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domingo, 7 de fevereiro de 2010

Resenha DVD: Guerra ao Terror


Ontem eu resolvi, finalmente, ceder ao meu lado mais volúvel e, após vários e vários meses olhando o filme na prateleira sem coragem de alugá-lo, resolvi pegar Guerra Ao Terror (The Hurt Locker), filme que desbancou Avatar em duas premiações (SAG e DGA)e assumiu a dianteira na corrida gringa pelo Oscar.
Confesso que peguei o filme com os dois pés atrás. Tenho, de modo geral, restrições á filmes de guerra americanos, afinal, eles têm essa tendência á endeusar á si mesmos na maior parte das vezes (Há exceções, como Soldado Anônimo, por exemplo.), e essa é uma tendência que não me agrada.
De qualquer forma, como estava resolvido á ver o filme, optei por lhe dar uma chance de me surpreender, então, me despi o melhor possível de preconceitos quanto á esse gênero.
Muito bem, visto o filme, posso dizer que, em termos dramáticos, de criação de personagens, Guerra ao Terror é o melhor dos concorrentes ao Oscar que eu assisti.
Ele não tem o espetáculo visual de Avatar, nem o hype de Bastardos Inglórios, ou a ternura franca de UP - Altas Aventuras, mas é o filme com o personagem mais humano que eu assisti.
O Sargento William James de Jeremy Renner (Genial.) chega à Bagdá faltando pouco mais de um mês para sua dispensa. Sua função é, provavelmente uma das mais ingratas no exército: Ele desarma bombas abandonadas em áreas civis.
James é bom no que faz. Mais do que isso. É obstinado. É viciado naquilo. Em princípio podemos, como seus colegas de pelotão, imaginar que ele é um caipira burro e viciado em adrenalina que não liga se vive ou morre, mas conforme a história se desenrola e o conhecemos, vamos percebendo que, de fato, ele é um viciado na guerra, mas na dignidade quase palpável que ela oferece ao homem comum.
A possibilidade de, mesmo em uma guerra sem sentido como a do Iraque, ser um herói, de fazer a diferença através de esforço e de atos deliberados.
Quando James entra em um carro apinhado de explosivos e fuça em todo o veículo procurando pelo sistema que ativa a bomba ele não está apenas satisfazendo sua necessidade de emoção, ele está vencendo um inimigo á quem ele admira, anotando mais uma vitória em seu histórico de batalhas.
Quando o vemos em casa, brincando com o filho, consertando coisas e ajudando nos afazeres domésticos percebemos a falta que lhe faz a perspectiva de grandeza e, por que, não? De identidade.
Sua expressão no corredor do mercado com gôndolas apinhadas de tantos e tantos e tantos cereais de marcas diferentes é a quintessência da sensação de deslocamento naquele mundo frívolo onde ele não é ninguém.
Quando veste o traje protetor que usa para desarmar bombas (O armário da dor), porém, James está em seu ambiente, ele é o líder do pelotão, ele comanda de maneira serena o espetáculo de vida e morte quase diário das paragens desérticas do Iraque.
E, embora eventualmente tome más decisões, e cometa enganos que poderiam resultar em graves consequências, James ainda encontra na guerra satisfação que a vida comum não lhe oferece.
No final das contas, o armário da dor que o personagem deseja evitar é a perspectiva modorrenta da vida civil.

"-Qual a melhor maneira de desarmar uma bomba, sargento?
-Aquela em que não se morre, senhor."

2 comentários:

  1. Assisti a esse filme no fim de semana e realmente achei um ótimo filme e bem merecido as indicações para o Oscar.

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  2. Acabei de ver o filme, gostei do filme, mais não é tudo aquilo não...

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