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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Resenha Cinema: O Voo


Robert Zemeckis talvez seja o diretor com o debute mais promissor do cinemão de sci-fi. Se ele já tinha dirigido I Wanna Hold Your Hand em 78, Carros Usados em 80 e Tudo por Uma Esmeralda em 84, foi em 1985 que ele gravou seu nome pra sempre na mente de toda uma geração ao lançar De Volta Para O Futuro. Zemeckis não pararia por aí. Ele ainda dirigiria Uma Cilada Para Roger Rabitt, as duas sequências de De Volta Para O Futuro, A Morte Lhe Cai Bem, e Forrest Gump - O Contador de Histórias, que lhe rendeu o Oscar de melhor diretor.
Na sequência dirigiu em 1997 o meia boca Contato, com Jodie Foster e Matthew McConaughey, e, em 2000, lançou Revelação, com Michelle Pfeiffer e Harrison Ford, e Náufrago, novamente em parceria com Tom Hanks.
Náufrago, aliás, foi o último filme em live action do diretor, que, a partir de 2004, com o lançamento de O Expresso Polar, sua terceira contribuição com Hanks, passou a fazer filmes unicamente com a tecnologia de animação por captura de performance que ainda daria vida a A Lenda de Beowulf, de 2007, e Os Fantasmas de Scrooge, de 2009.
Apenas agora em fins de 2012 foi que o cineasta retornou a filmes com cenários e atores de verdade diante das câmeras com este O Voo.
Na fita, conhecemos o comandante William "Whip" Whitaker (Denzel Washington), piloto da SouthJet Airlines.
Durante uma viagem rotineira o avião pilotado por Whip apresenta um defeito grave, e a tragédia é iminente. Entretanto, com perícia e sangue frio, o comandante Whitaker impede que todos os passageiros morram, ao realizar uma audaciosa manobra e virar o avião de ponta-cabeça, livrar uma imensa zona residencial da colisão, e conseguindo tempo para realizar um miraculoso pouso forçado em um campo aberto salvando a grande maioria dos passageiros a bordo, tornando-o um autêntico herói.
No entanto, quando começa a investigação das causas do acidente, os testes de sangue do piloto indicam altos níveis de álcool e cocaína em seu sangue, colocando-o na mira das autoridades, e podendo render-lhe até mesmo prisão perpétua.
O Voo, é mais um filme que se equilibra nos ombros de seu ator principal. Denzel Washington não consegue ser o mutante maníaco que Daniel Day-Lewis é, e não se torna outra pessoa para dar vida a Whip. Mas ele certamente sabe como tornar um personagem todo seu. O piloto, alcoólico, cocainômano auto-destrutivo e egocêntrico é um dos melhores trabalhos da carreira do ator, melhor inclusive do que o policial Alonzo de Dia de Treinamento, que lhe rendeu sua segunda estatueta da Academia.
A persona expansiva de Whip Whitaker empalidece todos os personagens ao seu redor(O restante do elenco, com nomes como Kelly Reilly, Don Cheadle, Bruce Greenwood, John Goodman e participações especiais de James Badge Dale e Melissa Leo está bem, mas sem grandes arroubos ou grande relevância para a trama), e faz isso sem alçá-lo à condição de mocinho, nem nem rebaixá-lo ao papel de vilão de sua própria história.
Zemeckis constrói um conto moral de início espetaculoso e repleto de apuro técnico (Toda a sequência da pane do avião até o pouso é excelente) que vai se tornando mais convencional conforme a trama anda e nós vemos que não importa quem orbite ao redor de Whip, a decisão final do que fazer com sua vida, cabe apenas a ele. Isso não chega exatamente a ser um elogio ao roteiro (indicado ao Oscar, por alguma razão que me foge), que torna mesmo personagens que surgem como contrapontos à condição de Whitaker, como a ex-viciada Nicole (Reilly, tremendamente ruiva) meros acessórios que são descartados asem muita cerimônia após darem seu recado, ainda assim, O Voo é um bom retorno para Zemeckis aos filmes live action, e uma boa lembrança a audiência do ator que Denzel Washington pode ser. Assista se tiver chance.

"Ninguém poderia ter pousado aquele avião como eu fiz."

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