, não parecem ter sido negativas. O climão ainda é o de um filme de guerra e espionagem passado no universo de Star Wars, e isso é excelente...
A sinopse oficial se refere a Rogue One como uma aventura épica e totalmente nova. Um período de conflito onde um grupo de heróis improváveis é reunido em uma missão para roubar os planos da Estrela da Morte, a arma definitiva do Império. Um evento chave na linha do tempo Star Wars aproxima pessoas comuns que escolheram fazer coisas extraordinárias e que, ao fazê-las, tornaram-se parte de algo maior do que elas mesmas.
O filme estréia no Brasil em 15 de dezembro, e além de Felicity Jones ainda tem no elenco Forrest Whitaker, Diego Luna, Donnie Yen, Jiang Wen, Riz Ahmed, Alan Tudik, Ben Mendelsohn e Mads Mikkelsen.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Gipsy Kings


A Melissa, vinte e três aninhos, branquinha, cabelo castanho claro escorrido até o meio das escápulas delicadas, seios pequenos e firmes, pernas torneadas, bundinha dura feito espuma balística, acordou no meio da noite sentindo o ar gélido da madrugada se insinuando pela janela e lambendo-lhe a pele delicada, que suada e nua, arrepiou-se.
Ela se encolheu instintivamente, puxando a coberta por cima do próprio corpo enquanto pensava se devia levantar para fechar a janela quando a pessoa a seu lado se mexeu suspirando.
Ela olhou para ele na penumbra. Seus cabelos negros e lisos em desalinho sobre o travesseiro dobrado ao meio, seus olhos fechados com aqueles cílios longos, longos...
Melissa enterneceu-se.
Quem poderia imaginar que apenas duas semanas depois de conhecer um homem ele já poderia ser uma parte tão importante de sua vida?
Ela não sabia ao certo o que era, mas tinha a sensação de que ele a completava de uma maneira que nenhum outro homem jamais fizera antes.
Talvez fosse esse o "x" da questão:
Ele era, de fato, um homem.
Melissa, com seus vinte e poucos anos, jamais namorara um homem mais velho. Apenas rapazinhos da sua idade. O que não tinha nada de errado, mas... Bom, a verdade é que tinha... Os rapazes de vinte e poucos, da geração da Melissa, pareciam moleques.
Na prática, eram todos fedelhos. Pareciam gurizinhos que não queriam ou não sabiam como crescer.
Mas ali, ao seu lado, havia um homem de verdade.
Maduro. Decidido. Adulto.
Que não aceitava "não" como resposta e tomava as rédeas da relação. Mas não era um macho-alfa ignorante e misógino que ferisse sua moderada veia feminista.
Não.
Ele era gentil, polido, cavalheiro e bom ouvinte.
O fato de que o sexo era muito bom... Transcendental, quase... Também ajudava.
O que dizer de um sujeito que era capaz de passar uma hora e quarenta e cinco minutos trepando vigorosamente e depois se desculpar porque estava meio cansado?
A Melissa jamais havia vivenciado tal coisa.
Até a falsa modéstia dele era cativante.
Sorriu.
Chegou a se inclinar para beijar os lábios finos que compunham aquele rosto enigmático quando ele, movendo os olhos sob as pálpebras fechadas, arqueou as sobrancelhas bem desenhadas e suspirou:
-Ahnnnnn... Felichnemmmm...
A Melissa sobressaltou-se como um cão que vê um esquilo. Sua expressão séria encarando o rosto do homem ao seu lado era a ilustração do verbete "dúvida".
Acabara de ouvi-lo gemer "Felícia" em meio ao sono?
O volume sob as cobertas denunciava um sonho erótico.
Apalpou-lhe o pênis por baixo do edredom para certificar-se de que era esse o caso.
Era.
Quem seria Felícia?
Talvez, pensou ela enquanto ainda segurava-lhe o membro viril, fosse coisa de sua cabeça. Talvez ele tivesse dito "Melissa", mas não articulara direito... Talvez... Novo gemido... Um meio sorriso:
-Iss... Ahn, Felissssseahm...
Melissa não aguentou.
Aplicou-lhe um violento safanão acordando-o de supetão:
-Quem é Felícia? - Perguntou, revoltada, os olhos esverdeados faiscando de ódio.
-Quê? - Ele quis saber. Olhos esbugalhados, expressão aturdida emoldurada pelos cabelos despenteados olhado para os lados como quem tenta concatenar onde está.
-Felícia? Quem é Felícia? - Melissa repetiu.
-Mas do que é que tu tá falando, criatura? - Ele quis saber, ajeitando o cabelo enquanto se aclimatava ao quarto...
-Felícia. Que o senhor tava gemendo. Tava sonhando com alguma piranha que faz coisas que eu não faço? Ou alguma outra incauta que caiu na tua lábia? - Tinha lágrimas de ódio nos olhos.
-Eu realmente não sei do que tu está falando, Mel... - Ele respondeu com uma expressão consternada no rosto.
A Melissa não acreditou:
-"Félissssnham... Felishammmm..." Era isso que o senhor gemia enquanto se reborcava na cama... "Felishammmm... Felishammm..." - Melissa gemia fazendo uma expressão caricatural de êxtase.
Ele ficou olhando pra ela pro breves instantes, ainda parecendo consternado, mas de súbito, ergueu as sobrancelhas como quem entende, abrandou as feições e sorriu um riso divertido.
Melissa continuava enfurecida:
-Do que é que tu tá rindo? Eu sou tua palhaça, agora?
Ele a pegou pela mão. Ela relutava, mas ele era decidido.
Sorrindo explicou:
-Não era Felícia... Era "Felice". - Disse ele, de maneira paternal.
-Felitche? Quié isso? Felitche? - Melissa não estava convencida.
-É de uma música... Volare, do Gipsy Kings... Tu conhece? - Quis saber.
-Não... - Melissa respondeu, a expressão fechada em um bico desconfiado. A forma condescendente como ele falava a deixava irritada e desarmada quase na mesma medida.
-Bom - Explicou ele -Meu pai era louco por Gipsy Kings. Eu cresci ouvindo eles. Um dos grandes sucessos da banda, uns caras meio hispânicos, meio italianos e meio Romani-
-O que é "romani"? - Perguntou Melissa, demandando detalhes para não ser enrolada.
-São ciganos, meu amorzinho. Eles se referem a si próprios como Romani.
-Ah. - Ela assentiu.
-Enfim, esse grupo, Gipsy Kings, fizeram algumas músicas de grande sucesso nos anos oitenta... Ao menos aqui no Brasil é o período de que eu me lembro deles. E o que talvez seja o grande sucesso deles é uma canção chamada Volare. E provavelmente era com isso que eu tava sonhando. Hoje, mais cedo, falei com um tio meu, e relembramos meu pai. Sempre que eu lembro do meu pai, me vem à memória a imagem dele com um pano de prato na cabeça dedilhando o violão e imitando o vocalista do Gipsy Kings cantando Volare...
Sorriu triste... Olhou para a janela, parecia estar vendo muito além dela.
-"Volare, ô-ô... Cantare, ô, ô, ô, ô... Nel blu, dipinto di blu... Felice di stare lassu..." - Cantarolou. Tinha os olhos rasos d'água.
A expressão de Melissa fora de desconfiada a envergonhada em uma fração de segundo. Apertou a mão dele, enquanto seus lábios rosados se retraíam em um tímido pedido de desculpas:
-Desculpa... Eu não sabia, Viktor... Quando eu te ouvi falando... E vi que tu tava... Excitado...
Ele a segurou pela ponta do queixo:
-Meu amor... Como é que eu não estaria excitado contigo nua do meu lado? - Ele perguntou a olhando nos olhos como quem diz a mais doce de todas as obviedades.
Ela se derreteu. Pedindo desculpas, se pôs a beijar-lhe os lábios com sofreguidão, ele correspondeu, massageando vigorosamente o corpo delicado e nu de Melissa enquanto a colocava deitada na cama.
Antes de beijá-la nos seios, barriga e púbis e começar nova sessão de alcova, ele ainda pensou que o plano de pegar mulheres com nomes foneticamente semelhantes para evitar atritos não dera certo. Seu pai daria boas risadas quando ficasse sabendo.
Ele não contaria à Felícia, porém. Felícia, a exemplo de Melissa, também achava que era a única.
O importante é que, para Viktor de SanMartin, o musical, até mesmo Gipsy Kings sempre podia se tornar uma rota de fuga.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Resenha DVD: 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi


Em 2012, após a queda do ditador Muammar Kaddafi, a Líbia se tornou um dos lugares mais instáveis do mapa múndi pós-primavera árabe.
A maioria dos países que possuíam embaixadas ou postos diplomáticos no país norte-africano se retiraram. Os Estados Unidos não fizeram isso, porém.
Os norte-americanos mantiveram uma embaixada em Trípoli e um posto da CIA em Benghazi, onde a agência de inteligência dos EUA tentava monitorar o destino dos armamentos removidos dos arsenais de Kaddafi após a queda de seu regime.
A segurança desse complexo da CIA em Benghazi era encabeçada por seis ex-membros de esquadrões de elite norte-americanos.
Em 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi, o diretor Michael Bay, da série Transformers, conta a história dos ataques ao posto diplomático e ao complexo da CIA na cidade no dia 11 de setembro de 2012 pela ótica de Jack Silva (John Krasinski).
Jack é um ex-fuzileiro naval que agora atua como contrato privado de segurança. Não é o emprego dos sonhos de Jack, mas o dinheiro é bom, e ele precisa, eventualmente, completar seu orçamento doméstico já que sua carreira como corretor imobiliário não vem tão bem.
Jack chega a Benghazi para trabalhar com seu amigo Tyrone "Rone" Woods (James Badge Dale) e sua equipe, formada por Chris "Tanto" Paronto (Pablo Schreiber), Dave "Boon" Benton (David Denman), John "Tig" Tiegan (Dominic Fumusa) e Mark "Oz" Geist (Max Martini).
O contrato de Jack é para apenas seis semanas de trabalho, mas Benghazi é um dos lugares mais perigosos e instáveis do planeta naquele período, e seis semanas podem ser um período longo.
Especialmente quando a equipe de segurança precisa agir sob a batuta de um chefe de departamento da Cia, Bob (David Costabile) que é a encarnação viva do burocrata extremamente afeito às regras.
Apesar da tensão e de eventuais percalços com as milícias locais, o grupo faz seu trabalho com relativa tranquilidade. Ao menos até a chegada do embaixador americano Chris Stevens (Matt Letscher).
Stevens e sua equipe, formada por dois agentes do Departamento de Estado são alocados em um complexo diplomático que mais parece um resort do que uma embaixada.
A despeito dos alertas de Jack, Rone e equipe de quê a segurança do local é absolutamente ineficiente, os seguranças de Stevens sustentam a permanência no local.
As coisas pioram ainda mais quando um encontro entre o embaixador e o prefeito de Benghazi, planejado para ser uma reunião discreta, se torna um circo midiático, alertando todas as milícias, grupos rebeldes e terroristas locais da presença de Stevens na região.
No dia 11 de setembro de 2012, o posto diplomático onde Chris Stevens estava é invadido por um grupo de dezenas de terroristas fortemente armados que não têm dificuldade em invadir o local.
Do complexo da CIA, Rone e seu time conseguem ver toda a ação, e embora estejam prontos e dispostos a partir em auxílio a Stevens e seu staff, são impedidos por Bob, que lhe ordena diretamente que permaneçam no complexo.
As ordens de não interferência continuam até que os seis ex-soldados resolvem simplesmente ignorá-las e sair se autorização.
Embora consigam matar vários inimigos e resgatar um par de seguranças, o grupo de Silva não encontra o embaixador no prédio em chamas, e retorna ao complexo da CIA, que agora é o foco dos inimigos.
Enquanto pedem desesperadamente por apoio aéreo que jamais chega, e por uma equipe de resgate presa em Trípoli pela burocracia líbia, cabe a esses seis soldados liderar uma defesa impossível durante as treze horas mais longas de suas vidas.
Assistindo ao filme fica bastante claro que Michael Bay estava tentando emular Falcão Negro em Perigo, excelente filme de Ridley Scott que também mostrava um grupo de soldados em uma região hostil que eram pegos de surpresa na armadilha de uma missão que dava terrivelmente errado.
O problema é que Michael Bay não é Ridley Scott.
Nas mãos do diretor de Bad Boys a história dos soldados secretos de Benghazi é contada sem nenhum tipo de nuance ou profundidade, simplesmente jogada na tela da maneira mais abrangente possível, com seis heróis que são a encarnação viva da virtude tendo suas mãos atadas por burocratas absolutamente obtusos com uma burrice quase caricatural.
Os mocinhos do filme são virtuosos e para por aí. Nenhum deles ganha nenhum tipo de desenvolvimento além de eventuais "falei com minha esposa hoje", ou "sinto falta dos meus filhos"... Krasinski é quem mais chega perto, com um pequeno arco dramático envolvendo sua esposa, que tem seu pico na sequência em que, por vídeo conferência, ele descobre a gravidez dela. Cena conduzida por Bay como um parto feito com fórceps.
Se o diretor obviamente não tem paciência para desenvolver personagens, ele certamente tem para suas sequências de ação, e trata as de 13 Horas da mesmíssima forma que trata as de Transformers.
Sério.
Exatamente da mesma.
Os combates no longa são repletos de todos os vícios e clichês visuais de Bay, das explosões cartunescas à edição hora acelerada, hora em slow-motion, passando pela câmera que gira ao redor de um personagem e a confusão com o período do dia (Na mesma sequência é noite fechada, amanhecer e dia claro, a edição simplesmente não liga pra uniformidade), tudo igual que nem todos os outros trabalhos de Bay, mas com mais sangue.
A soberba do cineasta é tamanha que ele chega a homenagear a si mesmo, conforme uma cena mostrando a queda de um morteiro é absolutamente igual à sequência da queda de uma bomba em Pearl Harbour enquanto conduz com sua costumeira falta de tato o roteiro simplório de Chuck Hogan, que também não ajuda.
13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi falha como filme de ação e como relato da memória dos envolvidos na situação. Nas mãos de um cineasta mais competente, a história verdadeira da equipe de Rone, Jack e companhia poderia ter sido um grande filme. Nas mãos de Bay se torna uma bagunça pirotécnica absolutamente indistinguível de todo o restante da sua filmografia.

"-Deus não cria guerreiros para que se aposentem, irmão."

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Resenha Cinema: Esquadrão Suicida


Nos quadrinhos, o Esquadrão Suicida é uma iniciativa do governo dos EUA que consiste em utilizar os inúmeros supervilões encarcerados da DC e usá-los em missões com mínima chance de sucesso em troca de perdão de parte de suas extensas penas.
O Esquadrão não tem formação fixa, podendo ser formado por membros diferentes cada vez que é unido de acordo com as necessidades da missão que irão cumprir.
Em suma, é uma grande sacada da DC que permite que escritores e desenhistas se divirtam explorando os vilões do universo da editora em histórias sem os heróis.
Não era de se espantar que tanta gente tivesse ficado empolgada quando a Warner anunciou que o terceiro longa do universo cinematográfico compartilhado da DC Comics seria o Esquadrão.
Não tardou para que David Ayer, roteirista de Dia de Treinamento e diretor de Os Reis da Rua, e Corações de Ferro fosse anunciado como diretor e roteirista do filme, e o elenco fosse tomando forma com Will Smith, Viola Davis, Margot Robbie e o oscarizado Jared Leto no papel do Coringa.
A primeira foto da equipe reunida deu a dica de que, ao menos visualmente, o filme tinha acertado.
Smith apareceu com o traje do Pistoleiro até usando a máscara com monóculo de alça de mira tradicional dos quadrinhos, Margot Robbie estava simplesmente deliciosa como a Arlequina, e se algum personagem dividiu opiniões foi o Coringa de Leto, com um visual bastante estranho, cheio de tatuagens, usando grill nos dentes, e vestindo roupas chamativas.
O lançamento do primeiro trailer prometeu um filme subversivo e divertido, capaz de romper com a pasmaceira dos filmes de super-herói. O segundo, com o grupo disparando frases de efeito ao som de Bohemian Rhapsody do Queen explodiu crânios por toda a parte, somado a isso, as notícias incessantes a respeito do método utilizado por Jared Leto durante as filmagens, jamais saindo do personagem, exigindo ser chamado de "Mr. J" pela equipe de produção e mandando "presentes" aos colegas de elenco que iam de camisinhas usadas a carcaças de porco e ratos vivos e pronto, até o mais marveco dos fãs de Robert Downey Jr. já dava o braço a torcer dizendo "Ah, o Esquadrão vai ser bacana...".
Ontem, como bom nerd que sou, estava com ingresso comprado há mais de semana para a pré-estréia de Esquadrão Suicida e finalmente pude conferir o filme.
No longa, conhecemos Amanda Waller (Viola Davis), uma mulher poderosa que interpretou o advento do Superman como um sinal dos tempos:
A próxima guerra será travada com meta humanos.
Waller usa sua influência e o medo que sua posição (jamais especificada) no governo inspira em outras autoridades para formar a Força-Tarefa X, um grupo formado pelos vilões mais habilidosos cumprindo pena no sistema carcerário norte-americano, e usá-los em missões com mínima chance de sucesso contra ameaças que as autoridades não estão equipadas para enfrentar, em troca da redução de suas penas.
Não tarda para que conheçamos os escolhidos de Waller para o grupo:
Floyd Lawton (Will Smith), o Pistoleiro, um assassino de aluguel cuja mira impecável lhe permite cobrar até dois milhões de dólares por uma morte.
Doutora Harleen Quinzel (Margot Robbie), ex psiquiatra do asilo Arkham cuja obsessão pelo Coringa a tornou uma marionete em uma relação abusiva com o príncipe palhaço do crime, a Arlequina.
O pirocinético de grande poder Chato Santana (Jay Hernandez), conhecido como El Diablo, o Crocodilo humano Waylon Jones (Addewale Akkynuoie-Agbaje), a arqueóloga June Moone (Cara Delevigne) que é possuída por uma bruxa de seis mil anos de idade chamada Magia, o ladrão de bancos e assassino George Harkness (Jai Courtney), chamado Capitão Bumerangue, e Christopher Weiss (Adam Beach), o Amarra, que pode escalar qualquer coisa.
Quando uma ameaça surge na cidade de Midway City rapidamente devastando a metrópole, não tarda para que esse grupo de rejeitados seja arrancado de suas celas, tenham uma micro-bomba plantada no coração, e recebem o aviso de que estão sendo alistados para uma missão.
Juntam-se a eles o condecorado militar Rick Flag (Joel Kinnaman) e a assassina oriental Katana (Karen Fukuhara), para uma missão de extração no meio de uma cidade dominada por um ente superpoderoso que controla um exército. Se a situação já não fosse complicada o suficiente, o criminoso psicopata conhecido como Coringa (Jared Leto) descobre o paradeiro da Arlequina e tem seus próprios planos que nada tem a ver com a missão do Esquadrão.
Conseguirá esse improvável grupo de vilões travestidos de heróis colocar suas diferenças de lado e salvar o nosso planeta?
Então...
O primeiro ato de Esquadrão Suicida é até interessante. A apresentação do conceito do grupo e dos personagens é esperta e ágil (Contando com participações do Batman Ben Affleck e do Flash Ezra Miller), infelizmente, daí pra frente o filme simplesmente descamba.
A missão dos vilões, além de absolutamente genérica, jamais justifica a formação daquele grupo específico de pessoas para enfrentar a ameaça em questão.
Quer dizer... Eu entendo a presença de El Diablo e Crocodilo, mas porque a Arlequina, o Capitão Bumerangue, o Amarra até mesmo o Pistoleiro são convocados para enfrentar uma criatura mística?
Aliás, pra que levar esses vilões armados com bastões, cordas e bumerangues se Flag levou um tremendo pelotão de elite formado por militares de verdade que, basicamente, fazem a mesma coisa com armas de fogo?
Depois de cerca de vinte minutos de apresentação, o filme passa a ser uma série de sequências de ação aborrecidas onde o grupo patrola um monte de capangas que não representa ameaça real após o outro durante a vaga missão ao qual os bandidos são forçados.
Pra piorar, David Ayer erra a mão na hora de escrever seus personagens, e Kinnaman não tem a presença que o líder da equipe deveria ter além de seu romance com June, a hospedeira humana de Magia, ser sonolento e sem graça.
Magia, aliás, é erro em cima de erro.
A personagem é reduzida a uma serpenteante gostosa de biquíni quando transformada e em uma guria choramingona e irritante quando na forma humana, o Crocodilo não tem meia dúzia de falas no filme e ainda assim, aparece e fala muito mais do que Katana.
El Diablo, que parecia um personagem capaz de ganhar simpatia com seu arco de poder contido e voto pacifista é desperdiçado, e sua trágica história pessoal parece forçada no meio do filme.
O Capitão Bumerangue é, de fato, o alívio cômico do filme, mas a verdade é que ele não é tão engraçado assim com suas cervejas e seu pônei de pelúcia, e o Amarra, então... Pobre Amarra.
Margot Robbie, por sua vez, é mesmo um dos destaques do filme. Ela é uma presença constante e a atriz australiana certamente pegou a manha de como interpretar a personagem, inclusive roubando algumas cenas, se há algum problema com a Arlequina é, por vezes, o texto que lhe foi dado.
Se Will Smith aceitou fazer o filme, então ele é obviamente o astro, o mais fodão e o líder de fato do grupo.
E o Coringa de Jared Leto...
Bom, o Coringa de Jared Leto não me agradou. Como um antigo fã do príncipe palhaço do crime, eu tenho níveis altos de exigência, e não achei que Leto acrescentou nada ao personagem que causasse impacto.
Esse Coringa é um gangster sádico e psicopata, mas... Não é o Coringa, entende?
Não há nenhuma explicação para o visual, as tatuagens, os dentes nem nada do tipo, então devemos supor que esse simplesmente é o Coringa do DCU no cinema. Um Coringa consideravelmente mais sexual do que qualquer outra das versões e que parece nutrir algum tipo de afeto por Harley...
O personagem até tem uma quantidade de tempo considerável em cena, levando-se em conta a quantidade de personagens, mas a verdade é que, apesar das queixas de Leto de quê muito do seu trabalho teria sido cortado na edição final, seu Coringa não empolga.
A Amanda Waller de Viola Davis, por outro lado, detona.
A atriz agarra com firmeza a personagem e bota todo mundo que contracena com ela no bolso sem dó nem piedade.
Mas e aí? Tudo o que DC faz no cinema é uma porcaria?
Não...
Eu gostei de O Homem de Aço e a trilogia das Trevas é simplesmente sensacional, mas de fato, até aqui, a DC está falhando miseravelmente em edificar um universo cinematográfico compartilhado nos moldes da Marvel.
Esquadrão Suicida falha como Batman v Superman falhou, mas por razões absolutamente distintas.
O filme parece ter sido feito pra abraçar a mesma vibe de filmes como Guardiões da Galáxia e Deadpool, mas não consegue porque isso parece estar além do que David Ayer é capaz de entregar, de modo que conforme uma canção pop surge na tela após a outra para apresentar os personagens (De House of Rising Sun a Simpathy for The Devil passando por Fortunate Son) com gráficos mostrando suas fichas técnicas, isso soa forçado. Parece simplesmente não ser algo com a qual o diretor se sentisse confortável em lidar.
Mesmo a grande qualidade de Ayer, mostrar laços de união que parecem verdadeiros entre seus protagonistas, falha em Esquadrão Suicida.
A união do grupo após algumas horas juntos em Midway City simplesmente não convence, especialmente quando é partilhada por Flag com os facínoras a quem ele desprezava no início.
Aliás, esses facínoras todos ganham um coração de ouro no filme.
Com o arco dramático mais completo do roteiro, O Pistoleiro está muito mais para um anti-herói do que para um vilão. El Diablo luta por redenção, Capitão Bumerangue fica chocado ao ouvir falar sobre a morte de crianças e até a Arlequina tem algumas palavras de sabedoria e aceitação para oferecer... Ora vamos...
Eu achava complicado fazer um filme com vilões porque, para fazê-los relacionáveis, seria necessário amainar suas piores características. Fazer isso sem descaracteriza-los era uma tarefa que demandava muito equilíbrio e o diretor de Sabotagem simplesmente não tem isso pra oferecer.
O que poderia ter sido um novo capítulo da DC nos cinemas após o fiasco de Batman vs Superman acaba sendo outra escorregada.
Agora é torcer para que Mulher-Maravilha e Liga da Justiça virem o placar.

"-Não esqueçam. Somos os vilões"

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Top -10 Casa do Capita: Os Piores Vilões de Adaptações de Quadrinhos

Ainda em clima de Esquadrão Suicida e da bandidagem que fez a transição dos quadrinhos para as telas, vamos relembrar quem são os vilões que pior fizeram essa transição.
O top-10 negativo a seguir é dedicado a cada senhor do crime, invasor alienígena, gângster, psicopata e déspota que se perdeu no meio do caminho e chegou na sua nova versão como um deplorável pastiche de si mesmo.
Acredite, o mais difícil aqui, foi chegar a apenas dez!

10 - Deadpool (Ryan Reynolds, X-Men Origens: Wolverine, 2009)


No primeiro terço de X-Men Origens: Wolverine, Ryan Reynolds apareceu interpretando uma versão de Deadpool que, no geral, era bastante acurada. Engraçadinho, sem noção de quando calar a boca e mortífero com um par de katanas.
Infelizmente, no desfecho do longa ele voltava como a criatura da foto acima. Completamente mudo e emulando poderes de dezenas de mutantes ao mesmo tempo num clímax extremamente aborrecido e exagerado que transformava o personagem num capanga de visual e habilidades ridículos.
Ainda bem que Reynolds e os fãs conseguiram convencer a Fox a dar outra chance ao personagem sete anos depois...

9 - Malekith (Christopher Eccleston, Thor: O Mundo Sombrio, 2013)


A verdade é que eu não achei Thor: O Mundo Sombrio um mau filme. Muito antes pelo contrário.
Naquele ano de 2013, a segundo incursão solo do deus do trovão à telona foi meu filme de super-herói preferido, superando o bilionário Homem de Ferro 3 e o injustiçado O Homem de Aço.
Eu achei que a disparatada mistura de ação, ficção científica e comédia de O Mundo Sombrio gerou um produto saboroso, e inclusive coloquei o filme na minha lista de favoritos do ano.
Mas Thor: O Mundo Sombrio tinha um grande problema:
O vilão Malekith, vivido por Chritopher Eccleston, que era péssimo.
Unidimensional, com personalidade vaga, o vilão era pouco mais que um acessório para fazer a trama andar, e seu objetivo de usar o Éther para "devolver o universo à escuridão", ou algo que o valha, era tão risível quanto esquecível, conseguindo fazer com que Malekith se destacasse negativamente em um universo cinematográfico conhecido pela má qualidade de seus vilões.

8 - Fanático (Vinnie Jones, X-Men: O Confronto Final, 2006)


Até parecia uma boa ideia sob determinado ponto de vista...
Vinnie Jones, com sua carranca de bandido inglês egresso dos longas criminais de Guy Ritchie para dar vida ao Fanático, um dos vilões mais fortes do universo dos X-Men era algo que poderia funcionar...
Talvez, inclusive tivesse funcionado se Matthew Vaughn tivesse efetivamente dirigido o longa, ou se Bryan Singer estivesse por perto.
Nas mãos de Brett Ratner, Jones foi envelopado em uma roupa de músculos de borracha com um capacete idiota e teve sua origem alterada para basicamente posar de maneira ameaçadora ao lado de Magneto, ter alguns flashes de luta contra Wolverine e ser derrotado por Kitty Pride sendo um dos pontos mais baixos do pior filme dos X-Men jamais feito.

7 - Hector Hammond (Peter Sarsgaard, Lanterna Verde, 2011)


É até covardia mirar Lanterna Verde em busca de alguma coisa pra colocar em uma lista de "piores", mas ei, X-Men Origens: Wolverine, também é e eu não me furtei de cutucar essa ferida.
Hector Hammond, o xeno biólogo vivido por Peter Sarsgaard na adaptação dirigida por Martin Campbell em 2011 tem um defeito gravíssimo... Bom... Tem vários, mas enfim... Ele deveria ser um sujeito normal, com quem a audiência pudesse sentir alguma empatia e lamentar quando, ao entrar em contato com a gosma amarela nas feridas de Abin-Sur, ele ele é possuído por Parallax.
Não é o caso.
Sarsgaard tem pinta de psicopata o tempo todo, de modo que, quando ele evolui de jovem com careca oitentista para cabeça-de-testículo pulsante, realmente não chega a fazer diferença pra ninguém.
Pra piorar, depois que ele mata seu pai, objeto de sua ira desde o início do longa, suas motivações ficam tão vazias que ele acaba solenemente escanteado, deixando a mensagem de que o cara bonito, sarado e popular sempre ficará com a guria mais gostosa, terá o emprego mais maneiro e chutará a cara do sujeito inteligente, tímido, retraído e deficiente físico...

6 - Galactus (Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, 2007)


Nos quadrinhos, Galactus, o ente de poder divino amaldiçoado por um apetite insaciável que o força a consumir planetas inteiros de modo a se manter vivo, originalmente tinha a aparência de um gigante de bermuda e camiseta de manga curta e um elmo enorme com hastes como diapasões nas laterais da cabeça.
O visual duvidoso sofreu algumas alterações ao longo dos anos, mas uma coisa era clara:
Ninguém ria de Galactus, porque o detentor do poder cósmico comia Planetas como a Terra em apenas uma refeição.
Na sequência do sucesso moderado de Quarteto Fantástico, a Fox e Tim Story, diretor do primeiro filme, resolveram capitalizar em cima da ameaça do devorador de mundos e de seu arauto, o Surfista Prateado.
Parecia uma ótima ideia, elevar o grau de ameaça e fazer o engraçadinho filme original evoluir para um filme de super-herói mais sério...
Ficou só no campo das ideias.
O segundo filme da Primeira Família da Marvel continuava sendo uma leve comédia pra toda a família, diluiu a presença do Surfista e transformou o poderoso Galactus em uma nuvem facilmente dispersável por seu próprio capanga num filme tão ruim que decretou o fim do Quarteto no cinema por oito anos.

5 - Samurai de Prata (Hal Yamanouchi, Wolverine - Imortal, 2013)


Nos quadrinhos, Kenuichio Harada, o Samurai de Prata é um personagem complexo e honrado, que vive pelo seu clã e, dependendo do momento, pode ser tanto um aliado quanto um antagonista, normalmente no universo dos X-Men, embora tenha surgido originalmente em um gibi do Demolidor.
No filme Wolverine: Imortal, de 2013, o Samurai de prata se transformou num exoesqueleto de adamantium parecido com o vilão de Robocop 2 utilizado por Ichiro Yashida, um velho que, tão grato por Logan ter salvado sua vida durante a Segunda Guerra Mundial, resolve tentar roubar o fator de cura do mutante canadense e viver, ele próprio, pra sempre.
Se nem as facetas tratadas com mais fidelidade em Wolverine: Imortal funcionaram, imagine então essa destrambelhada releitura de um antagonista clássico servindo de muleta à uma trama confusa e sonolenta?


4 - Venom (Topher Grace, Homem-Aranha 3, 2007)


Sam Raimi, um apaixonado pelos quadrinhos clássicos do Homem-Aranha, desprezava o Venom da mesma maneira que a maioria dos fãs da fase clássica do Aranha faz.
Prova disso é que o diretor tentou, de todas as maneiras que pôde, evitar a presença do simbionte alienígena na série de filmes que dirigiu para a Sony ente 2002 e 2007.
Não deu.
O estúdio acabou empurrando o vilão goela abaixo do cineasta que deu um jeito de encaixar o personagem em uma trama inchada com outros dois antagonistas (o Homem Areia e o Duende Macabro).
O resultado não podia ser outro:
Sem espaço para desenvolver dois novos personagens e mais os dramas que já cresciam havia dois filmes o Venom interpretado por Topher Grace foi pouco menos que um acessório, visual e intelectualmente equivocado, abordado de maneira atabalhoada por diretor e intérprete e reduzido a uma quase participação especial no clímax de um filme tão inferior aos predecessores que acabou por sepultar a série.

3 - Sr. Frio (Arnold Schwarzenegger, Batman & Robin, 1997)


Imagine o seguinte:
Um ator que não sabe atuar, usando uma maquiagem de glitter azul, uma armadura de néon, pilotando um veículo que parecia algo entre Mad Max e A Corrida Maluca, roubando diamantes enquanto lutava contra Batman e Robin (George Clooney e Chris O'Donell).
Isso foi Batman e Robin, o filme de Joel Schumacher onde, palavras de George Clooney: ele se juntou com Schwarzenneger para destruir a franquia Batman nos cinemas.
O Governator tinha um visual ridículo, destrinchou a trágica história de Victor e Nora Fries em uma paródia com tom camp de fazer Adam West corar e era incapaz de dizer dois diálogos sem fazer algum trocadilho com gelo de causar vergonha alheia.
Schwarza conseguiu ser a pior coisa em um filme com a Hera Venenosa de Uma Thurman dançando vestida de gorila, o Robin playboy e insuportável de O'Donell pedindo um Batmóvel porque as gatas curtiam e o sorridente e brincalhão Batman de George Clooney que não saía da caverna sem o Bat-cartão de crédito... E ainda há quem não entenda porque todos os nerds fãs do Batman têm uma vela acesa do lado da foto de Christopher Nolan.

2 - Doutor Destino (Julian McMahon, Quarteto Fantástico, 2005, Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, 2007)


Vamos colocar as coisas da seguinte forma para quem não lê quadrinhos:
Se a Marvel fosse o universo Star Wars, Victor Von Doom seria Darth Vader.
O vilão que une habilidades místicas comparáveis às do Doutor Estranho, um gênio científico que rivaliza com o de Reed Richards, Hank Pym e Tony Stark, obstinação pétrea como a do Magneto e frieza psicopata digna do Duende Verde... Que é senhor do seu próprio país, a Latvéria, ao qual rege com as mãos de ferro de sua armadura, um híbrido perfeito de tecnologia e magia arcana e que toca órgão diante dos vitrais do castelo medieval que é seu palácio só podia ser O grande vilão do universo Marvel.
E é por isso que a versão do monarca de origem cigana apresentada em Quarteto Fantástico é tão desgraçadamente brochante quanto um chute nas gônadas.
O empresário inescrupuloso com escamosos trejeitos de galã de quermesse vivido por Julian McMahon não tem nada do garbo pérfido do vilão dos quadrinhos, nem sua majestade megalômana ou seu intelecto afiado.
Seus planos são chatos e óbvios, ele tem super-poderes tão genéricos quanto desnecessários e quando finalmente veste a máscara de Destino, ele parece um cosplay de baixo orçamento interpretado por um ator absolutamente comum.

1 - Lex Luthor (Jesse Eisenberg, Batman v Superman: A Origem da Justiça, 2016)


Reza a lenda que Zack Snyder e sua esposa entrevistaram Eisenberg para o papel de Jimmy Olsen nos estágios iniciais de produção de Batman v Superman. Após a entrevista, Snyder teria dito à patroa: "Esse cara é completamente louco. Não seria o máximo se ele fosse Lex Luthor?".
A resposta óbvia da senhora Snyder deveria ter sido "Não!", "Deus, não!", "Credo, não!" ou alguma coisa nessa linha.
Aparentemente ela não disse nada, e o resultado foi que Eisenberg foi, de fato, a nêmese de Superman no longa.
O resultado, claro, foi o esperado.
Eisenberg simplesmente não tem cancha pra convencer num papel que já foi de Gene Hackman e Kevin Spacey, e o aborda de maneira tão equivocada que até mesmo a interpretação de Michael Rosenbaum em Smallville parece trabalho de Lawrence Olivier na comparação.
Cheio de trejeitos deslocados, com um tom de voz que parece de um figurante de Uma Cilada para Roger Rabbit, com um plano absolutamente canhestro e um visual simplesmente idiota, Eisenberg, sob a batuta desastrada de Snyder conseguiu a proeza de errar de A a Z na construção do personagem, e ser a pior coisa de um filme repleto de problemas narrativos, além de ser, na opinião deste humilde blogueiro, o pior vilão de uma adaptação de quadrinhos para o cinema.

Top 10 Casa do Capita: Os Melhores Vilões de Adaptações de Quadrinhos

Esquadrão Suicida se avizinha, nerdalhada. A superequipe da DC formada pelo pior do pior está logo ali, já diria Fernando Vanucci, e é no clima da Força-Tarefa X de Amanda Waller em sua missão de utilizar a escória do universo DC para algum objetivo mais nobre, que mais um infame top-10 Casa do Capita toma forma.
Na listinha a seguir, vamos elencar os dez vilões que fizeram com mais garbo, maldade e elegância a transição das páginas dos gibis para as telas do cinema e da TV.
À lista:

10 - O Mandarim (Ben Kingsley, Homem de Ferro 3, 2013)


"Tu tá de sacanagem, né? O Mandarim?"
Eu sei, eu sei... No final das contas Trevor Slattery era só uma isca engendrada por Aldrich Killian (Guy Pearce), o verdadeiro antagonista de Homem de Ferro 3... Verdade, mas até o momento em que esse esquema idiota e infeliz era exposto, o Mandarim era um puta vilão!
O personagem que aparecia na TV sob a flâmula dos Dez Anéis era um brilhante amálgama de todos os medos xenófobos norte-americanos com a voz, o vernáculo e a carranca de um Osama Bin Kingsley de meter medo.
Suas declarações televisivas repletas de espetáculo, lições de História e ameaças veladas eram sensacionais e o mero fato de que ele não ser, de fato, o vilão do filme ter estragado a experiência de tanta gente no cinema (eu me incluo aí) já é testemunho do quão acertada era a direção seguida por Kingsley até o absurdo "desvio Slattery" engendrado por Shane Black, e de que mesmo a melhor das ideias pode avacalhar uma trama se for mal aproveitada.

9 - Obadiah Stane (Jeff Bridges, Homem de Ferro, 2008)


Que belo engano, não? O primeiro filme produzido pelos estúdios Marvel apresentou um ótimo vilão, um artigo que se tornou mais e mais raro a cada filme do estúdio da Casa das Ideias...
O Obadiah Stane interpretado por Jeff Bridges no primeiro Homem de Ferro tinha um equilíbrio que a Marvel teria sérias dificuldades de reproduzir dali pra frente. O industrial tinha objetivos e métodos extremamente críveis dentro da realidade proposta no longa, e transitava entre um jeitão camarada e paternal de ser com tanta naturalidade diante de Tony (Robert Downey Jr.) que, ali pela metade do filme, em especial na sequência da pizza, era até uma lástima que ele fosse o malvado do filme.
O jeito bonachão estilo "tio Obi" ser apenas uma máscara para um sujeito vil e desprezível capaz de apunhalar seu pupilo e amigo pelas costas era de cortar o coração, e isso, por si só, já deixava clara a excelência do trabalho de Jeff Bridges na interpretação e do diretor Jon Favreau na condução do personagem.

8 - Lex Luthor (Kevin Spacey, Superman - O Retorno, 2006)


Durante muito tempo, o Lex Luthor definitivo, pra mim, seria uma mistura do personagem vivido por Gene Hackman nos filmes 70/oitentistas estrelados por Christopher Reeve, com o vilão que John Shea interpretou nas primeiras temporadas do seriado Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman.
Era provavelmente porque essa mistura, na minha cabeça, seria basicamente o Luthor da reformulação pós-Crise nas Infinitas Terras de John Byrne, a minha versão favorita do vilão careca.
Quem mais chegou perto dessa minha versão idealizada de Lex Luthor foi Kevin Spacey, que em Superman - O Retorno, interpretou o mesmo personagem de Hackman mas ofereceu-lhe, além da megalomania galhofeira do intérprete original da "Maior Mente Criminosa de Nosso Tempo", uma qualidade sinistra, uma perspicácia psicopata e um impulso homicida que ficavam evidenciados em diversos momentos do longa, como na sequência em que ele explicava o mito de Prometeu, quando falava com Lois Lane (Kate Bosworth) no iate a respeito de seu plano, ou quando apunhalava o Superman (Brandon Routh) com um punhal de Kryptonita.
Ao tornar o Luthor setentista mau de verdade, e lhe dar a inveja que é o cerne do ódio do vilão por Superman, Kevin Spacey ganhou um espaço nessa galeria, e merecia um filme à altura de seu talento.

7 - Duende Verde/Norman Osborn (Willem Dafoe, Homem-Aranha 2002)


Visualmente equivocado, mas magnificamente idealizado por Sam Raimi e interpretado por Willem Dafoe, o vilão do primeiro Homem-Aranha conseguia a proeza de não ser um mero acessório no filme do herói.
Durante os dois primeiros atos de Homem-Aranha, a audiência acompanhava em paralelo as histórias de Peter Parker (Tobey Maguire) e de Norman Osborn, e antevia o momento em que seus caminhos se cruzariam tornando-os nêmeses definitivas.
Se a armadura verde e o capacete estático não eram o melhor dos visuais, Dafoe conseguia, através das aberturas da máscara, mostrar seus olhos de maluco e sua bocarra retorcida num sorriso tenebroso oferecendo seu próprio rosto para avivar a figura sobre o planador.
Se nada disso te convencer da importância de Dafoe, deixa eu te lembrar que ele "foi Gollum" antes do próprio Gollum, na ótima sequência em que, diante do espelho, Norman travava diálogo com a personalidade homicida do Duende.

6 - General Zod (Michael Shannon, O Homem de Aço, 2013)


O Homem de Aço é um filme irregular. Muito de seus problemas está, óbvio, na mão pesada de Zack Snyder, um diretor com sérios problemas para conduzir narrativas, mas que compensa isso com uma ótima noção de visual e excelente coreografia de ação.
Se o longa que, em 2013, recontou o mito do Superman claudicava na superexposição, na onipresença por vezes risível da Lois Lane de Amy Adams e exagerava na apocalíptica luta final, não é menos verdade que tinha lá seus acertos.
Um dos maiores foi a abordagem do General Zod, vilão vivido por Michael Shannon, um dos poucos, senão o único dos vilões da história recente do cinema que tinha uma boa razão para seus planos genocidas de destruição da Terra.
Zod era um militar criado desde a matriz genética para proteger Krypton e garantir a manutenção de sua espécie a qualquer custo, logo, sete bilhões de vidas humanas (e uma kryptoniana, a de Kal-El), pareciam-lhe naturalmente um preço bastante justo a pagar pela reconstrução de seu planeta natal.
O discurso carregado de amargura de Zod após a destruição do Motor Mundo e da incubadora que faria os Kryptonianos que habitariam a Terra era o testemunho de um personagem com um objetivo de verdade, e por isso, mais sua sádica sanha vingativa, Zod ganha um posto aqui.

5 - Bane (Tom Hardy, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, 2012)


O terrorista que "foi expulso de uma gangue de psicopatas" e retornou como seu líder para cumprir o destino de Ra's Al Ghul à frente da Liga das Sombras só não ocupa um lugar mais alto nessa lista porque deixar o homem mais perigoso do mundo numa prisão de onde qualquer um pode fugir se tiver uma vontade pétrea o suficiente é um péssimo plano...
Ainda assim, o vilão interpretado por Tom Hardy no segmento final da trilogia das Trevas de Christopher Nolan merece seu lugar ao sol. Ameaçador física e intelectualmente, a massa de músculos volumosos com uma voz que soava como Sean Connery através de um interfone com chiado era um sinistro e formidável oponente para o cavernoso cavaleiro das trevas de Christian Bale.
A sequência de luta dos dois antagonistas na galeria de esgoto era épica, e a forma como Bane alardeava sua superioridade ao Batman enquanto tratava as habilidades do cruzado encapuzado com rancorosa condescendência ou a maneira imperativa com que ele garantia que o alquebrado Bruce Wayne só morreria quando ele permitisse são apenas dois dos momentos memoráveis do vilão ao longo do filme.
Graças à abordagem de Nolan e ao talento de Hardy, o nanico ator inglês de 1,75 metro não ficava devendo nada em termos de intimidação ao Bat-Bale de quase 1,90, e quando Bane quebrava o maior detetive do mundo, nós não nos sentíamos enganados.

4 - Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio, Demolidor, 2015)


No terceiro episódio da primeira temporada de Demolidor, foi apresentado o Wilson Fisk de Vincent D'Onofrio.
De suas primeiras palavras, dizendo que uma pintura o fazia se sentir sozinho, até sua luta derradeira com o herói de Hell's Kitchen passando por suas explosões de ira e seu modo quase infantil de se comportar nos primeiros encontros com Vanessa (Ayeleth Zurer), D'Onofrio edificou, junto com os roteiristas e diretores da série, um dos mais complexos e humanos vilões de uma adaptação de quadrinhos para qualquer mídia.
O comportamento errático, a forma como, mesmo tranquilo, ele parece à beira de um ataque de fúria que poderá culminar com uma cabeça esmigalhada, a frieza superficial recheada da personalidade de um homem com sérios problemas psicológicos, tudo isso embrulhado na abrutalhada figura de D'Onofrio, com mais de um metro e noventa e cento e trinta generosos quilos de ódio tornaram Wilson Fisk, o Rei do Crime, um personagem incrivelmente rico, humano, palpável e ameaçador capaz de roubar a cena em uma série cheia de personagens interessantes e bem construídos, e lhe garantiu um lugar próximo do topo da lista.

3 - Loki (Tom Hiddleston, Thor, 2011, Os Vingadores 2012, Thor: O Mundo Sombrio, 2013)


Se fosse apenas por popularidade, talento e carisma, Loki certamente poderia estar até mais perto da ponta nessa lista.
O deus nórdico da mentira, afinal de contas, conseguiu a proeza de roubar o filme do loiro, alto, forte e bonito Chris Hemsworth não uma, mas duas vezes, e bater de frente com o dono da festa Robert Downey Jr. em Os Vingadores.
O vilão que surgiu como um adotado cujo complexo de inferioridade ameaçava destruir uma espécie inteira em Thor, evoluiu para um déspota com delírios de domínio global em busca de adoração em Os Vingadores e finalmente se tornou um aliado relutante do irmão bonzinho em Thor: O Mundo Sombrio é interpretado com galhardia ímpar por Tom Hiddleston, um ator cheio de recurso dramático que obviamente se diverte às ganha quando incorpora o vilão.
Maquinador, manipulador, mesquinho e divertidamente cínico, Loki finalmente ascendeu ao trono de Asgard após forjar a própria morte, e eu só posso imaginar que não era o único no cinema torcendo pelo vilão que se estabeleceu com justiça como um dos melhores antagonistas dos "filmes de gibi", e senta em um merecido lugar no pódio.

2 - Magneto (Ian McKellen/Michael Fassbender, série X-Men, 2000 a 2014/2011 a 2016)


A coisa mais importante de Magneto não é a extensão de seus poderes quase divinos, nem sua pétrea determinação ou pungente inteligência.
Não...
A coisa mais importante, e assustadora a respeito de Magneto, é que ele está certo.
Na realidade estabelecida no universo dos X-Men, seja nos quadrinhos, nos desenhos ou na longeva série cinematográfica, o ódio da humanidade pelos mutantes jamais se apaga completamente, e sempre haverá algum episódio capaz de reacendê-lo quando ele eventualmente entra em estado dormente.
Como representante não de uma, mas de duas minorias oprimidas, é perfeitamente natural que Eric Lehnsherr jamais descanse em sua furiosa obstinação de impedir, não importa de quê maneira, que o mesmo destino de seus compatriotas durante a Segunda Guerra Mundial recaia sobre seus irmãos mutantes.
Interpretado com maestria pelos ótimos Ian McKellen e Michael Fassbender, Magneto é ao mesmo tempo uma força irresistível e um objeto inamovível, com uma lógica que não pode ser negada e um lugar reservado no pódio desta lista.

1 - Coringa (Batman - O Cavaleiro das Trevas 2008)


O Coringa sempre teve lugar garantido em qualquer rol de vilões que se dê ao respeito, mas nenhuma encarnação do príncipe palhaço do crime alcançou o patamar da versão trazida à vida por Heath Ledger para o espetacular Batman: O Cavaleiro das Trevas, dirigido por Christopher Nolan.
O assassino caótico que só quer ver o mundo pegar fogo é a antítese definitiva do Batman de Christian Bale, levando o homem-morcego ao seu limite mental ao enredá-lo em uma complexa trama de assassinato e corrupção numa disputa pela alma de Gotham City e de seu mais iluminado campeão.
Heath Ledger criou um retrato icônico e soberbo do personagem ao misturar uma versão modernizada do visual clássico do palhaço, com o terno roxo e a maquiagem facial anárquica, com a tintura branca mal aplicada, o negro ao redor dos olhos e o batom vermelho cobrindo a cicatriz do "sorriso glasgow" combinando-se à uma série de tiques nervosos, uma voz que podia subir ou descer duas oitavas durante um mesmo diálogo, indo de um tom quase amigável e bufão até um rosnado gutural, e um caminhar que, da mesma forma, imitava o modo de um palhaço andar, enquanto os ombros se arqueavam como os de uma hiena.
Agraciado com um Oscar póstumo além de várias outras premiações, e tendo estabelecido um patamar elevadíssimo para um personagem que já tinha cadeira cativa no imaginário nerd, o Coringa de Heath Ledger ganha o merecido posto no lugar mais alto do pódio, e torna a missão de Jared Leto em O Esquadrão Suicida ainda mais indigesta.