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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Resenha Cinema: O Hobbit - A Desolação de Smaug


Diria Tony Stark: É bom estar de volta.
E é mesmo. Voltar à Terra Média de Peter Jackson é sempre uma experiência pra lá de satisfatória. É garantia de diversão, de arrebatamento visual, de entretenimento de altíssima qualidade que não descuida de nenhum detalhezinho por menor que seja.
O Hobbit - Uma Jornada Inesperada foi um filmaço, facilmente um dos melhores de 2012, que foi um ano prenhe de grandes filmes, por uma simples razão:
A dobradinha Tolkien/Jackson.
O escritor britânico, professor de Oxford e o cineasta kiwi nasceram um para o outro.
Se a trilogia O Senhor dos Anéis fosse uma adaptação linha por linha dos livros, seria chata pra cacete (Eu sou fã dos livros, nerd de carteirinha, e acho que coisas como Tom Bombadil simplesmente não deviam existir), por outro lado, Peter Jackson já deixou claro que sem Tolkien como base, seu cinema não é a mesma coisa (que o digam King Kong e Um Olhar do Paraíso). Mas quando as palavras de Tolkien encontram o olhar de Jackson (e suas parceiras, Fran Walsh e Phillipa Boyens), maravilhas acontecem.
Maravilhas como A Desolação de Smaug.
A trama dá sequência aos fatos narrados em Uma Jornada Inesperada.
A companhia de anões de Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage), acompanhada pelo Hobbit gatuno Bilbo (Martin Freeman) e o mago cinzento Gandalf (Ian McKellen) segue seu caminho rumo à montanha solitária para reaver o reino de Erebor e seu tesouro usurpado pelo tenebroso dragão Smaug.
Em seu encalço está o orc Azog, o profanador (Manu Bennett), e sua corja de orcs matadores sedentos de sangue de anão, à sua frente, o mundo.
No caminho para seu destino, os heróis encontram estranhos como o troca-peles Beorn (mikael Persbrandt), precisam cruzar a Floresta das Trevas do rei Thranduil (Lee Pace), infestada de aranhas gigantes, o príncipe Legolas (Orlando Bloom) e a capitã da guarda, Taüriel (Evageline Lilly), o barqueiro Bard (Luke Evans), alguns são aliados, outros inimigos, alguns, não são uma coisa e nem a outra, mas a companhia precisa lidar com isso, e sem o seu mago, pois Gandalf parte com Radagast, o castanho (Sylvester McCoy) rumo a Dol-Guldur, onde um mal antigo parece se preparar para uma batalha. Tudo isso para ter a chance de estar na porta de Durin à última luz do outono, e ter a chance de retomar o reino sob a montanha das garras do dragão.
Espetacular.
Espetacular, espetacular, espetacular...
A Desolação de Smaug não tem a leveza de Uma Jornada Inesperada, também não é uma adaptação fiel com algumas liberdades criativas aqui e ali como fora seu antecessor.
Na verdade, comparado com o livro, há imeeeeeensas liberdades criativas em A Desolação... Da presença de Legolas e Taüriel (uma mistura de Arwen com Éowin, uma elfa guerreira cheia de atitude e opiniões e que não tem medo de pancadaria) que nem sequer existe nos livros, à importância dada ao Mestre da Cidade do Lago (Stephen Fry), passando pela trama paralela com Gandalf, separado da companhia de Thorin, são muitos os desvios de rota que Jackson e sua equipe (que ainda inclui Guillermo Del Toro, que participou do roteiro da adaptação) fazem com relação à obra original para tornar o filme um produto mais fantástico e vistoso.
Mas nada tema, a grande questão é que:
Funciona.
As liberdades criativas da produção somadas à mudança de tom da história, que ganha gravidade e urgência em detrimento do humor conforme Bilbo começa a sofrer a influência do Um Anel, Thorin passa a ser acometido pela doença do ouro que vitimou seu avô, e mesmo os elfos mostram facetas menos nobres do que estávamos habituados a ver no universo do filme, apenas tornam A Desolação de Smaug maior e melhor.
As sequências de ação são espetaculosas, e apenas aquela dos barris descendo o rio com anões, elfos, hobbits e orcs se engalfinhando já valeriam dois ingressos e justificariam a presença de Legolas no filme. Não bastasse isso, ainda há a ótima sequência com as aranhas gigantes (e uma boa sacada do roteiro pra justificar as bestas perversas falantes do livro), a tensa incursão de Gandalf em Dol-Guldur, e, claro, Smaug, fazendo justiça ao título de O Magnífico.
O maior e mais fantástico dragão a mostrar suas escamas, dentes e asas na história do cinema, a besta reptiliana dublada (e interpretada com a mesma tecnologia que deu vida a Gollum) pelo ótimo Benedict Cumberbatch, surge cheio de escárnio e ódio na tela, tão viva e real que chega a ser irritante.
A tecnologia dos 48 quadros por segundo já não faz mais estranhar, e novamente deixa os efeitos visuais ridiculamente verossímeis, o 3-D é bem utilizado, discreto e bonito, a trilha sonora é aquela beleza a que Howard Shore nos acostumou, e as interpretações são ótimas, com o show habitual de McKellen, mais a ternura bruta de Ken Stott como Balin (o avô que todo mundo queria ter), a estoicidade de Thorin, e a naturalidade de Freeman, que o torna um estranho no ninho completamente crível e simpático em meio à gravidade sagaz dos demais personagens.
Em suma, O Hobbit - A Desolação de Smaug é a quintessência da aventura de matiné, anabolizada por coração e tecnologia e, desde já, um dos melhores do ano.
Obrigatório.

"-Se realmente houver um dragão vivo lá embaixo...
-Sim?
-Tente não acordá-lo."

3 comentários:

  1. Não sou completamente purista a ponto de rejeitar todas as alterações realizadas por Jackson, mas a meu ver, algumas delas não funcionam como deveriam. Dois exemplos de que me lembro agora:

    1) Azog já está caçando os anões há algum tempo, e parece ansioso pela cabeça de Thorin, mas decide não atacá-los na casa de Beorn porque a "fera está de guarda"? Que grande ameaça o grande urso poderia oferecer a um grande grupo de orcs e wargs, se o próprio filme estabelece que eles já escravizaram Beorn e até mataram toda a sua família?

    2)No livro, Smaug tem uma grande justificativa para atacar a Cidade do Lago: ele tenta assar os anões e Bilbo, mas como estes se encontram numa caverna que ele não consegue alcançar, o dragão decide atacar quem está indefeso e certamente ajudou seus inimigos diminutos. No filme, essa justificativa cai por terra. Por que Smaug decidiria dar às costas aos anões, deixando-os com todo o "seu" ouro para atacar os homens de Esgaroth? Pelo menos Thorin e Bilbo estão bem na frente do dragão quando ele decide descontar a raiva no povo do lago. Não me parece fazer sentido que Smaug, o dragão ganancioso que não sai da montanha há sessenta anos, deixaria os invadores ficarem na "sua" casa e com seu tesouro enquanto vai atacar quem está longe. Não se eles estão bem ao seu alcance, como é o caso do filme.

    Apesar desses problemas, curti quase todo o resto do filme. A presença de Tauriel (Evangeline Lilly sempre fofa) e Legolas foram ótimas novidades.

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  2. Pois é, rapaz. Falei disso com um amigo meu. O lance do Azog não querer encarar o Beorn eu até entendo. O grupo de orcs do profanador não me inspira confiança nenhuma, e se tomou um laço federal do Legolas e da Taurïel, imagina daquele urso anabolizado...
    Mas o lance do Smaug realmente não faz sentido, a menos que se pense que ele percebeu que Thorin, Bilbo e companhia não eram uma ameaça a considerar, e resolveu atormentá-los destruindo Lago antes de efetivamente matá-los...
    Mas isso é mera especulação.

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  3. Como falei, o lance do Beorn eu só entenderia se apenas alegassem que ele é muito poderoso, mas o filme estabelece que ele já foi escravo dos caras e teve toda a família de troca-peles torturada e morta. Não parece grande ameaça para Azog.
    Mas enfim, tirando esses detalhes que deixam motivações meio turvas, acho que o filme funciona muito bem na diversão e incrível contraste visual (e sonoro) nos diferentes lugares que a Companhia visita. Curti bem mais que o primeiro, que pra mim tem um ritmo bem lento.

    P.S.: Relendo agora meu primeiro comentário, vi repetições terríveis de palavras numa mesma oração, e alguns erros de gramática. Tive preguiça de revisar na hora de enviar. Haha.

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