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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Resenha DVD: Sem Dor, Sem Ganho


À certa altura de Sem Dor, Sem Ganho, um aviso surge na tela congelada, alertando ao espectador que aquela continua sendo uma história verídica.
Isso por si só, dá uma ideia do tipo de absurdo que o longa metragem de Michael Bay ilustra nas telas ao contar a história (real, lembre-se) de Daniel Lugo (Mark Wahlberg), um fisiculturista, personal trainer e trambiqueiro que após assistir à uma palestra motivacional de Johnny Wu (Ken Jeong), resolve que é um realizador que precisa apenas tomar a iniciativa para que o universo provenha o sucesso em suas empreitadas.
A empreitada, no caso, envolve a ideia "jeniau" de Lugo, de sequestrar um ricaço, e torturá-lo até que ele concorde em abrir mão de todos os seus bens em benefício de seu algoz.
Embora seja um realizador, Lugo não conseguiria realizar a sua visão sem ajuda. É onde entram em cena Adrian Doorbal (Anthony Mackie), um halterofilista que sofre de disfunção erétil após anos de abuso de substâncias anabólicas que precisa de dinheiro para pagar seu tratamento, e Paul Doyle (Dwayne The Rock Johnson), um ex-presidiário, ex-viciado em drogas, ex-alcoólatra convertido ao cristianismo na penitenciária e que está com dificuldades para conseguir emprego.
O alvo desse "dream team" do crime é Victor Kershaw (Tony Shalhoub), um rico homem de negócios, aluno de Lugo na academia e uma pessoa abjeta de quem ninguém sentiria a menor falta se desaparecesse.
Com uma equipe, um alvo, um plano e o universo conspirando a seu favor, não havia como a ideia de Lugo dar errado, não fosse um único problema:
A completa imbecilidade dos envolvidos no crime.
É até estranho ver um filme assinado por Michael Bay sem explosões a cada dez minutos, nem chuvas de asteroides destruindo Manhattan , ou robôs gigantes se digladiando em rodovias que parecem feitas de lego (E com um orçamento com menos de nove dígitos.). Ainda assim, as marcas registradas do diretor estão lá. A fotografia dourada de final de tarde, a câmera girando ao redor dos personagens, e, claro, a edição meio histérica, por vezes fazendo lembrar o finado Tony Scott.
Essas marcas, somadas às principais virtudes do diretor acabam simplesmente casando com a história dos fortões imbecis. Mais contido que o de hábito, talvez até pelo orçamento apertado, de "apenas" 26 milhões de dólares, a tendência ao mau-gosto de Bay encontra lastro em Miami, o ambiente ideal para desabrochar, no roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely, que acertam a mão ao tratar a série de crimes com alguma leveza (Ao menos no primeiro ato do filme e em boa parte do segundo), e nas interpretações do trio de protagonistas. Tudo isso somado ajuda Sem Dor, Sem Ganho a ser um programa bastante palatável.
O elenco, aliás, merece nota.
Mark Wahlberg, que encontrou seu nicho nas comédias, interpreta um Daniel Lugo surtado, completamente imbecil, mentiroso compulsivo e que acredita ser dono de uma "inteligência superior", Anthony Mackie está muito bem como o marombeiro impotente que curte uma gordinha, e The Rock rouba a cena como Paul Doyle, cheio de oscilações de humor e com o carisma que todo mundo se acostumou a ver no grandalhão.
Tony Shalhoub está ótimo. Seu personagem é repleto de dimensões, extremamente antipático e manipulador desafiando a audiência a vê-lo como a vítima que é.
Há ainda Ed Harris, fazendo o tipo durão tradicional, o detetive Ed DuBois, além de Rob Corddry, como o chefe e cúmplice de Lugo, John Mese, Rebel Wilson, como a enfermeira Robin Peck, Peter Stormare como o doutor Bjornson, e a deliciosa Bar Paly como a stripper Sorina Luminita, além de mais alguns nomes reconhecíveis.
Em suma, Sem Dor, Sem Ganho é um bom filme, uma comédia de erros sobre três idiotas tentando roubar o sonho americano.
Vale a locação.

"Meu nome é Daniel Lugo, e eu acredito em malhação. Tudo isso começou porque era hora de eu me esforçar mais, de outra forma, me aguardavam mais quarenta anos usando calças de abrigo pra trabalhar."

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